30 de novembro de 2012

PRÊMIO JABUTI 2012 RECONHECE 87 OBRAS NACIONAIS - Sara Campos

A entrega das estatuetas aconteceu durante cerimônia na Sala São Paulo.

Autora Roberta Malta Saldanha (à esquerda), 2º lugar na categoria Gastronomia, ao lado de representante da editora SENAC (Luís Fernando Novaes/Epoch Times)

Ontem, por volta das 21h, na Sala São Paulo, aconteceu a entrega do 54º Prêmio Jabuti de Literatura, um dos prêmios literários mais importantes do Brasil. Um total de 113 obras literárias foram reconhecidas por autoridades da Câmara Brasileira do Livro, que recebeu para a edição deste ano um 2.203 inscrições de obras publicadas no Brasil em 2011.

As obras premiadas foram divididas em 29 categorias, entre elas Gastronomia, Arquitetura e Urbanismo, Romance, Reportagem, Biografia e Fotografia, foram classificadas em 1º, 2º e 3º lugares.

Em discurso durante o evento, a Presidente da Câmara Brasileira do Livro, Karine Pansa, afirmou que “O maior dos desafios propostos pelos livros está em repensarmos sobre nós mesmos. Os livros vencedores têm textos que exploram com qualidade e sentimento as palavras”.

José Luiz Goldfarb, curador do Jabuti, ressaltou em seu discurso que antecedeu a entrega dos prêmios que “a cidadania moderna passa pela leitura de livros de ficção e não-ficção”.

A escritora Roberta Malta Saldanha, ganhadora do 2º lugar na categoria Gastronomia com a obra Histórias, Lendas e Curiosidades da Gastronomia (Editora SENAC), teve como inspiração para o livro o universo da história da alimentação. Entre as histórias descritas pela autora do livro está a lenda que defendia que os tomates eram venenosos e a chegada do garfo no cotidiano das refeições.

“Receber o prêmio Jabuti em meu 2º livro está sendo um sonho. Para mim foi uma grande surpresa. Fiquei muito honrada porque concorri com escritores maravilhosos e alguns deles foram meus gurus. Estou em estado de glória.”, comemorou.

O prêmio máximo do Jabuti que intitula os melhores livros do ano de ficção e não ficção foi entregue a duas escritoras relacionadas com as organizações Globo, a jornalista Miriam Leitão, pela obra Saga brasileira: a longa luta de um povo por sua moeda (Record), e a dramaturga e escritora Stella Maris Rezende, por A Mocinha do Mercado Central (Globo). Além da estatueta, as escritoras receberam um prêmio em dinheiro no valor de R$35.000.

A seleção de jurados do prêmio foi composta por técnicos da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), Associação Nacional de Livrarias (ANL) e Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL).

Confira no site oficial do evento a lista completa de obras ganhadoras do 54º Prêmio Jabuti 2012.

Extraído do sítio The Epoch Times

POVO DE SUICIDAS - Rui Pereira

É obrigatório inverter a queda da natalidade para assegurar um futuro aos portugueses. 


Foi publicada, há dois anos, uma colectânea de textos de Miguel Unamuno sobre o nosso País, profeticamente intitulada ‘Portugal Povo de Suicidas’. Dos textos, traduzidos e compilados por Rui Caeiro, sobressai a seguinte afirmação do grande pensador espanhol: "Portugal é um povo triste, e é-o até quando sorri. A sua literatura, incluindo a sua literatura cómica e jocosa, é uma literatura triste. Portugal é um povo de suicidas, talvez um povo suicida. A vida não tem para ele sentido transcendente. Desejam talvez viver, sim, mas para quê..."

A afirmação de Unamuno aplica-se, literalmente, ao povo português no seu conjunto, que apresenta hoje uma das taxas de natalidade mais baixas do mundo. A nossa taxa bruta de natalidade (correspondente ao número de crianças que nascem anualmente por cada mil habitantes) foi, em 2011, segundo dados da Pordata, de apenas 9,2 – muito distante do valor de 24,1 que atingíamos em 1960. Em média, cada mulher portuguesa em idade fértil tinha, em 2010, 1,36 filhos, o que compromete a renovação de gerações – que requer a média de 2,1 filhos.

