27 de março de 2012

NIETZSCHE E AS CONSEQUÊNCIAS - Otto Maria Carpeaux

Em ensaio publicado no livro “A Cinza do Purgatório”, Otto Maria Carpeaux afirma que Nietzsche foi vítima do símbolo terrestre do infinito: a tolice humana. 


A nenhum homem sério poderia deixar de preocupar a grave discrepância entre os valores da civilização alemã e as forças destruidoras no seio do mesmo povo que os criou. A civilização, a nossa e a universal, seria incompleta, se lhe faltassem a austeridade de consciência de Lutero, a catedral invisível de Bach, o céu olímpico de Goethe, a visão histórica de Hegel, e a lição espiritual de tantos outros; e o que importa não são as obras de alguns gênios, é o espírito que os criou, o espírito alemão. Mas a força alemã pretende destruir a nossa civilização, e empreende a cruzada em nome desse mesmo espírito alemão. Estamos em face de um dilema gravíssimo.

Oferecem-se-nos três soluções: os valores da civilização alemã seriam a justificação espiritual bastante da obra material que aqueles empreendem; ou os próprios valores da civilização alemã seriam os criadores espiritualmente responsáveis daquela força destruidora; enfim, haveria duas Alemanhas, uma divina, outra do diabo, ocupadas numa milenária luta interior, a que assistimos, espectadores compassivos e vítimas passivas.

Nenhuma dessas três soluções satisfará ao presumido homem sério. São soluções de propagandas banais. A “justificação espiritual” do esforço alemão começou com o extermínio do próprio espírito alemão, extermínio mais radical do que o mundo, em geral, imagina. Por outro lado, o espírito é integral, indivisível, e a luta contra o “perigoso espírito alemão” degeneraria inevitavelmente em luta contra o espírito em geral, que é sempre incômodo. Enfim, a “luta das duas almas no peito” é coisa comum entre as nações e os homens, herança dolorosa da nossa natureza; tem a tristeza banal, a banalidade metafísica de uma tragédia que se repete todos os dias, e atinge força simbólica só nesses poucos heróis sofredores que lutam um combate representativo: num apóstolo Paulo, num Michelangelo, num Pascal, num Friedrich Nietzsche. O próprio Nietzsche soube-o vagamente: chamou-se a si mesmo “Dionísio crucificado”, na noite de sua loucura — da loucura que predissera a toda a humanidade. Mas o seu sacrifício representativo foi em vão: há no mundo uma força mais poderosa do que o espírito, o sofrimento e a própria loucura: é o símbolo terrestre do infinito, a tolice humana.



Nietzsche foi sempre mal entendido, até pelos seus conterrâneos. O fato de ter renegado a Wagner, verdadeiro filósofo oficial do Reich guilhermino, fê-lo intolerável aos universitários e determinou a sua eliminação científica. Encarregaram-se disso os psiquiatras, negando, de Moebius a Bumm, a validade do pensamento “de um professor louco”; esqueciam os professores de boa saúde que a residência de Nietz­sche na casa dos alienados é já o julgamento de um mundo onde o psiquiatra é o dono da casa. A oposição da Alemanha imperial contra Nietzsche suscitou, de outra parte, a oposição dos liberais. Brandes proclama-o modelo do “bom europeu”. Os jornais judeus frisam o antibismarckianismo e o filosemitismo de Nietz­sche. Reconhecem-no, com Georg Simmel, como vencedor do pessimismo schopenhaeuriano, festejam-no, com Max Sche­ler, como restaurador das forças vitais; ficam muito satisfeitos quando o grande poeta Stefan George, fundador dum aristocratismo espiritual, bem nietzscheano, admite judeus no seu “círculo George”. Há neste círculo muitos estudantes universitários, e a eles se deve a recuperação de Nietz­sche para a força vital alemã. Pequenos círculos da burguesia já tinham mal entendido Nietzsche como precursor do nudismo ou de reformas alimentárias. Os filhos descobrem um meio mais eficaz da revitalização alemã: a guerra. Os estudantes-voluntários da batalha de Lange­marck, no outono de1914, morriam com versos de Nietz­sche nos lábios. Na República de Weimar, o Nietzsche-Archiv de Weimar é já um centro nacionalista. Para Al­fred Bauemler, filósofo oficial do nacional-socialismo, Nietz­sche é um “Siegfried”, um “alemão rebarbarizado”. Frie­drich Nietzsche acaba como, para os alemães, começara: um professor secundário possuído de loucura furiosa.

