31 de março de 2012

CÁLICE - Chico Buarque



Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor e engolir a labuta?
Mesmo calada a boca resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

De muito gorda a porca já não anda (Cálice!)
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, Pai, abrir a porta (Cálice!)
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Talvez o mundo não seja pequeno (Cale-se!)
Nem seja a vida um fato consumado (Cale-se!)
Quero inventar o meu próprio pecado (Cale-se!)
Quero morrer do meu próprio veneno (Pai! Cale-se!)
Quero perder de vez tua cabeça! (Cale-se!)
Minha cabeça perder teu juízo. (Cale-se!)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cale-se!)
Me embriagar até que alguém me esqueça (Cale-se!)


Extraído do sítio Letras.com.br

30 de março de 2012

A TRADIÇÃO VIVA DA LITERATURA DE CORDEL - José Carlos Ruy

É lançada, em São Paulo, a Antologia do Cordel Brasileiro, organizada por Marco Haurélio, com autores de todas as gerações de cordelistas.

A literatura de cordel, herança ibérica que vem da Idade Média e mantida viva na cultura popular do Nordeste, vai bem, obrigado!

Há quem pense que o cordel á uma forma de arte confinada ao sertão do Nordeste e hoje superada, perdida em décadas passadas, não sabem do que falam e precisam se atualizar. O cordel está vivo, tem inúmeros escritores populares que se exprimem nesta forma que faz parte do imaginário popular brasileiro, e são representados pela Academia Brasileira de Literatura de Cordel, fundada em 1988 e sediada no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro.

Para quem não conhece, e também para quem conhece e quer reciclar, a Global Editora acaba de lançar o livro Antologia do Cordel Brasileiro, organizado pelo poeta popular baiano, professor, folclorista e editor Marco Haurélio, cujo nome se destaca na literatura de cordel contemporânea.

A Antologia do Cordel Brasileiro é apresentada como um passeio pelo que de melhor foi – e é – feito por grandes cordelistas brasileiros é o que se oferece neste livro. Seu “prefácio” é um clássico – “O Soldado Jogador” – de Leandro Gomes de Barros (1865-1918), considerado por muitos como pioneiro do cordel e uma espécie de “Machado de Assis” do gênero. E cujos primeiros versos dizem:

O Soldado Jogador

Era um soldado francês
Que se chamava Ricarte
Jogador de profissão
E nunca foi numa parte
Que não trouxesse no bolso
O resultado da arte.

Os franceses nesse tempo
Tinham por obrigação
O militar ou civil
Seguir religião
O Papa deitava a lei
Botava em circulação.

Ricarte, soldado velho
Com trinta anos de tarimba
Aonde ele achava jogo
De lasquinê ou marimba
Dizia logo: – Eu vou ver 
Água na minha cacimba!

Um dia faltou-lhe o soldo
Pôs-se Ricarte a pensar 
Onde podia haver jogo
Que ele pudesse jogar 
Era Domingo e a missa 
Não havia de tardar.

Dinheiro não tinha um “xis”
A crédito ele nem falava,
Pois o soldado francês 
Na taberna onde comprava
Só pegava no objeto
Porém depois que pagava.

Trocou entrada da missa
Veio o sargento chamá-lo
Ricarte ainda pediu
Para ele dispensá-lo
Porém o sargento disse: 
- Sou obrigado a mandá-lo!

Ricarte foi para a missa
Com grande constrangimento,
Era obrigado a cumprir 
A lei do seu regimento
Mas não podia afastar 
O jogo do pensamento.

E por aí vai! Os textos da antologia são apresentados de maneira a deixar claro como a literatura de cordel no Brasil está apurada, desenvolvida… e viva! Eles são assinados por cordelistas de diferentes gerações, dos antigos aos contemporâneos, ilustrados com xilogravuras de Erivaldo, um nome representativo dessa arte, autor de mais de uma centena de ilustrações em livros e folhetos de cordel.

Lá estão obras de José Pacheco, Manoel D’Almeida Filho, Antônio Teodoro dos Santos, Francisco Sales Arêda e Manoel Pereira Sobrinho e autores da atual geração, como Pedro Monteiro, Rouxinol do Rinaré, Arievaldo Viana, Evaristo Geraldo da Silva e Klévisson Viana, entre outros.

Como diz Marco Haurélio, esta é a primeira coletânea que apresenta autores de todas as gerações. “Os poetas contemporâneos”, diz ele, “em especial, quase sempre são deixados de lado pelos estudiosos, que se embaraçam na busca pelas origens do cordel, ou se perdem no labirinto de obviedades dos que confundem este gênero com a poesia matuta ou com o canto improvisado dos repentistas”.

Antologia do Cordel Brasileiro - Marco Haurélio (organizador) - São Paulo -  Global Editora

(*) Com informações da Global Editora

Extraído do sítio Correio do Brasil

MILLÔR EM PRETO E BRANCO - Urariano Mota

Ora, se na mesma semana em que parte Chico Anysio se disse que Chico era melhor que Chaplin, o que dizer de um humorista da palavra? No mínimo, que melhorou Shakespeare nas traduções em português, ou que era um Bernard Shaw, além de gênio inexcedível no desenho em todo o mundo.

Manifestações assim de exagero não comportam estranheza em quem lê o obituário. Apenas cabe, em quem as lê, a surpresa de que artista desse valor não tenha sido notado em vida com tais magnificências. Se os sobreviventes não exageram agora, foram relapsos, mesquinhos e insensíveis antes. Mas esse não é o ponto, que procurarei destacar. Como uma lembrança distante dos famosos retratos 3 x 4 de Millôr, tentarei esboçar algo em preto e branco da sua pessoa, no espaço estreito de duas páginas.

É chover no molhado falar de suas qualidades como escritor, dono de humor moderno e de vanguarda, gênio no desenho e nas mais diversas criações. Se estivesse vivo, ele diria: “sim, mas fale ainda assim, chover no molhado tem lá sua graça”. Aquilo que se disse de Chico Anysio, que era homem de mais de 200 personagens, porque fazia mais de 200 caricaturas, de Millôr pode ser dito que era mais de 200 criadores, sem apoio da muleta da maquiagem. Ele era tão bom nos textos para sorrir quanto melhor nos sérios, como no retrato de Sérgio Porto e nas frases sobre a sua infância dickensiana. Esse chover no molhado, é fato, ainda não recebeu a consagração das academias, talvez como uma resposta delas à antipatia de Millôr pelos estudos acadêmicos.

De passagem anoto que a mitificação em vida de Millôr não se deu por falta de esforços próprios. Em trecho de sua autobiografia escreveu: “1943 - Começam os anos gloriosos da revista 'O Cruzeiro', que um grupo de meninos levaria dos estagnados 11.000 exemplares tradicionais a 750.000”. E um dos meninos era ele. Isso foi repetido nos obituários da televisão, mas é mais falso que nota de milhão de cruzeiros. Millôr estava em O Cruzeiro na época, mas é tão responsável pelo sucesso da revista quanto um relógio é responsável pela hora da passagem do trem. Notem: a sua página, O Pif-Paf, em O Cruzeiro, não conseguia grande leitura porque a popularidade sempre rejeitou a vanguarda. O que era bem diferente do maior sucesso de humor entre o povo até hoje, em todo o Brasil: O Amigo da Onça, de Péricles Maranhão. Péricles, mais a dupla David Nasser-Jean Manzon, repórteres desonestos e sensacionalistas ao extremo, é que foram os responsáveis pelo sucesso de O Cruzeiro. 