As explicações para esta vertiginosa queda da natalidade não são inteiramente lineares, mas importa reter alguns dados que nos podem ajudar a compreendê-la melhor. Assim, as mulheres portuguesas estão a retardar cada vez mais a natalidade e os nascimentos verificam-se hoje, maioritariamente, entre os 30 e os 34 anos. A leitura parece óbvia: as mulheres esperam pela estabilidade profissional para ter o primeiro filho aos 30 anos – esperam pela sua própria estabilidade e talvez pela estabilidade de maridos e companheiros, sujeitos a trabalhos precários.

Ninguém se pode dar ao luxo de apregoar o neoliberalismo ou outra ideologia qualquer que não enfrente este problema como uma prioridade. Na verdade, a primeira obrigação de uma comunidade é a autopreservação e é obrigatório inverter a queda da natalidade para assegurar um futuro aos portugueses. Todos temos responsabilidades. O CM, por exemplo, celebra e apoia a festa da vida em cada nascimento. Ao Estado cabe prestar um apoio decisivo a jovens casais, no emprego, na habitação e na educação, através de medidas políticas concretas.

Extraído do sítio Correio da Manhã

DIA NACIONAL DO SAMBA TEM PROGRAMAÇÃO VARIADA NO RIO - Pedro Rocha

Ary Barroso compôs o samba Na Baixa do Sapateiro, em homenagem à Bahia. Em 02 de dezembro de 1940, o compositor mineiro foi a primeira vez a Salvador e, em retribuição ao artista, o então vereador Luís Monteiro da Costa aprovou uma lei oficializando aquela data como o Dia Nacional do Samba. O reconhecimento veio em 1963 e neste dia, passou-se a celebrar o ritmo anualmente. Atualmente, a festa já faz parte do calendário do Rio, botando todo mundo para sambar.


Este ano não será diferente. Os festejos comemorativos começam nesta quinta (29) e vão até domingo (2) com vários eventos, entre shows, palestras e a tradicional viagem do Trem do Samba, que chega a sua 17ª edição. O homenageado deste ano será Chico Santana, representante da Velha Guarda da Portela.

A festa começa em Oswaldo Cruz, bairro de onde saíram grandes nomes deste ritmo, em dois palcos montados nas ruas João Vicente e Átila da Silveira. Na quinta (29) haverá apresentações de Mariene de Castro com Sombrinha, Nei Lopes e dos grupos Jaqueira e Fundo de Quintal. Na sexta (30) tocam Jorge Aragão e a Orquestra Tabajara. 

No sábado (1º) cinco trens, sendo um deles especial só para as Velhas Guardas das escolas de samba, sairão da Central do Brasil em direção a Oswaldo Cruz. 36 vagões levarão o público na viagem do Trem do Samba e o ingresso será 1 kg de alimento não-perecível. "A participação do público é muito importante. Incentivamos todos a levarem os seus cavaquinhos, banjos, pandeiros, cuícas e tamborins para fazermos uma grande festa do samba", diz Marquinhos de Oswaldo Cruz, idealizador do projeto. 

Trajetos animados

O primeiro dos trens, programado para partir às 18h04, traz as Velhas Guardas da Portela, Império Serrano, da Mangueira, Salgueiro e da Vila Isabel. O público em geral poderá embarcar nos outros, que seguirão às 18h24, 18:44h, 19h04 e o último às 19h24, com grupos como Cacique de Ramos, Bip Bip, Criolice, Beco do Rato, animando o trajeto. 

"O Trem do Samba nasceu com o objetivo de promover a interação entre os grandes nomes do samba e o público, além de levar conhecimento por meio do resgate dessa cultura. O que nós estamos fazendo é uma recriação das rodas de samba tradicionais", afirma Marquinhos de Oswaldo Cruz.

Na Central do Brasil, o som começa às 15h do sábado (1), com Noca da Portela, Monarco, Tia Surica, Wilson Moreira, entre outros. Às 19h, em Oswaldo Cruz, o público vai conferir shows em quatro palcos: Arlindo Cruz, Martn’Alia, Martinho da Vila, Dona Ivone Lara, Batuque na Cozinha, Galocanto, são algumas das atrações. Nos três dias do evento, a partir das 18h, acontecerão palestras e oficinas de dança na Lona do Conhecimento, espaço criado na Rua Átila da Silveira, também em Oswaldo Cruz. 