Se esses mal-entendidos germânicos constituem assunto de uma comédia, o mal-entendido de Nietzsche no estrangeiro é mais triste. Os simbolistas que introduziram Nietzsche na França não tinham noção das diferenças entre Nietzsche e Wagner. Os mesmos círculos wagnerianos fascinavam-se com o estilo de Nietzsche, e o “Zaratustra”, que na Alemanha oferecera o programa duma sinfonia de Richard Strauss, tornou-se na França assunto duma grande ópera. O esteticismo confundiu Nietzsche com Oscar Wilde e deduziu daquele um falso imoralismo, mal-entendido de que o próprio Gide não pode ser absolvido. Não faltam tiradas nietzscheanas nos romances de D’Annunzio e na boca dos jovens libertinos russos de Artsybachev. Esque­cem-se de que “toda religião de beleza degenera em orgia”. Os gritos dos jovens Siegfried nietzscheanos na batalha de Longemarck perturbaram de­sagradavelmente esses prazeres, e desde então passou Nietzsche pelo filósofo do pangermanismo bárbaro. Até que os êxitos incontestáveis dessa revitalização alemã perturbaram os próprios cérebros franceses, e a nova geração dos Maulnier e dos Brasillach celebra em Nietz­sche o rebarbarizador da Europa.

Donde esses mal-entendidos? Nietzsche não é um autor difícil. É o estilista mais latino e mais claro da língua alemã. A sua prosa é a do grande poeta que era. Expri­me com igual mestria o lirismo modesto e profundo dos alemães, a claridade irônica dos latinos, o grande pathos da Bíblia; a sua língua soa como os aforismos densos dos filósofos pré-socráticos, como as canções, ébrias de luz, dos provençais, e, às vezes, como versículos mágicos das escrituras sagradas do Oriente. Mas é sempre clara, bastante clara para esconder sob a virtuosidade dos meios estilísticos as contradições internas. Nietzsche é o último filho da “velha Alemanha” humanista, filho espiritual de Goethe e Hölderlin, e, ao mesmo tempo, profere fanfarronadas de uma ébria vontade de dominação, que se perderam no reino sóbrio de Bismarck, e só mais tarde tiveram eco. Nietzsche é um inimigo mordaz dos alemães — a expressão “bom europeu” é dele — e, ao mesmo tempo, proclama o individualismo germânico, o amoralismo bárbaro dos gigantes da Edda.

Nietzsche foi o inimigo mais furioso que o cristianismo jamais teve. E todavia esse filho de gerações de pastores luteranos sofre intimamente de conflitos religiosos e é, afinal, um cristão pascaliano. Karl Jaspers chama à obra de Nietzsche “um campo de ruínas, coberto de destroços contraditórios”. O único laço que lhes dá coerência é a paixão intelectual de Nietzsche, que lembra as personagens de Dostoiévski; é a sua personalidade, agitada nas profundezas da existência humana, o lanço apaixonado de toda a sua personalidade, o que faz da sua loucura a sua obra máxima. Lembra a verdade dos antigos — que os poetas são uns delirantes. Friedrich Nietz­sche era poeta.