E agora, alcançamos o ponto mais sério. Com o tempo, o que era graça se tornou azedume, ou gracinha para os amigos reacionários bem postos. Sobre o Barão de Itararé, o primeiro humorista moderno do Brasil, na entrevista ao Roda Viva Millôr declarou: 

“Agora, querer fazer com que eu engula o Barão de Itararé porque está engolido há 50 anos, é um idiota. A moça quer saber, é um idiota. Faz uns trocadilhos bons, meia dúzia de trocadilhos imbecis...”. 

E mais, sobre Lula, em outra oportunidade: “É evidente que a ignorância lhe subiu à cabeça, não tem dúvida nenhuma. Porque de repente ele começou a se sentir culto, falar sobre tudo.”. Socialismo: “A ideia do socialismo é incrível, mas está fadada a não dar certo. Porque o ser humano não é isso. Ele é capitalista na essência”. E esta pérola sobre o feminismo: “O melhor movimento feminino ainda é o dos quadris”.

É uma particular tragédia que homens brilhantes, criadores na maturidade, se tornem primeiro uma caricatura do próprio gênio. Que respondam ao mercado com uma transformação da originalidade em uma fórmula consagrada pela fama. Já vimos esse filme em Gabriel García Márquez, por exemplo. No caso de Millôr, ou de Gilberto Freyre, entre outros, mais adiante passam da caricatura à negação de si mesmos, como num lento apagar de luzes da velhice, em fade-out. Para nossa felicidade, resta a obra, o fogo da rebeldia dos melhores anos. Em Millôr há de sobreviver o prosador das Fábulas Fabulosas, de A história do paraíso, do revolucionário O Pif-Paf. E de modo mais claro, o frasista, que profetizou:

“A ocasião em que a inteligência do homem mais cresce, sua bondade alcança limites insuspeitados e seu caráter uma pureza inimaginável é nas primeiras 24 horas depois da sua morte”.

* Urariano Mota é jornalista e colaborador do Vermelho.

Extraído do sítio Portal Vermelho

GURU DO MÉIER SABIA ESCANCARAR INJUSTIÇAS E PRECONCEITOS SEM REFORÇÁ-LOS - Antonio Prata



Na primeira Flip, em 2003, perguntaram a Millôr se a onda do politicamente correto não iria acabar com a graça do mundo, uma vez que o humor era sempre "contra algo". "Será que tem mesmo que ser contra?", respondeu o escritor. "Olha só essa frase: 'Millôr Fernandes: livre como um táxi'. É contra o que, os táxis?".

Risos no auditório, uma cotovelada no senso comum e uma lição que me volta à cabeça toda vez que vejo um desses novos comediantes escondendo-se atrás do crachá de humorista para exibir seus preconceitos mais primários.

É preciso reler Millôr. Não porque evitasse os temas delicados, mas pelo contrário: por ter sabido manipular os espinhos de cada época sem furar os dedos nem tampouco fazer com eles coroas para os cristos da vez.



Em 1970, publicou em "O Pasquim" "O Bolão do Século", levando -literalmente- na esportiva os conflitos que acirravam-se.

POBRES x RICOS: "O jogo, como sempre, é no campo do Rico, onde os pobres jogam ainda pior. Vitória do Rico, na certa"; PRETOS x BRANCOS, "Sou pela vitória dos Pretos, a não ser que aconteça um inesperado -o campo ser invadido por amarelos. Neste caso, os dois times aceitariam um empate"; MONOGAMIA x SEXO GRUPAL, "Apesar da minha predileção pelo Sexo Grupal (desde que, naturalmente, eu entre com o sexo e alguém entre com o grupal), acho que o Monogamia vai ganhar". 

Classista? Racista? Machista? Não. A graça está em escancarar as injustiças e preconceitos, não em reforçá-los. Eis o poder do verdadeiro humor que poucos, como Mark Twain, Woody Allen e Millôr Fernandes, souberam fazer: nos irmanar na fraqueza, deixar-nos quites uns com os outros e com a vida. 

O Humor com agá maiúsculo não está aí para massacrar ninguém: sempre termina em empate. Assim como o sexo e -por que não?- o frescobol, que jamais saberemos se é mesmo uma invenção do guru do Méier ou apenas mais uma de suas grandes piadas.

Extraído do sítio Contexto Livre

CONVITE - Lya Luft


Não sou a areia
onde se desenha um par de asas
ou grades diante de uma janela.
Não sou apenas a pedra que rola
nas marés do mundo,
em cada praia renascendo outra.
Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou construção e desmoronamento,
servo e senhor, e sou
mistério

A quatro mãos escrevemos este roteiro
para o palco de meu tempo:
o meu destino e eu.
Nem sempre estamos afinados,
nem sempre nos levamos
a sério.

Do livro "Perdas & Ganhos", Editora Record - Rio de Janeiro, 2003, pág. 12.

Extraído do sítio Releituras

ROMANCES DE MACHADO DE ASSIS EM HIPERTEXTO


Está no ar mais um romance de Machado de Assis como hipertexto: Memorial de Aires, com links explicativos de todas as citações e alusões histórico-literárias, assim como das referências a lugares, casas comerciais, festas populares etc. Trata-se do último romance escrito e publicado por Machado de Assis, poucos meses antes de sua morte, em 1908.

É o nono romance de Machado de Assis disponibilizado no site, onde se pode acessar também um banco de dados com as citações e alusões presentes nos contos e romances do autor e Machado de Assis em linha, revista eletrônica de estudos machadianos. O texto foi cuidadosamente preparado, em cotejo com as primeiras edições, constantes do acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa, e com várias edições posteriores, como a da Comissão Machado de Assis e a de Adriano da Gama Kury, esta última publicada em 1988, em coedição Garnier-Casa de Rui Barbosa. 

O link Romances em hipertexto, está hospedado no site MachadodeAssis.net. Aí se pretende disponibilizar todos os romances de Machado de Assis com links para as referências neles identificadas, o usuário encontrará também a edição dos romances Ressurreição, A mão e a luva, HelenaIaiá Garcia, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro e Esaú e Jacó. Em breve terá início o projeto, também apoiado pelo CNPq. da edição dos contos de Machado de Assis em hipertexto. 

Na edição, preparada com o cuidado necessário para torná-la fidedigna, o leitor poderá não apenas desfrutar o romance em si, mas também achar, nas notas em forma de links, explicações sobre todas as citações e alusões do texto: tanto as de natureza simbólica (autores, obras de arte, personagens, fatos históricos referidos por Machado de Assis), como as menções a lugares e instituições não-ficcionais (bairros e ruas da cidade do Rio de Janeiro, lojas, teatros, cafés que as personagens machadianas frequentam).