Já no domingo (2), Jorge Aragão, Dudu Nobre, Leandro Sapucahy, Wilson das Neves, Reinaldo, Marquinhos Satã, Monarco e Sombrinha tocam no Parque Madureira a partir das 17h, em um show gratuito. A programação oficial está no site tremdosamba.com. O Rio comemorará o Dia do Samba com variações e estilos do ritmo para todos os gostos, como forma de celebrar sua música, história e cultura. 

Extraído do sítio Jornal do Brasil

CHINA TERÁ MAIOR MERCADO DE CINEMA DO MUNDO ATÉ 2020

Expansão da renda da população faz estúdios norte-americanos tentarem parcerias com produtores locais.


Até o ano de 2020, a China deve superar os Estados Unidos e tornar-se o maior mercado consumidor de longa metragens do mundo. É o que revela um estudo conduzido pela gigante de auditoria e contabilidade Ernst & Young.

Em um intervalo de pouco mais de dois anos, o setor de comunicação e entretenimento do país mais populoso do mundo deve passar por uma expansão de aproximadamente 17%. Ao longo dos próximos cinco anos, chineses terão acesso a cerca de 25 mil novas telas de cinema, a maioria equipada com tecnologia de resolução 4K (imagens fornecidas por quatro mil pixels).

Um dos fatores que teria favorecido esse crescimento é a recente decisão do governo chinês de flexibilizar a entrada de produções estrangeiras no país. Se antes os chineses podiam importar um número máximo de 20 longa metragens por ano, hoje os reguladores permitem até 34.

Em entrevista ao jornal britânico The Guardian o especialista da Ernst & Young John Nendick afirmou que "ainda são consideráveis as dificuldades que empresas de mídia e entretenimento sofrem para ingressar no mercado chinês”. Segundo ele, “empresários terão de entender que investir na China é uma proposta de longo prazo, mas que se comprometer com ela significa criar condições para o sucesso”.

Devido ao intenso processo de expansão e distribuição de renda dos últimos anos, o relatório calcula que o país conta com potenciais 1,34 bilhões de consumidores de serviços cinematográficos. A China tirou recentemente o Japão da posição de maior mercado de cinemas fora de Hollywood.

Embora se adaptar ao mercado chinês exija tolerância diante do trabalho de censores do governo, estúdios têm buscado constantemente o país como forma de ampliar suas arrecadações. A Marvel, uma subsidiária da Disney, dividiu a produção do futuro longa "Homem de Ferro 3" com a companhia chinesa DMG. O filme "Looper – Assassinos do Futuro", ficção científica do diretor Rian Johnson estrelada por Bruce Willis, chegou a sofrer alterações em seu roteiro para aproveitar essa expansão do poder aquisitivo asiático. O filme se passa em Xangai, mas originalmente seria rodado em Paris.

Extraído do sítio Opera Mundi

ÁRVORE DE NATAL DO ROCKEFELLER CENTER É ACESA EM NOVA YORK

A árvore de Natal do Rockefeller Center iluminou a noite de Nova York e o espírito festivo de milhares de pessoas que não quiseram perder a cerimônia. Foto: Reuters

A árvore de Natal do Rockefeller Center iluminou nesta quarta-feira a noite de Nova York e o espírito festivo de milhares de pessoas que não quiseram perder essa concorrida cerimônia. Até 7 de janeiro, o coração da Big Apple estará iluminado por 45 mil lâmpadas multicoloridas que decoram a estrutura de 26,6 metros de comprimento. No alto da árvore, que deverá receber a visita diária de 750 mil pessoas, brilha uma estrela feita de cristais Swarovski.

A 80ª cerimônia de inauguração da árvore correu por conta do prefeito da cidade, Michael Bloomberg, e de Jerry e Rob Speyer, dois dos proprietários do Rockefeller Center. Milhares de pessoas lotaram o espaço destinado à pista de gelo do centro para ver as apresentações de Rod Stewart, Cee Lo Green, Tony Bennett e Mariah Carey, entre outros artistas.