Percebeu-se isto muito cedo, quando o espírito do poeta ainda anoitecia na casa dos alienados; após o diagnóstico “loucura” dos psiquiatras, o diagnóstico “poeta” era a tentativa dos estetas para se subtraírem às verdades desagradáveis do pensador. Pois filósofo era também, e não menos autêntico. As descobertas psicológicas de Nietzsche, sobre o ressentimento dos fracos e vencidos como origem da moralidade, sobre o elemento teatral, o “elemento ator”, em todo artista, as suas diagnoses da decadência e do niilismo da civilização moderna, até as suas tentativas de uma metafísica da transformação eterna, última metafísica niilista e desesperadamente otimista, que lembra a mais velha metafísica, a de Heráclito: não são poemas. A única obra puramente poética de Nietzsche, o “Zaratustra”, é a sua obra mais fraca. O poeta Nietzsche chega ao cume, onde a força da palavra poética contém uma inteligência existencial e profundamente verdadeira. Nietzsche parece poeta porque a sua filosofia se dirige não só ao intelecto, mas a todo o nosso ser. A sua filosofia, em que Karl Jaspers identificou a primeira filosofia existencialista, coloca-nos diante de perguntas ameaçadoras. O diagnóstico “poeta” não serve para nos subtrairmos aos problemas existenciais que o pensamento nietzscheano nos propõe. Esse poeta autêntico é um autêntico pensador.

Nietzsche é poeta e filósofo ao mesmo tempo. União muito rara, e que não deve ser confundida com os balbucios pseudofilosóficos do poeta Hugo ou com os ócios poéticos do filósofo Santayana. A verdadeira união desses elementos só é possível no fundo agitado da alma dum homo religiosus. Nasce então um profeta. Friedrich Nietzsche era um profeta.

Mas o que é um profeta? Um homem inspirado por Deus? Ou simplesmente o portador duma verdade que os homens não querem ouvir? Uma definição, mais e menos ampla ao mesmo tempo, diria: um profeta anuncia a uma situação temporal uma verdade eterna. Nietzsche não era um inspirado de Deus nem um sábio que tem razão contra o seu tempo. Era menos e mais. Tinha uma verdade existencial a proferir, como Jeremias antes da destruição do templo, como Isaías antes do advento do Messias. O templo de Nietzsche foi destruído, e o messias “super-homem”, com que sonhava, veio. Mas a profecia não pode ser entendida antes do seu cumprimento. Nietzsche não foi mal entendido; ele não podia ser entendido antes do tempo, que é o tempo presente. Nisto reside a sua qualidade profética. Para nós outros, já é tempo de situá-lo no seu tempo passado, para melhor compreender o nosso tempo presente.

A vida independente de Nietz­sche começa em 1868, quando o precoce de 24 anos é feito professor de filologia clássica na Universidade de Basiléia. A profissão é significativa: o jovem Nietzsche é um representante da “velha Alemanha” humanística, cheio de Goethe, encantado com os versos de Hölderlin. Filólogos vivem no passado, que para eles é vivo; o seu mundo espiritual não conhece a morte. Nietzsche não conheceu a morte do seu mundo humanístico. Não sabia mesmo da última fase desse humanismo: o pensamento anti-histórico de Schopenhauer escondeu-lhe, e a tantos contemporâneos, a dialética de Hegel, que estava então sendo esquecido. Portanto, o fim da “velha Ale­­manha” e o advento do Reich de Bismarck não po­diam ser compreendidos pela dialética histórica; foram sentidos como catástrofe es­piritual, encarada com desesperado pessimismo schopenhaueriano.

Nietzsche espera a salvação na obra poética e musical do schopenhaueriano Wagner, pretensa pedra fundamental duma nova civilização alemã. Em Bayreuth, Nietzsche co­lheu os primeiros ensinamentos sobre a psicologia “mimética” do artista: reconhece em Wagner o ator, e na sua arte profundamente insincera uma teologia do ilusionismo. Pela primeira vez, o ódio da nova Alemanha o prende.