Este site é parte de um projeto de pesquisa desenvolvido na Fundação Casa de Rui Barbosa, com o apoio do CNPq e da FAPERJ.

Extraído do sítio da Fundação Casa de Rui Barbosa

BOITEMPO E CARTA MAIOR LANÇAM "OCCUPY - MOVIMENTOS DE PROTESTO QUE TOMARAM AS RUAS"



A memória coletiva marcará 2011 como o ano em que as pessoas tomaram as ruas de diversos países em uma onda de mobilizações e protestos sociais: um fenômeno que começou no norte da África, derrubando ditaduras na Tunísia, no Egito, na Líbia e no Iêmen; estendeu-se à Europa, com ocupações e greves na Espanha e Grécia e revolta nos subúrbios de Londres; eclodiu no Chile e ocupou Wall Street, nos EUA, alcançando no final do ano até mesmo a Rússia. Das praças ocupadas por acampamentos às marchas de protesto nas avenidas das principais metrópoles, emergiu uma consciência de solidariedade mútua que resultou em toda sorte de material multimídia sobre o movimento na internet, amplamente compartilhado nas redes sociais.

Inspirada por essa campanha colaborativa, a Boitempo lança, em parceria com a Carta Maior, a coletânea Occupy – movimentos de protesto que tomaram as ruas, a qual reúne artigos de pensadores críticos deste novo momento da política global em que a voz das ruas passa a ocupar o cenário. O livro será vendido a preço de custo, graças à colaboração dos autores e ilustradores, que cederam os direitos autorais para tornar a obra mais acessível e condizente com a proposta do movimento.

Imbuídos não só da lucidez da crítica, mas também da esperança e da paixão pelo engajamento, os textos apresentam alguns consensos, como a certeza do declínio geral do capitalismo; a percepção de uma nova solidariedade social; e a análise da ausência, até o momento, de uma definição estratégica dos movimentos de ocupação.

Apesar de Tariq Ali dizer que saber contra quem se luta é um importante começo, Slavoj Žižek é bem categórico ao afirmar que não basta saber o que não se quer, é preciso saber o que se quer. O povo, de acordo com ele, sempre tem a resposta, o problema é não saber a pergunta.

A identificação da desigualdade social, da riqueza e do poder de 1% da população mundial contra os 99% já está clara de acordo com João Alexandre Peschanski. Giovanni Alves acredita que é essencial um programa coerente para a formação de um novo movimento de organização de classe que junte o proletariado e o precariado, mas a conclusão de Vladimir Safatle sobre o programa reformista e regulacionista do capitalismo é categórica e controversa: “a época em que nos mobilizávamos tendo em vista a estrutura partidária acabou”.

No hemisfério norte, Immanuel Wallerstein e Mike Davis comemoram 2011 como um bom ano para a esquerda, enquanto David Harvey defende a importância da união dos corpos no espaço público. Com foco no Oriente Médio, Emir Sader analisa a Primavera Árabe, em que a necessidade de organizações políticas é ainda maior dada a presença dos movimentos fundamentalistas e de uma interferência militar direta da OTAN e dos EUA.

O caso brasileiro, abordado no texto de Edson Teles, ainda não teve movimentos da mesma magnitude que os de outros países, mas possui a peculiaridade de mobilizar setores da juventude e de excluídos sociais. Tais grupos foram alvo, em 2011, de uma sistemática repressão policial, desde as marchas da maconha em São Paulo e a entrada de tropas de choque na USP até a expulsão dos moradores do Pinheirinho e os projetos higienistas no centro das capitais.

A extrema-direita, que revelou em 2011 a sua face mais explícita, no massacre na Noruega, também cresce. A troika (União Europeia, FMI e Banco Europeu) dita ordens de mais austeridade e todos os governos as seguem. Ao que tudo indica, o duro inverno do hemisfério norte será seguido por uma primavera politicamente quente em 2012, colocando na ordem do dia o debate sobre a natureza e a evolução dos novos movimentos políticos que floresceram em 2011. Poderá a indignação se tornar revolução?

O debate de lançamento e a noite de autógrafos do livro acontecerá no Espaço Revista Cult, dia 4 de abril, quarta-feira, das 20h às 23h. O evento contará com a participação dos autores Edson Teles, Giovanni Alves, Henrique Carneiro, Leonardo Sakamoto (a confirmar) e Vladimir Safatle.


Extraído do sítio Carta Maior

EDUARDO GALEANO LANÇA NOVO LIVRO NA FORMA DE UM CALENDÁRIO - Ana María Mizrah


A cada dia, nasce uma história em “Os filhos dos dias”; trata-se de 366 textos que, segundo Galeano, são histórias de invisíveis que merecem ser contadas. Artigo de Ana María Mizrah, publicado em "LA REPÚBLICA", de Montevidéu (Uruguai).

Por que este título: Os filhos dos dias?

Segundo os maias, nós somos filhos dos dias, ou seja, o tempo é que estabelece o espaço. O tempo é nosso pai e nossa mãe e, como somos filhos dos dias, o mais natural é que a cada dia nasça uma história. Somos feitos de átomos, mas também de histórias.

Dentro dessas histórias há muitas vinculadas à nossa vida cotidiana. Você assinala: “vivemos em um mundo inseguro”. A particularidade é que projeta que existem diferentes concepções sobre a insegurança. A que se refere?

Muitos políticos no mundo inteiro, não é algo que passa somente em nosso país, exploram um tipo de histeria coletiva a respeito do tema da insegurança. Te ensinam a ver ao próximo como uma ameaça e te proíbem vê-lo como uma promessa, ou seja, o próximo, esse senhor, essa senhora que anda por aí, pode roubar-te, sequestrar-te, enganar-te, mentir para você, raramente oferecer-te algo que valha a pena receber. Creio que essa forma parte de uma ditadura universal do medo. Fomos treinados para ter medo de tudo e de todos e este é o álibi que necessita a estrutura militar do mundo. Este é um mundo que destina metade de seus recursos à arte de matar o próximo. Os gastos militares, que são o nome artístico dos gastos criminais, necessitam de um álibi. As armas necessitam da guerra, como os abrigos necessitam do inverno.

Quando fala dos medos, você joga com essa palavra para assim mencionar os meios e tem uma história que é “os meios de comunicação”. A que lugar você atribui aos meios em nossos medos?

Às vezes, os meios atuam como medos de comunicação, então, se convertem em medos de incomunicação. Isto não é verdade para todos, mas sim para alguns meios que no mundo inteiro exploram esse tipo de histeria coletiva desatada com o tema da insegurança. Mentem, porque a insegurança não se reduz à insegurança que se pode sofrer nas ruas. Inseguro é este mundo e a primeira é a insegurança no trabalho, que é a mais grave de todas e da qual nunca falam os políticos que exploram o tema da insegurança. Não há nada mais inseguro que o trabalho. Todos nos perguntamos: e amanhã, haverá quem me contrate? Voltarei ao lugar de trabalho onde estive hoje? Terá alguém ocupado meu lugar?