A árvore escolhida para as festas deste ano tem 16 metros de diâmetro, dez toneladas e 80 anos de idade. Até 13 de dezembro, quando foi decepada, estava plantada na propriedade do emigrante húngaro Joe Balku, um morador de Flanders, em Nova Jersey.

Extraído do sítio Terra

VINÍCOLA VILLAGIO GRANDO CRIA VINHOS EXCLUSIVOS PARA O FLAMENGO


O C.R.Flamengo em parceria com a empresa MC2 Company lançam neste mês a linha exclusiva de vinhos e espumantes oficiais do clube, apostando seriamente num segmento que acumula um crescimento acima dos 315% nos últimos 10 anos e foi avaliado em mais de US$261 milhões em 2011, de acordo com a revista Wine Business International.

Segundo a OIV (Office International de la Vigne et du Vin) o mercado de vinhos e espumantes no Brasil só têm espaço para crescer. Quando no Chile e na Argentina o consumo per cápita vai de 15 à 31lts respectivamente, no Brasil apenas fica próximo aos 2lts.

A MC2 Company é uma empresa jovem no Brasil porém com ampla experiência internacional com escritórios nos Estados Unidos e na Argentina. A equipe é formada por ex-Diretores Gerais e altos executivos de empresas multinacionais que decidiram apostar no mercado Brasileiro. O foco principal da MC2 Company é a representação comercial e distribuição de produtos que oferecem benefícios claros ao individuo, a sociedade e o mundo.

Os Produtos-O Flamengo Brut e o Brut Rosé foram criados especialmente para o C.R.Flamengo na vinícola brasileira Villaggio Grando, sob a direção do enólogo Mateus Valduga, apenas com as melhores uvas cultivadas na região de Santa Catarina, tais como Pinot Noir, Pinot Meunier, Merlot e Chardonnay.

O Vinho tinto Gran Reserva 2010, é produzido pela vinícola boutique chilena mais prestigiada internacionalmente durante o ano 2011, Vinícola de Aguirre, acumulando mais de 75 prêmios internacionais. Produzido com as melhores uvas Cabernet Sauvignon e Syrah e envelhecido em barricas de carvalho francês e americano por 18 meses antes de ser engarrafado, O Gran Reserva 2010 apresenta um sabor intenso e complexo, com aromas de rosas, cerejas, figos e rosas.

Os rótulos foram desenvolvidos em Washington, USA pelo designer responsável da criação de vinhos particulares para renomeados artistas e esportistas internacionais tais como Will Smith, Drake, Al B Sure, Magic Johnson, Keyshawn Johnson (KJ1/XIX), entre outros.

Assim como os vinhos e espumantes, o Clube de Vinhos do Flamengo contará com acessórios de qualidade superior, especialmente desenvolvidos e produzidos para os torcedores mais exigentes.

Extraído do sítio Revista Fator

LIVRO JUVENIL BRASILEIRO VENCE EDIÇÃO POLÊMICA DO PRÊMIO JABUTI - Luís Miguel Queirós

Escolha de "A Mocinha do Mercado Central", de Stella Maris Rezende, pode ter resultado da polémica que envolveu o romance "Nihonjin", teoricamente favorito.

O prémio é polémico e esta edição não foi excepção. Foto: Manuel Roberto

A escritora Stella Maris Rezende recebeu o prémio Jabuti para o Livro do Ano na categoria de Ficção com "A Mocinha do Mercado Central", uma obra de literatura juvenil que consegue assim a façanha de arrebatar uma distinção habitualmente reservada a romances.

Com mais de meio século de existência, os Jabuti, atribuídos pela Câmara Brasileira do Livro, são um dos prémios literários mais prestigiados no Brasil, e possivelmente os mais polémicos. Também a edição deste ano não fugiu à regra e provocou acaloradas discussões e trocas de acusações nos jornais, sobretudo por causa da actuação de um jurado – o crítico literário Rodrigo Gurgel –, acusado de ter viciado a votação para garantir a vitória de Nihonjin, do estreante Oscar Naksato, na categoria de Romance. Não é mesmo de excluir que a escolha do livro de Stella Maris Rezende para o prémio principal tenha sido um modo de o júri censurar a alegada batota de Gurgel, vetando o seu predilecto Nihonjin, que, tendo vencido na categoria de Romance, era o mais bem colocado na corrida para o Livro do Ano de Ficção.