Retira-se para a Suíça, onde o suave pessimismo histórico do velho humanista Burckhardt o consola e lhe abre o mundo do humanismo europeu, que não é idêntico ao humanismo alemão. Reformado por motivo de doenças um pouco misteriosas, vive da sua pensão e de algumas rendas pessoais, em Nice, Monte Carlo, Gênova, Veneza. Descobre o mundo latino, sente a fascinação do sol mediterrâneo, da psicologia de Stendhal, da música de Bizet. Não sabe que está possuído da “nostalgia do Sul”, bem germânica, saudade insaciável duma pátria irreal, nova espécie da “flor azul” de Novalis, que o romântico incurável Nietzsche sempre amou.

Nietzsche apenas imaginava ser um espírito latino. Nunca podia tornar-se um pagão grego; tinha uma alma cristã, mal disfarçada. Dessa contradição profunda provém o saber de Nietzsche a respeito das “máscaras”, e todas as suas descobertas psicológicas. Atrás da máscara cristã de Wagner reconhece o paganismo interior dos alemães, mal cristianizados. A doença moral do próprio Nietzsche advém da luta interna entre o cristianismo da alma e um atavismo pagão. Andreas Heusler mostrou, num estudo profundo, que a desorientação neobárbara de Nietzsche, alma “naturaliter christiana”, não tem nada com as máscaras de ópera pseudogermânicas de Wagner, mas resulta dum atavismo real do paganismo nórdico. O cristão Nietzsche queria ser um pagão mediterrâneo, sulino; e achou em si a barbaria nórdica, germânica. No fundo, porém, Nietzsche só desempenha, e desesperadamente, o papel do bárbaro. É a última máscara. Não pode ser bárbaro: está gravemente doente.

Estamos no centro do problema. A barbaria, de que Nietzsche pretendia ser o profeta, é um fato real. No entanto, não é a barbaria dos velhos valentões germânicos, mas a barbaria dos novos burgueses alemães, no seu novo Reich militar e burguês, meio feudal e meio industrializado. Nietzsche, que sabia pouco da sociologia, descobre, nessa altura, uma verdade pessoal, existencial: a sua própria existência de professor reformado, que vive, em Nice e na Itália, das suas rendas, é uma existência burguesa, relativamente luxuosa. A existência ideal dos “senhores” nietzscheanos tem certas premissas econômicas. A existência do próprio Nietzsche não é uma exceção; mas está baseada na doença, que o torna um rendeiro ocioso. Nietzsche não recua nunca diante duma verdade — e da generalização dela: a sua doença revela-lhe a base doente de toda a civilização burguesa, o fenômeno da decadência europeia. Apoderando-se das sugestões de Bourget, denuncia o enfraquecimento dos instintos vitais pelo racionalismo burguês. Ataca incessantemente o representante simbólico desse racionalismo: Sócrates. Redescobre os filósofos pré-socráticos, e, entre eles, o maior, o seu mestre: Heráclito, o filósofo da transformação eterna. A estrutura heraclítica do próprio intelecto de Nietzsche fá-lo descobrir a estrutura heraclítica do espírito alemão e o caminho da autodestruição desse espírito: o caminho de Goethe a Hegel; de Hegel ao “Estado de poder” prus­siano e, ao mesmo tempo, a Marx, que é o precursor do grito apocalíptico de Nietzsche e o fundador do partido que fornece as massas disciplinadas do socialismo; o caminho, enfim, do nacionalismo e do socialismo à fusão de ambos no nacional-socialismo. A face exterior desse processo é a industrialização, o aburguesamento e a proletarização da Ale­manha: fenômenos exteriores e, igualmente, fenômenos espirituais, que conduzem ao niilismo. É a autodestruição niilista no espírito de Nietzsche que o torna apto a reconhecer o niilismo alemão, o presente e o futuro.

A situação é cheia de contradições dialéticas. Nietzsche, o anticristo, fala como cristão a cristãos que já não o são. Nietzsche, o antialemão, fala como alemão a alemães que já não o são. Sozinho, ele está diante do nada. É o profeta do niilismo. Mas — o seu máximo feito profético — Nietz­sche reconhece que a Ale­ma­nha precede, nesse caminho, aos outros povos e a toda Europa; que a situação alemã se tornará a situação do mundo. Di-lo o próprio Nietzsche: “Sou o profeta do niilismo europeu”.