Esse medo real de perder o trabalho ou de não encontrá-lo é a fonte de insegurança mais importante. Tão inseguro é o mundo, a quantidade de pessoas que matam os carros nisso que chamamos acidentes de trânsito, na realidade são atos criminosos por conta dos condutores que tendo permissão de dirigir, tem permissão para matar, ou a insegurança da maioria das crianças que nascem no mundo condenados a morrer muito cedo de fome ou de enfermidade incurável.

Aparecem as histórias dos desaparecidos, mas lhe menciono uma em particular, chamada Plano Condor, onde a história que se conta pertence a Macarena Gelma. Como foi para você conhecer Macarena Gelman?

Comecei conhecendo ao pai de Macarena (Marcelo) e ao avô Juan (Gelman) com quem trabalhei junto na revista Crisis em Buenos Aires e que é meu amigo de toda a vida. São muitos anos de amizade, ou melhor, de irmandade. Juan (Gelman) teve que sair da Argentina para continuar vivo, naqueles dias que se viviam em Buenos Aires, onde tinha que ir ou esconder-se. Então, eu recebia com muita frequência a seu filho Marcelo e me fiz de pai por algum tempo, depois o mataram, e a outra história é bastante conhecida.

A mulher de Marcelo (María Claudia) foi sequestrada na Argentina. Eram acusados do crime de protestar, delitos de dignidade que tem a ver com o direito estudantil ao protesto. Esses eram os crimes dos meninos, como eles foram assassinados muito cedo. A María Claudia assassinaram no Uruguai, onde já funcionava o mercado comum da morte, que foi o melhor em funcionamento, porque o Mercosul ainda tinha dificuldades graves. O mercado da morte funcionou muito bem naquelas horas do terror onde as ditaduras trocavam favores. Mandaram María Claudia grávida para o Uruguai e aqui os militares uruguaios se encarregaram do trabalho. Esperaram ela dar à luz, ela passou seus últimos dias, ou talvez seus últimos meses, na sede do Bulevar Artigas e Palmar (SID) onde descobriu-se a placa em memória de María Claudia e todos os que estiveram ali.

Me impressionou o contraste pela beleza exterior do palácio e os horrores que escondia. Depois de dar à luz, a mataram e entregaram seu filho(a) a um policial, troca de favores. A partir de uma busca complicada de Juan (Gelman) e seus amigos, conseguiu encontrá-la e agora chama-se Macarena Gelman. Nós tornamos muito amigos e uma vez jantando em casa, me contou essa história que é parte das histórias de “Os filhos dos dias” (livro). É uma história muito íntima, muito particular e lhe pedi autorização para publicá-la. É uma história rara, mas reveladora. Conta que quando ainda não sabia quem era e vivia em outra casa, com outro nome, nesse período sofria de insônia contínua, que não a deixavam dormir a noite porque a perseguia sempre o mesmo pesadelo. Via uns senhores desconhecidos muito armados que a buscavam no dormitório onde estava dormindo, debaixo da cama, no guarda-roupa e em todas as partes e ela acordava gritando e angustiadíssima.

Durante muitíssimo tempo, toda sua infância teve esse pesadelo que a perseguia e ela não sabia o por quê, de onde vinha. Até que conheceu sua verdadeira história e soube que estava sonhando os pesadelos que sua mãe havia vivido enquanto a formava no ventre. A mãe, uma estudante de apenas 19 anos, era perseguida de verdade por outros senhores armados até os dentes que a encontraram e a mandaram para morrer no Uruguai. Macarena estava no ventre dessa mulher acoada e perseguida. Desde o ventre padecia a perseguição que sua mãe sofria e depois a sonhou e se converteu em seus próprios pesadelos. Ela sonhou o que sua mãe havia vivido. É uma história que parece uma metáfora da transmissão, das penas, dos horrores, e também de outras continuidades que não são todas horríveis.

É um livro que contém muitas histórias de mulheres. Por que?

Também há muitas histórias de mulheres em meus livros anteriores, como “Espelhos e Bocas do Tempo”. Há muitas histórias dos invisíveis, e as mulheres ainda são bastante invisíveis. Há histórias de negros, de índios, das culturas ignoradas, das pessoas ignoradas e que merecem ser redescobertas porque têm algo para dizer e vale a pena escutar.

Neste último livro (Os filhos dos dias) há uma história que me impressionou muito, e que não havia escrito até agora, a de Juana Azurduy. Juana foi uma heroína das guerras de independência. Encabeçou a tomada do Cerro de Potosí que estava nas mãos dos espanhóis. Ela era a chefe de um grupo guerrilheiro que recuperou Potosí das mãos espanholas. Depois seguiu guerreando pela independência, perdeu seus 7 filhos e seu marido nessa guerra. Finalmente, foi enterrada em uma fossa comum e morreu na pobreza mais pobre que se possa imaginar. Antes havia recebido um título militar, foram as forças independentistas as que lhe deram um título que dizia em mérito: “a sua viril coragem”. Precisou-se de muito tempo para que uma presidenta argentina (Cristina Fernández) a outorgasse o título de General por sua feminina valentia.

Um integrante da Real Academia Espanhola assinalou como um erro utilizar expressões que carreguem a linguagem. Era uma crítica à feminização como, por exemplo, quando se utiliza todos e todas. O que você pensa a respeito?

O transcendente é o que está por trás, mas às vezes os conteúdos são refletidos nas palavras que expressam. Me parece ridículo quando uma mulher se apresenta e me diz sou médico, será médica, eu contesto.

Há muitas histórias dos povos originários, da luta pelos recursos naturais, e o rol das multinacionais. Em particular, uma história dedicada à selva amazônica.

Essa história sobre a Amazônia recorda que a Texaco, empresa petroleira que derramou veneno durante muitos anos, arruinou boa parte da selva equatoriana. Foi a juízo, mas perdeu. As vítimas desse atentado à natureza e às pessoas desse lugar não tinham meios econômicos, enquanto a Texaco contava com centenas de advogados. Ao cabo de anos, contudo, o pleito foi ganho, mas ainda não se colocou em prática, porque há muitas maneiras de se apelar, e de tirar a bola para fora e para isso não faltam doutores.

No livro tem um olhar crítico sobre os governos progressistas que ainda não descriminalizaram o aborto.

O livro toca todos os temas sempre a partir de histórias concretas. Não é um livro teórico.

As 366 histórias não são somente latino-americanas, você percorre o mundo.

Há muitas histórias que merecem ser recuperadas. Luana, por exemplo, foi a primeira mulher que firmou seus escritos nas tábuas de barro. Ocorreu há quatro mil anos e dizia que escrever era uma festa. Essa mulher é desconhecida. E vale a pena contar que essa história existiu.

A respeito da crise internacional , você resgata o que ocorreu na Islândia e o movimento dos indignados na Espanha.