Para se perceber melhor, é preciso explicar como funcionam os Jabuti, que, além de prestigiados e polémicos, são também deveras complexos, com dezenas de categorias, diversas etapas de votação, coexistência de júris restritos e alargados, e regulamentos que mudam quase todos os anos.

O crescente aumento de categorias levou a que, este ano, tivessem sido atribuídos nada menos do que 29 prémios sectoriais, da literatura infantil aos livros de gastronomia e da tradução às obras de psicologia ou psicanálise. Acresce que, em todas as categorias, os júris escolhem, além do vencedor, os segundo e terceiro lugares, que funcionam como menções honrosas, sem contrapartida financeira. Já os vencedores de cada categoria recebem 3500 reais (cerca de 1280 euros), candidatando-se automaticamente (bem, nem todos, mas seria demasiado moroso explicar porquê) a um dos dois Jabuti ditos “dourados”, o de Ficção (disputado pelos vencedores nas categorias de Romance, Contos e Crónicas, Infantil, Juvenil e Poesia) e o de Não Ficção, ao qual concorrem os vencedores de 19 categorias (há cinco categorias que não direito a passar à fase seguinte).

Os vencedores dos dois prémios principais – ao contrário dos sectoriais, atribuídos por júris especializados, os Jabuti “dourados” são escolhidos por associados de várias instituições do sector do livro, num total de cerca de 500 votantes – recebem 35 mil reais (cerca de 12800 euros). O prémio de Livro do Ano de Não Ficção foi este ano atribuído a Saga Brasileira – A Longa Luta de um Povo por Sua Moeda, da jornalista Miriam Leitão.

As duas obras premiadas foram divulgadas na quarta-feira à noite (dia 28), numa gala em São Paulo. O curador dos prêmios Jabuti, José Luiz Goldfarb, reconheceu à revista Veja que o facto de o prémio de Ficção ter sido atribuído a um livro de literatura juvenil “foi uma surpresa”, mas tudo indica que não lhe terá desagradado ver preterido o livro de Oscar Naksato, que vencera a categoria de Romance. Não por ter nada contra o autor ou a obra, mas por ter ficado irritado com a actuação de um dos jurados, Rodrigo Gurgel, que acusou publicamente de “abuso de poder aritmético”, embora reconheça que este agiu “dentro da legalidade”.

Uma das alterações introduzidas este ano foi a de permitir que os jurados nas várias categorias dessem notas de zero a dez. Até aqui, só podiam, por estranho que pareça, atribuir a cada livro as classificações oito, nove ou dez. A “habilidade” de Gurgel consistiu em dar zeros aos principais rivais do romance que pretendia que ganhasse, estratagema tornado bastante óbvio pelo facto de o mesmo jurado, numa fase anterior da votação, destinada a eleger a uma lista de finalistas, ter dado notas acima de oito às obras que depois castigou com zero. Como os prémios sectoriais foram atribuídos no passado dia 18, é possível que a polémica que entretanto estalou na imprensa tenha acabado por condicionar os jurados dos prémios principais, levando-os a preterir o livro de Naksato.

Goldfarb já avisou que tenciona voltar a mudar o regulamento para evitar que se repitam situações semelhantes. Mas, se não fora o comportamento de Gurgel, o curador até teria provavelmente apreciado que o prémio Livro do Ano fosse atribuído a um romance de estreia de um autor desconhecido. É que, em anos anteriores, os Jabuti tinham sido fortemente criticados por, alegadamente, privilegiarem figuras mediáticas. O caso mais notório ocorreu em 2010, quando Chico Buarque ganhou o prémio principal de Ficção com Leite Derramado, que o júri do prémio de Romance colocara apenas em segundo lugar, atrás de Se Eu Fechar os Olhos, de Edney Silvestre. Uma polémica que levou a organização do Jabuti a decidir que só os vencedores de cada categoria podiam candidatar-se aos prémios de Livro do Ano.

