11 de maio de 2012

NOVA MÚSICA DE GABRIEL O PENSADOR RESPONDE A CRÍTICAS SOBRE SEU CACHÊ - Thais Pimentel

Ele iria receber R$ 170 mil para participar da 7ª Feira do Livro de Bento Gonçalves

Depois da polêmica envolvendo o cachê de R$ 170 mil para participar da 7ª Feira do Livro de Bento Gonçalves, Gabriel O Pensador fez uma canção sobre o tema. Linhas Tortas responde às críticas em tom de desabafo.

O valor incomodou tanto que o escritor Fabrício Carpinejar desistiu de participar do encontro. Por causa do mal estar, o músico resolveu cancelar o show de encerramento e a entrega de dois mil livros para a biblioteca da cidade

Ele divulgou uma carta em seu site oficial, explicando sua situação."O meu pagamento, além da honra de ser escolhido patrono da feira, seria estritamente a receita liquida da venda de livros pela editora (tirando impressão e transporte de livros e outros custos) mais o cache liquido do show, a ser fatiado com empresaria, banda e equipe". Mas segundo o Ministério Público, o custo não seria compatível com os gastos totais da feira, que somam R$220 mil. Por causa disso, a Justiça gaúcha cancelou o contrato da prefeitura com o músico.

Em seu perfil no twitter, Carpinejar ironizou: "Quem precisa se elogiar está desesperado."

A 7ª Feira do Livro de Bento Gonçalves começou na última quarta-feira e vai até o dia 20 de maio.


Leia a letra da música:

Alguns às vezes me tiram o sono, mas não me tiram o sonho
Por isso eu amo e declamo, por isso eu canto e componho
Não sou o dono do mundo, mas sou um filho do dono
Do verdadeiro Patrão, do verdadeiro Patrono

- E aí, Gabriel, desistiu do cachê?
- Cancelei um trabalho aí pra não me aborrecer.
- Explica isso melhor, o que foi que você fez?
- Tá tudo bem, eu explico pra vocês:
Tudo começou na aula de português
Eu tinha uns cinco anos, ou talvez uns seis
Comecei a escrever, aprendi a ortografia
Depois as redações, para a nossa alegria
Professora dava tema-livre, eu demorava
Pra escolher um tema, mas depois eu viajava
E nessas viagens, os personagens surgiam
Pensavam, sentiam, choravam, sorriam
Aí a minha tia-avó, veja só você
Me deu de aniversário uma máquina de escrever
Eu me senti um baita jornalista, tchê
Que nem a minha mãe, que trabalhava na TV
Depois, já aos quinze, mas com muita timidez
Fiquei muito sem graça com o que a professora fez
Ela pegou meu texto e leu pra turma inteira ouvir
Até fiquei feliz mas com vontade de fugir
Então eu descobri que já nasci com esse problema
Eu gosto de escrever, eu gosto de escrever, crer ver
Ver, crer, eu gosto de escrever e escrevo até até poema

Meu Pai, eu confesso, eu faço prosa e verso
Na feira eu vendo livro, no show eu vendo ingresso
Na loja eu vendo disco, já vendi mais de um milhão
Se isso for um crime, quero ir logo pra prisão

- Ih, pensador, isso é grave, hein!
É, vovó dizia que eu já escrevia bem
Tentei me controlar, me ocupar com um esporte
Surf, futebol, mas não era o meu forte
Um dia eu fiz uns raps e achei que tava bom
Me batizei de Pensador e quis fazer um som
Ficar famoso e rico nunca foi minha meta
Minha mãe já era isso, eu só queria ser poeta
Meu pai, um homem sério, um gaúcho de POA
Formado em medicina, não podia acreditar
Ao ver o seu garoto Gabriel
Com um fone nos ouvidos viajando com a caneta no papel
- O que você tá fazendo? Vai dormir, moleque!
- Ah, pai, peraí, eu só tô fazendo um rap!
Ninguém sabia bem o que era, mas eu tava viciado naquilo
E viciei uma galera!

Meu Pai, eu confesso, eu faço prosa e verso
Na feira eu vendo livro, no show eu vendo ingresso
Na loja eu vendo disco, já vendi mais de um milhão
Se isso for um crime, quero ir logo pra prisão

Não tô vendendo crack, não tô vendendo pó
Não tô vendendo fumo, não tô vendendo cola
Mas muitos me disseram que o que eu faço é viciante
E vicia os estudantes quando eu entro nas escolas
Até os professores às vezes se contaminam
Copiam minhas letras e textos e disseminam
Sementes do que eu faço, já não sei se é bom ou mau
Mas sei que muito aluno começa a fazer igual
Escrevendo poemas, escrevendo redações
Fazendo até uns raps e umas apresentações
Me lembro dos meus filhos e a saudade é cruel
Solidão me acompanha de hotel em hotel
Casamento acabou, eu perdi na estrada
O amor que ainda tenho é o amor da palavra
É falar e cantar, despertar consciências
Dediquei a vida a isso e maior recompensa
É servir de referência pra quem pensa parecido
Pra quem tenta se expressar e nunca é ouvido
É olhar pra minha frente e enxergar um mar de gente
E mergulhar no fundo dos seus corações e mentes
É esse o meu mergulho, não é o do Tio Patinhas
É esse o meu orgulho, escrever as minhas linhas
Eu escrevo em linhas tortas, inspirado por alguém
Que me deu uma missão que eu tento cumprir bem
Escuto os corações, como um cardiologista
Traduzo o que eles dizem como faz qualquer artista
Que ganha o seu cachê, que é fruto do trabalho
De cigarra e de formiga, e eu não sei o quanto eu valho
Mas eu sei que quando eu ganho, divido e multiplico
E quanto mais eu vou dividindo, mais fico rico
Rico da riqueza verdadeira que é de graça
Como um só sorriso que ilumina toda a praça
Sorriso emocionado de um senhor experiente
Em pé há duas horas debaixo do sol quente
Ouvindo os meus poemas em total sintonia
Eu sou ele amanhã, e hoje é só poesia.


Extraído do sítio Portal Uai

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