Esta crise provém de um círculo muito pequeno de banqueiros onipotentes. Me ocorreu para esta história um título sinistro que foi “adote um banqueiro”. Os responsáveis da crise são os que mais tem se queixado e os que mais dinheiro tem recebido. Eles têm sido recompensados por fundir o planeta. Todo esse dinheiro que destinou aos que causaram o pior desastre na história da humanidade seria suficiente para dar comida aos famintos do mundo com sobra, inclusive.

Você acha uma contradição a existência do movimento dos indignados e que, ao mesmo tempo, tenha ganhado o Partido Popular na Espanha?

A aparição dos indignados é o que de mais lindo ocorreu no mundo nos últimos tempos. Creio que o melhor da vida é sua capacidade de surpresa. O melhor dos meus dias é o que ainda não vivi. Cada vez que uma cigana me cerca para ler a minha mão a peço por favor que a pague mais que não leia. Não quero que me digam o que vai me ocorrer, o melhor que a vida tem é a curiosidade e a curiosidade nasce da ignorância do destino. A explosão dos indignados começou na Espanha, e depois se estendeu em outras partes. É uma boa notícia a capacidade de indignação. Bem dizia meu mestre brasileiro Darcy Ribeiro (intelectual brasileiro já falecido) que o mundo se divide entre os indignos e os indignados e que tem-se que tomar partido, há que se eleger.

Pensei muito nele quando surgiu este movimento. Jovens que perderam seus empregos e suas casas por responsabilidade desses malabarismos financeiros que acabaram despojando os inocentes de seus bens. Eles não foram os que pegaram empréstimos impossíveis, não foram eles os culpados da bolha financeira e deste disparate que aconteceu na Espanha de construir e construir e agora está cheia de moradias desabitadas e gente sem casa.

O PP ganhou a eleição, é verdade. A direita ganhou as eleições, e terá que lutar para que isso mude. Isto que aconteceu na Espanha também fala do desprestígio de forças de esquerda que entram na vida política prometendo mudanças radicais, e depois terminam repetindo a história, ao invés de mudá-la. Muitas pessoas, sobretudo os jovens, se sentem desapontadas e abandonam a política.

Extraído do sítio Brasil de Fato

29 de março de 2012

VOLUNTÁRIOS INSTALAM PONTES PARA A TRAVESSIA DE BUGIOS - Simone Moro

Preocupados com a sorte destes pequenos animais, voluntários se reúnem há mais de quinze anos para instalar pontes suspensas no extremo-sul de Porto Alegre.


Morar próximo a área urbana e ainda precisar se deslocar para conseguir alimentos não é tarefa fácil para os inúmeros bugios e animais silvestres de Porto Alegre. No caso dos bugios-ruivos, muitas vezes eles precisam descer as árvores e atravessar a rua para alcançar o outro lado da mata. Mas, muitos deles, nem sempre conseguem completar a travessia, pois são atropelados, atacados por cachorros ou até mesmo capturados por pessoas. Outros ainda são eletrocutados, ao tentarem fazer a travessia pelos fios de luz desencapados.

Preocupados com a sorte destes pequenos animais, voluntários se reúnem há mais de quinze anos para instalar pontes suspensas no extremo-sul da capital. Integrantes do Núcleo de Extensão Macacos Urbanos, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), entre biólogos, veterinários, moradores da região e outros ambientalistas, construíram as pontes de cordas para ajudar na movimentação de macacos bugios e de outros animais, como gambás e ouriços. Uma delas teve que ser substituída devido ao péssimo estado, no dia 22 de março, na Estrada do Pontal, entre a reserva biológica do Lami e um grande pinheiro. A ponte que foi substituída já estava ali há nove anos, garantindo a passagem segura das famílias de primatas.

Ao todo, já são onze pontes em uso na zona sul e extremo-sul. O grupo começou a instalação das estruturas em 1995 e depende, principalmente, da venda de camisetas para conseguir recursos financeiros. Recentemente, vem conseguindo o apoio do Núcleo de Fauna da Secretaria Municipal do Meio Ambiente – Smam.

Alta tensão – Conforme explicou a bióloga voluntária, Renata Pfau, além de criar alternativas para a travessia de animais em zonas urbanas, o grupo conseguiu que a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), encapasse os fios elétricos. Após denúncia no Ministério Público, com o argumento de que a companhia possuía a tecnologia necessária para evitar o eletrocutamento de animais, mas não a utilizava, a CEEE precisou isolar os fios em todas as áreas onde há registro de morte, queimaduras ou perda de membros nos animais devido a choques elétricos.

Para colaborar com trabalho desses voluntários, entre em contato através do email: macacosurbanos@ufrgs.br.

Sobre o Bugio - Têm hábitos diurnos, vivem em bandos de aproximadamente oito indivíduos, com um macho dominante, uma ou duas fêmeas, filhotes e jovens. Os machos adultos chegam a pesar 7 quilos e se destacam pela coloração avermelhada, por isso o nome bugio-ruivo (Alouatta clamitans). Seu ronco característico é uma forma de demarcar território. O bugio se alimenta principalmente de folhas, além de flores e frutos, desempenhando o importante papel de “semeador de florestas”, pois dispersa as sementes dos frutos ingeridos. Esses animais estão presentes nas matas e em diversas propriedades da zona rural de Porto Alegre, mas não devem ser alimentados.


Extraído do sítio EcoAgência 

ESCRITORA CHILENA ISABEL ALLENDE RECEBE PRÊMIO DINAMARQUÊS DE LITERATURA

A escritora Isabel Allende receberá em setembro o prêmio de literatura Hans Christian Andersen, oferecido pela cidade de Odense. Flickr/advencap

A escritora chilena Isabel Allende é a mais nova vencedora do prêmio de literatura Hans Christian Andersen, oferecido pela cidade de Odense, onde nasceu o célebre autor dinamarquês. A recompensa, que comemora a influência de Andersen sobre escritores em todo o mundo, já foi atribuída anteriormente ao brasileiro Paulo Coelho e à britânica J. K. Rowling, e é um dos maiores prêmios internacionais de literatura.

A escritora chilena Isabel Allende recebeu o prêmio Hans Christian Andersen por "suas qualidades de narradora mágica e seu dom para enfeitiçar o público", anunciou nesta quarta-feira a cidade dinamarquesa de Odense.

Autora de 19 livros em espanhol traduzidos para 35 línguas, Isabel Allende vai receber um prêmio em dinheiro no valor equivalente a quase R$ 165 mil. A recompensa será entregue no dia 30 de setembro durante uma cerimônia em Odense.

Aos 69 anos, a autora de "A Casa dos Espíritos" já vendeu 57 milhões de exemplares das suas obras em todo o mundo. Jornalista e professora de literatura latino-americana, ela já recebeu 50 prêmios em mais de 16 países e defende a causa das mulheres em todo o mundo por meio de uma fundação que leva seu nome.

Isabel Allende é a terceira escritora a receber o prêmio, depois do brasileiro Paulo Coelho, em 2007, e da britânica J. K. Rowling, criadora da série de livros sobre o bruxinho Harry Potter, em 2010.