Extraído do sítio Público.pt

ESCRITOR JOSÉ MANUEL CABALLERO BONALD CONQUISTA O PRÊMIO MIGUEL DE CERVANTES

Apesar da consagração, livros do autor não está disponíveis no Brasil traduzidos para o português.

O escritor, poeta e ensaísta José Manuel Caballero Bonald, 86 anos, conquistou, nesta quinta-feira (29/11), o Prêmio Miguel Cervantes, um dos títulos mais importantes da literatura espanhola. A premiação reconhece o trabalho criativo de Bonald, um dos principais autores da língua e um dos sobreviventes da chamada geração de 50.

O anúncio foi hoje feito pelo ministro da Cultura José Ignacio Wert. O escritor recebeu 125 mil euros pela conquista, segundo informações do jornal El País.

Este é um dos poucos prêmios que faltavam na lista do escritor. Ele já venceu o prêmio Nacional de Literatura (2005), de Poesia Latino-americana (2004) e conquistou três vezes o Crítico pelos poemas Las horas muertas (1959), Descrédito del héroe (1977) e pela novela Ágata ojo de gato (1974).

José Manuel Caballero Bonald se une à lista de 35 vencedores do prêmio, como Alejo Carpentier, Jorge Luis Borges, Alonso Damaso, Zambrano María, Octavio Paz ou Parra Nicanor que ganhou no ano passado.

Extraído do sítio Diário de Pernambuco

29 de novembro de 2012

AUTORA DE LIVRO ERÓTICO DIZ TER VERGONHA QUE HOMENS LEIAM 'FANTASIAS'

E.L. James: autora diz não se sentir pressionada a escrever novos livros

A autora do best-seller Cinquenta Tons de Cinza, E.L. James, disse sentir "vergonha" que homens "leiam suas fantasias".

"Quando penso que homens estão lendo (o livro) e que essas são minhas fantasias, sinto uma boa dose de vergonha, mas a única solução é encarar isso de frente", afirmou James, em entrevista à BBC, referindo-se ao crescente público masculino de sua obra.

Cinquenta Tons de Cinza é um romance erótico e já vendeu 60 milhões de exemplares em todo o mundo. Ao Brasil, chegou no mês passado e também se tornou um sucesso de vendas.

O livro conta a história da relação amorosa entre uma jovem de 22 anos e um empresário atormentado.

Faz parte de uma trilogia - os dois outros livros são Cinquenta Tons Mais Escuros e Cinquenta Tons de Liberdade

James contou que os personagens são inspirados em pessoas que conhece e o processo de escrever o livro foi muito espontâneo.

"Não tinha nenhuma ideia de para onde estava indo, nenhum projeto", afirmou.

Novos livros

James também disse que não se sente pressionada a escrever novos livros.

"Escrevi esses por diversão e quero continuar escrevendo por diversão. Se deixar de ser divertido, não vou escrever de novo", afirmou.

Ela confirmou que um estúdio de Hollywood está preparando um filme baseado no livro.

Questionada sobre como sua vida mudou após o sucesso editorial, respondeu: "Não tenho mais de me preocupar com a mensalidade da escola das crianças, o que é muito bom."

Extraído do sítio BBC Brasil

28 de novembro de 2012

OS SETENTA ANOS DA BATALHA DE STALINGRADO - Svetlana Kalmykova

No dia 19 de novembro de 1942, o Exército Vermelho iniciou a sua contraofensiva na Segunda Guerra Mundial na Batalha de Stalingrado, operação que resultou na derrota completa das tropas alemãs nazistas. A partir das ruínas da cidade, começou o longo caminho até à vitória da primavera de 1945.

Foto: TASS

Há setenta anos, no dia 19 de novembro de 1942, o Exército Vermelho iniciou a sua contraofensiva na Segunda Guerra Mundial na Batalha de Stalingrado, operação que resultou na derrota completa das tropas alemãs nazistas. A partir das ruínas de Stalingrado, começou o longo caminho até à vitória da primavera de 1945.

Naquela manhã, milhares de peças de artilharia do Exército Vermelho despejaram uma tempestade de fogo sobre as posições inimigas e a ofensiva começou. Dias depois, as tropas soviéticas fecharam o cerco aos 330 mil soldados, oficiais e generais do exército de Hitler. Os combates continuaram durante os três meses seguintes, mas todas as tentativas alemãs de romper o cerco e sair foram infrutíferas.