O privilégio do profeta consiste em não ser entendido. Na Alemanha, não se sabia onde se estava; faziam-se retratos de Nietzsche à própria imagem, desde o nudismo e as reformas alimentárias até à “vontade de poder” do pangermanismo. Na Europa ocidental, porém, a situação espiritual era, de fato, outra: lá, era ainda possível o mal-entendido esteticista; quando descobriram o Nietzsche nacionalista, estavam na defesa; mas o próprio niilismo já tornou impossível a defesa eficaz contra o niilismo mais poderoso; enfim, uma jovem geração europeia, a dos Maulnier e Brasillach, saúda o niilismo de fora como a própria salvação. Os mal-entendidos, alemão e ocidental, de Nietzsche encontram-se, e isto faz ver que a situação alemã de então se tornara a situação euro­peia de hoje: a profecia cumpriu-se. Maravilhosamente, as anteriores oposições espirituais do “bom alemão” e do “bom europeu” desaparecem, e a sua inesperada congruência material ameaça o Continente com a destruição definitiva.

O desaparecimento da Europa seria a solução niilista da “questão alemã”. A resistência contra essa solução é, primeiramente, a defesa desses valores da civilização alemã, sem os quais não haveria civilização europeia. Eis por que será impotente uma resistência que opõe às armas mecanizadas outras armas mecanizadas. O apelo só a essas armas trai aquele niilismo desesperado que Nietz­sche denunciou, aquele estado de espírito que tolera a eliminação do espírito pela força material. Quem só toma a sério as armas já está perdido no espírito, e sê-lo-á também no campo de batalha. Cumpre tomar a sério a profecia de Nietzsche, reconhecendo a sua significação negativa. As profecias têm sempre uma significação negativa. Precisa-se percorrer em direção inversa o caminho de Nietzsche.

Nietzsche é, como Hegel, um espírito heraclítico. No tempo em que Nietzsche estreia, Hegel está quase esquecido na Ale­manha. As diatribes anti-históricas de Schopenhauer haviam desacreditado o pensamento histórico de Hegel, que o positivismo alemão desfigurara em sentido darwinista. Nietzsche, o discípulo de Scho­penhauer, não conhece Hegel; mas protesta vivamente contra a identificação dos evolucionismos de Darwin e de Goethe, à qual chama um “crime de lesa-majestade”. O heraclitismo de Nietzsche é um protesto inconsciente contra a falsa interpretação positivista de Hegel. Nietzsche lamentou, muitas vezes, a sua situação “a-histórica”, de ter perdido a ligação histórica com o centro da civilização alemã, com Goethe. Perdera o sentido da dialética histórica, que é o que o ligaria a Goethe.

O “caminho para trás” é o caminho de Nietzsche a Hegel e de Hegel a Goethe. A dialética histórica do pensamento de Hegel é a congruência das contradições, a “coincidentia oppositorum” objetiva, que se tornou realidade subjetiva em Goethe. Foi um momento feliz do espírito alemão, e que passou. Recuperá-lo seria impossível sob a base do niilismo espiritual de Nietzsche. A única base possível era o niilismo político de Goethe, que, reconhecendo a caducidade do poder exterior, saudara em Napoleão o desmembrador da unidade alemã, o mensageiro do mundo ocidental; porque Goethe via na impotência material das unidades políticas a garantia do poder espiritual dos indivíduos nacionais. O tempo de Goethe é a idade de Péricles na história do espírito alemão. Em Goethe e Napoleão a congruência do “bom alemão” e do “bom europeu”, a “coincidentia oppo­sitorum”, torna-se realidade espiritual. É a vida. A realidade material dessa congruência, de um ou de outro lado, seria a morte.

* Ensaio publicado no livro “A Cinza do Purgatório”, de 1942. Edição da Casa do Estudante do Brasil.


Extraído do sítio do Jornal Opção

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