Extraído do sítio da RFI - Rádio França Internacional

UMA ENTREVISTA COM MILLÔR FERNANDES - Renato Rovai



Há sete anos estava numa Flip (Feira Literária de Paraty) mais para curtir do que para trabalhar. Mas ao ver Ruy Castro passeando pelas ruas tranqüilas da cidade, resolvi abordá-lo para uma entrevista. Ficamos uma boa parte da tarde conversando e, ao final, solicitei-lhe que me ajudasse na mediação de uma entrevista com Millôr Fernandes, que também estava no evento e de quem sabia ser ele amigo.

De forma generosa, o escritor me convidou para jantar com ele, Millôr e suas esposas, Heloisa Seixas e Cora Ronai. Disse-me que ali, como quem não quer nada, deveria sacar o gravador e fazer a entrevista. Foi isso que aconteceu.

O resultado foi publicado numa das edições impressas de Fórum. Ao saber de sua morte, decidi recuperar esse texto também como uma homenagem. Tenho diferentes opiniões sobre muito o que Millôr falou ou escreveu, mas negar-lhe imenso talento e cultura é por demais pobre.

Millôr foi um dos maiores intelectuais do seu tempo.

O mundo está muito melhor

Quem diria, Millôr Fernandes, o crítico mais crítico do país, faz 80 anos garantindo que a vida de hoje em dia é muito melhor que a de outros tempos. Por Renato Rovai

“E lá vou eu de novo, sem freio nem pára-quedas. Saiam da frente, ou debaixo que, se não estou radioativo, muito menos estou radiopassivo. Quando me sentei para escrever vinha tão cheio de idéias que só me saíam gêmeas, as palavras – reco-reco, tatibitate, ronronar, coré-coré, tom-tom, rema-rema, tintim-por-tintim. Fui obrigado a tomar uma pílula anticoncepcional. Agora estou bem, já não dói nada. Quem é que sou eu? Ah, que posso dizer? Como me espanta! Já não fazem Millôres como antigamente! Nasci pequeno e cresci aos poucos. Primeiro me fizeram os meios e, depois, as pontas. Só muito tarde cheguei aos extremos. Cabeça, tronco e membros, eis tudo. E não me revolto. Fiz três revoluções, todas perdidas. A primeira contra Deus, e ele me venceu com um sórdido milagre. A segunda com o destino, e ele me bateu, deixando-me só com seu pior enredo. A terceira contra mim mesmo, e a mim me consumi, e vim parar aqui.”

Assim Millôr se apresentou aos leitores quando foi fazer uma coluna na revista Veja, em 1968. Aos 80 anos, completados no último 16 de agosto, Millôr é um dos maiores intelectuais vivos do Brasil. Já fez dezenas de peças de teatro, traduções e lançou e colaborou com outras tantas dezenas de veículos de imprensa. Suas colunas no Pasquim da primeira fase ainda são lembradas em muitas mesas de bar por quem tem mais de 40. Suas frases diretas e perspicazes já encantam muitos garotos e garotas que surfam pela internet e passam pelo Universo On-Line (UOL), onde colabora. Millôr não gosta de dar entrevistas. Por isso, leitor, aproveite essa deixa.

Pessimismo ou otimismo

Não sou otimista, mas quando digo aos meus amigos que estamos vivendo no melhor dos tempos, as pessoas não percebem. Estamos vivendo num tempo de transição, mas o mundo nunca foi tão bom. É curioso dizer isso, mas é verdade. Até 1888 era possível comprar um preto na esquina e carimbá-lo com o seu nome. Trouxeram de 10 a 15 milhões de negros da África e era perfeitamente normal. Isso mudou. Mas, como disse, não sou otimista. A palavra poderia ser, sei lá, realista. Mas não realista no sentido negativo, porque quando se fala realista, em geral se quer dizer, “tá tudo fodido e eu estou vendo a realidade”. Não é isso. Estou vendo uma realidade em que hoje, no mundo inteiro, tem muito mais gente usufruindo os bens da vida do que jamais houve. Tem um bilhão de pessoas passando fome, mas são seis bilhões no planeta. Tem uma classe média hoje no mundo que, se você for muito pessimista, dá 20% da população. Você tem dois bilhões, ou um bilhão e meio de pessoas vivendo muito bem.

Mais perto do socialismo

Quando começam a informatizar tudo, as pessoas vão perdendo o emprego. Isso me parece evidente. Mas quando você desemprega milhões de pessoas, na minha visão, ao mesmo tempo está criando o socialismo. Ou você arranja uma maneira de distribuir melhor os bens da terra, ou esta porra explode. Nesse momento está explodindo, mas ou vai explodir de uma vez ou só estamos num período de transição que pode durar 10, 20, 30 anos. Mas é um período de transição.

Conflitos futuros

Isso eu acho absolutamente imprevisível. É impossível prever o gesto de um maluco. Não se pode saber o que aquele doido da Coréia do Norte pode fazer e nem aqueles filhos da puta dos EUA, não é verdade? A Índia está lá, o Paquistão está lá. É imprevisível. Também não é possível prever, se a coisa pegar em um âmbito mais gigantesco, isso não vá acabar com o mundo ou com a Terra. Ou chegar à barbárie total de novo. De qualquer maneira eu acho muito interessante o mundo.

Qualidade de vida

Sempre fiz esporte, inclusive frescobol. Aliás, fomos nós os cariocas que inventamos esse esporte. Hoje você tem o skate, que de coisa de vagabundo virou um esporte formidável, maravilhoso. Eu também vi nascer o surfe na minha porta. Aliás, hoje já estamos na terceira geração do surfe. Isso tudo criou um homem novo. Da geração de hoje para a minha geração, deve ter tido um aumento de estatura de 10 centímetros. O garoto de 17, 18 anos, bem alimentado, não tem mais cárie. A expectativa de vida no mundo, que era de 40 anos no início do século XX, hoje é 80. E eu digo isso porque consulto estatística, gosto muito de estatística. Todo ano leio o Year Book da Enciclopédia Britânica. Lá as estatísticas não são ideológicas. Além disso, nesse período você praticamente eliminou a dor e criou hábitos de higiene que atingem todo mundo. Eu me lembro quando fui pra Europa pela primeira vez, em 1952, hotéis bons só tinham banheiro no corredor. Fui nos dois melhores hotéis e você tinha um banheiro só para um monte de quartos.

Tecnologias e TV

Acho que nós sempre estivemos a reboque da tecnologia. Hoje, as pessoas sabem muita coisa porque a informação da televisão é muito grande. Você pega um programa do Faustão, da Hebe Camargo, tem 30 milhões de pessoas vendo. Uma audiência de 30 milhões. Aí a coisa mais fácil é você dizer “estão acabando com a cultura. A TV está acabando com tudo”. Mentira. Essa gente que vê esses programas está aumentando sua capacidade de comunicação própria. Elas não leriam Dostoievski nunca. Elas não seriam carreadas para a chamada alta literatura. Agora o que acontece, ali mesmo você terá 1% ou 2% ou até 10%, o que é muita gente, de pessoas que lêem. No terreno prático, não no terreno subjetivo ou intelectual, você pega a novela que eu não sei o nome, sobre o Garibaldi, do Rio Grande do Sul (Millôr se refere à minissérie A Casa das Sete Mulheres), aquele romance não tinha vendido nada. Mas veio a novela e ele começou a vender. E muito. Isso significa, pra mal ou pra bem, que muita gente foi levada a ler também por causa da televisão.

Não às entrevistas

É engraçado. Não vou porque não vou. Mas não é por princípio, eu não tenho princípio, tenho horror a princípio. Tenho a minha vida, de vez em quando brinco, e é verdade, que sou indecentemente feliz. Moro há 50 anos na praia da Vieira Souto, você entende? Até hoje, pego meu calção de manhã e vou andar na praia ou vou para o Jardim de Alá. Depois, vou pro meu estúdio, vou ver meu programa da internet, vou ver minha televisão, vou ver o que tenho que escrever. E como sempre as pessoas me solicitando coisas… aí eu reajo violentamente. Não quero ser dirigido, quero ficar com minha vida. Não vou deixar de ir à praia, de duas vezes por semana receber minha personal trainner. O que eu apareço dá pra minha satisfação, pra minha vaidade. Por isso que não aceito certos convites.

Lula

É evidente que a ignorância lhe subiu à cabeça, não tem dúvida nenhuma. Porque de repente ele começou a se sentir culto, falar sobre tudo. Já o nosso amigo Fernando Henrique o que falava de besteira também não era brincadeira. Eu não votei no Lula. Aliás, não votei no Lula determinadamente porque achei que ele ia ganhar de qualquer maneira. Então votei no Serra pra dar um voto pro outro lado. Eu também achava que o Tarso Genro era melhor quadro, que o Cristóvam era melhor quadro. Mas o Lula fincou o pé ali. O que vai acontecer agora é muito difícil dizer porque a coisa está muito difícil. A jogada internacional hoje é assustadora, nenhum de nós sabe o que está acontecendo por trás daquilo. Eu não tenho nenhuma competência pra dizer “acho isso ou acho aquilo”. Eu faço especulação.

Capitalismo e mudança

Eu não gosto da palavra revolução. Em geral todas as revoluções que vi e estudei dão dois passos pra frente e três pra trás. Se você pegar aquela história da revolução na URSS, que poderia ter sido a redenção do mundo, veja no que deu. Se comparar o socialismo com o capitalismo, o que acontece? O socialismo é uma idéia tão generosa, tão maravilhosa, essa coisa de você abrir mão de bens seus para beneficiar gente que não é seu primo, não é seu irmão, sua avó, pessoas que você não conhece, é tão generosa que não pode dar certo. Agora, o capitalismo está preso ao umbigo do ser humano. O ser humano quer tomar um pouco do outro, quer ter um pouco mais, quer ter um tapete embaixo dos pés que custa 5 mil dólares, mas não dá dinheiro pra empregada botar a filha no colégio. Então são as circunstâncias de pressão que vão fazendo com que isso mude. Já modificou muito, não tem dúvida.

Revolução humana

Pode ser que esteja errado, mas acho que a grande revolução do ser humano foi o dia em que o homem parou e disse “vou ficar aqui” e descobriu como domesticar o animal e plantar naquele local. O desenvolvimento da civilização não é constante, mas acontece o tempo todo. Estamos diante de milagres. Ninguém mais duvida de que em breve vamos ter um clone humano. Não sei se é bom, se é ruim, se é nada. São coisas que mostram que não estamos parados. Que o mundo está mudando muito.

Rio de Janeiro

A verdade é que no Rio nós vivemos num gueto. Há uma população que vive muito bem, mas pressionada pelas circunstâncias sociais que se chama hoje basicamente tráfico de drogas, com todas as suas implicações. Mas no início do século XIX o Rio de Janeiro era uma merda. Era um antro de doenças. Eu acho que, de modo geral, melhorou. Quer ver, hoje o celular presta um serviço inimaginável ao operário. Antigamente no Rio, tinha que deixar recado no telefone do bar da esquina e o cara não dava.

Dor, medicina e Glauco Mattoso

Você pega o progresso que fez a odontologia, a oftalmologia… É assustador, o cara está operando com colírio hoje. Dizem que a Mary Stuart com 20 anos, 21, não tinha um dente. Tem uma história de que a rainha Elizabeth teve uma vez uma dor de dente e teve que arrancar. Mas ela não queria, estava apavorada, porque o cara chegava com um boticão. Não tinha outro jeito. Aí, um lorde, pra dizer que a dor era suportável, mandou arrancar um dente bom dele. Hoje ninguém duvida que se possa fazer um clone. A genética, a transgenética, tudo isso é uma coisa inacreditável de poder. Tem um médico amigo meu que me garante que daqui a 20, 30 anos a cegueira vai ser uma coisa rara. Você pega lá em São Paulo, o meu amigo Glauco Mattoso (poeta) está completamente cego. Ele é um gênio, acabou de lançar um livro novo, duca, é um louco, né? Um louco desvairado. Inclusive faz aquela coisa que considero fantasia. Chupa pé, chupa pé… ninguém chupa tanto pé (risos). Ele é maravilhoso. Ele fez 300 sonetos camonianos, 300 sonetos… é maravilhoso. Mas ele não é para aquela senhora ler (aponta uma mulher na outra mesa). Você dá pra ela ler “você dever ser enrabado todos os dias…” (risos). Ele faz isso.

Produção artística e cultural

Eu vou ficar nas artes plásticas, mais controversas, ou que têm a maior merda evidente. Houve avanço, quando se saiu da prisão do realismo e se passou pra expressionismo, cubismo etc. Na música também e na poesia também você teve aquela coisa da métrica etc. Mas quando você se liberta, você dá acesso a muito mais gente. E muita gente que entra pelo ato de audácia de fazer. Porque antigamente, você, pra fazer um soneto, você tinha que aprender. A poesia evolui até onde? Você pode dizer que não vai mais fazer aqueles sonetinhos de antigamente etc. e tal, mas e os sonetos do Augusto dos Anjos, você não vai fazer? Será que os caras estão fazendo melhor do que aquelas coisas maravilhosas? Mesmo as coisas mais brandas, como Olavo Bilac, você pega meia dúzia que são importantíssimos. Você pega a poesia popular publicitária aqui do Rio, algumas que ficaram famosas “veja, ilustre passageiro, que belo tipo faceiro…”, quando eu te digo isso você dá um sorriso, porque imediatamente afeta. Será que só pode ser importante aquele verso difícil do Ezra Pound? Há uma poesia popular que te afeta diretamente, por mais culto, por mais capaz e exigente que você seja. A arte ficou muito melhor quando se libertou, quando deixou de ser restrita a mosteiros, quando deixou de ser para alguns. É assim com tudo.

Futebol e raça

Por isso eu não gosto de ficar endeusando as coisas difíceis, só as grandes. Ou como fazem alguns, que gostam de futebol, só falam do Garrincha, né, Ruy? (brinca com Ruy Castro, autor do livro Estrela Solitária, sobre o jogador). Tem um monte de jogadores bons hoje. Pega o Ronaldinho, ele é um grande atleta e uma grande personalidade. O Ronaldinho Gaúcho também é um belíssimo jogador de futebol. Você não vê ele se desviando pelos caminhos da sacanagem. Tem os mais novos que ainda estão em julgamento, como o Diego, o Robinho e o Kaká. Tá aparecendo muita gente boa. É uma coisa que acho curiosa, nesse aspecto, que é a famosa mistura da raça brasileira, não é isso? O Ronaldinho que é preto, o Ronaldinho Gaúcho que é preto. Aí aparece o Kaká e o Diego. Ninguém fez isso. É o Brasil fazendo isso. Não é um gueto de brancos e também não é aquilo de “vamos proteger o pretinho”. Acho que, aliás, hoje as pessoas já aprenderam que não podem chegar e dar um berro “e aí, crioulo”, que pode levar uma fubecada. Isso vai posicionando a questão. Agora, existe raça, as pessoas agora vêm com essa de dizer que não. As pessoas têm medo de dizer certas coisas. Uma coisa é raça e outra é racismo. A diferença genética que existe entre negros e brancos é enorme. Esse negócio de dizer que é igual, bobagem. Tem raça sim. Você tá vendo, um é negro e outro é branco, você tá vendo que são diferentes, por que fugir disso? Isso não é racismo porra nenhuma. É não ficar inventando teses para disfarçar, entendeu? O que diferencia não é dizer que é tudo igual, é não haver condições sociais iguais, entendeu?

Extraído do Blog do Rovai

28 de março de 2012

BRASILEIRO LÊ, EM MÉDIA, QUATRO LIVROS POR ANO - Amanda Cieglinski


Brasília – O brasileiro lê em média quatro livros por ano e apenas metade da população pode ser considerada leitora. É o que aponta a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada hoje (28) pelo Instituto Pró-Livro. O estudo realizado entre junho e julho de 2011 entrevistou mais de 5 mil pessoas em 315 municípios.

Em 2008, o instituto divulgou pesquisa semelhante que apontava a leitura média de 4,7 livros por ano. Entretanto, a entidade não considera que houve uma queda no índice de leitura dos brasileiros, já que a metodologia da pesquisa sofreu pequenas alterações para torná-la mais precisa.

De acordo com o levantamento, o Brasil tem hoje 50% de leitores ou 88,2 milhões de pessoas. Se encaixam nessa categoria aqueles que leram pelo menos um livro nos últimos três meses, inteiro ou em partes. Entre as mulheres, 53% são leitoras, índice maior do que o verificado entre os entrevistados do sexo masculino (43%).

Ao perguntar para os entrevistados quantos livros foram lidos nos últimos três meses, período considerado pelo estudo como de mais fácil para lembrança, a média de exemplares foi 1,85. Desse total, 1,05 exemplar foi escolhido por iniciativa própria e 0,81 indicados pela escola.

Entre os estudantes, a média de livros lidos passa para 3,41 exemplares nos últimos três meses. Os alunos leem 1,2 livro por iniciativa própria, divididos entre literatura (0,47), Bíblia (0,15), livros religiosos (0,11) e outros gêneros (0,47).

De acordo com o estudo, a Bíblia aparece em primeiro lugar entre os gêneros preferidos, seguido de livros didáticos, romances, livros religiosos, contos, literatura infantil, entre outros.


Extraído do sítio da Agência Brasil

ESTAÇÕES DOS CATAMARÃS AGORA TÊM INFORMAÇÃO TURÍSTICA

Ligação hidroviária entre Porto Alegre e Guaíba tem mais um serviço à disposição


Usuários da ligação hidroviária entre Porto Alegre e Guaíba, realizada desde outubro do ano passado pela empresa Catsul, do grupo Ouro e Prata, têm a partir desta terça-feira, 27, mais um serviço à disposição nas estações de embarque e desembarque, na Capital e no município vizinho. São os Pontos de Orientação e Informação Turística (Points), instalados nesta terça-feira (27) pela Secretaria de Turismo de Porto Alegre (SMTUR) em parceria com a operadora dos catamarãs e a Secretaria de Turismo, Desporto e Cultura de Guaíba.

Na inauguração do novo serviço o secretário de Turismo de Porto Alegre, Luiz Fernando Moraes, o prefeito de Guaíba, Henrique Tavares, a secretária de Turismo do município, Claudia Mara Rosa, e o diretor da Catsul, Carlos Bernaud, assinaram termo de cooperação formalizando a parceria no atendimento aos turistas e no estímulo à visitação dos atrativos das duas cidades. O evento foi acompanhado por dirigentes de entidades e empresários do trade e convidados.

Demanda surpresa - “Lutamos muito pela travessia hidroviária entre Porto Alegre Guaíba, mas fomos pegos de surpresa pelo fluxo de pessoas que usam o serviço para conhecer e passear em Guaíba”, afirmou o prefeito Henrique Tavares, destacando a importância da troca de informações turísticas entre as duas cidades e a função dos Points de facilitar o acesso a elas pelo público. De acordo com Carlos Bernaud, passados seis meses do início da operação dos catamarãs o fluxo de turistas se mantem intenso, chegando a 6 mil pessoas nos finais de semana. “Essa demanda do turismo era desconhecida para a empresa, e nos levou a oferecer aulas de inglês para nossas tripulações e outras ações comerciais como a oferta de passeios especiais para estudantes e turistas hospedados em hotéis da cidade”, informou Bernaud.

Para o secretário de Turismo da Capital, a parceria da operadora do transporte hidroviário com o setor turístico demonstra uma visão necessária. “O Turismo é uma atividade transversal, que vive hoje um momento especial em Porto Alegre com vários setores trabalhando na direção do desenvolvimento da cidade”, enfatizou. Moraes lembrou que a Capital está conseguindo romper com alguns mitos importantes, como o Cais Mauá, cuja revitalização está saindo do papel, e a travessia hidroviária, retomada depois de mais de 40 anos, permitindo que Guaíba e Porto Alegre sejam redescobertas.


Serviço - Nos Points estão disponíveis informações objetivas e atualizadas sobre atrativos turísticos, roteiros e opções culturais e de lazer das duas cidades oferecidos por meio de materiais impressos organizados em expositores padronizados fornecidos pela SMTUR. Além disso, o público terá o atendimento de dois funcionários da Catsul já treinados pelo setor de Informação turística do órgão de Turismo da Capital a orientar e prestar as informações. O mesmo serviço foi instalado, também nesta terça-feira, na Sala VIP da empresa Ouro e Prata na Estação Rodoviária de Porto Alegre, com outros dois funcionários treinados.

Conheça clicando aqui mais essa atração turística de Porto Alegre.