Esta operação no Rio Volga, batizada de Uran, foi preparada durante dois meses. Na Stalingrado (atual Volgogrado) cercada, em condições de segredo rigoroso, se concentraram reforços provenientes da Sibéria Ocidental e foi criado um poderoso grupo de assalto.

Virada

Os historiadores consideram esse um momento culminante, um ponto de virada de toda a Segunda Guerra.

“Para a máquina de guerra alemã, que até aquele momento tinha conquistado quase toda a Europa, este foi um golpe devastador, do qual ela não conseguiu se recuperar”, diz o perito do Instituto de História Geral da Academia das Ciências da Rússia Mikhail Miagkov.

“Foi precisamente aqui que se deu a virada moral na guerra. Não só porque os alemães concentraram ali as suas unidades principais e Hitler dava uma enorme importância política a essa cidade, mas também porque o exército soviético sentiu que o inimigo poderia ser vencido.”

A contraofensiva foi precedida de meses de duros combates. As tropas do Terceiro Reich avançaram em meados de julho em direção a Stalingrado e estavam convencidas de que até agosto a cidade cairia, abrindo-lhes o caminho para as áreas petrolíferas do Cáucaso. Mas elas esbarraram na incrível resistência por parte dos defensores da cidade, que lutavam até à morte e não defenderam apenas a cidade, mas salvaram a Europa e todo o mundo do nazismo. A derrota das tropas de Hitler em Stalingrado permitiu o desenvolvimento do movimento da Resistência nos países da Europa.

Mais sangrenta

A batalha, que durou 200 dias, foi a maior e a mais sangrenta da história. Entre mortos e feridos, somam-se cerca de um milhão de soldados e oficiais soviéticos, enquanto os exércitos do bloco nazifascista perderam um quarto das forças que combatiam na frente germano-soviética.

“Muitos livros já foram escritos sobre a batalha, mas o trabalho continua”, diz Elena Tsunaeva, historiadora de Volgogrado e uma dos autoras da enciclopédia dedicada à batalha.

“Se sabe muito, mas se analisarmos os detalhes, ainda há muito por descobrir. Há pouca informação sobre determinados destacamentos militares e é difícil encontrar documentos de arquivo, visto que muito foi destruído durante a guerra. Falta informação mesmo sobre alguns comandantes. Ou seja, nós sabemos quem foram os heróis, quem foram os condecorados, mais é muito complicado encontrar a descrição detalhada dos seus feito. Quanto ao fato de terem sido escritos muitos livros, posso dizer que alguns episódios são simplesmente copiados. Por isso seria errado dizer que o estudo da batalha terminou.

A continuação desses estudos deverá receber a contribuição da quinta edição da enciclopédia, assim como da nova edição biográfica “Batalha de Stalingrado e os seus Habitantes”, que irá descrever a contribuição que os habitantes da cidade deram para a vitória tanto na retaguarda como na frente de combate. Pois se olharmos para a vitória, esta foi tecida de milhões de feitos e vitórias das mais diversas.

Extraído do sítio Gazeta Russa

27 de novembro de 2012

ESBOÇOS DE UMA CAPITAL: O ESCULTOR DOS ESPAÇOS - PARTE VII - Sara Campos

Niemeyer baseia-se em Le Corbusier para elaborar as curvas suntuosas da capital.

O arquiteto Oscar Niemeyer observa a maquete usada para a construção de Brasília nos anos 50 (Arquivo Público de Brasília)

Um dos arquitetos mais reconhecidos do mundo, Oscar Niemeyer é peça fundamental para a realização de Brasília. Apesar da polêmica em torno da funcionalidade de suas obras na capital do país, o arquiteto carioca viu nas curvas uma base importante para a marca de seu traçado.

Uma das figuras arquitetônicas que inspiram o trabalho do arquiteto, o suíço Le Corbusier, defendia a simplicidade e o conceito de arquitetura moderna. O recurso do concreto armado, uma marca dos principais edifícios de Brasília, também surgiu por iniciativa do arquiteto suíço. As construções sobre pilotis, chamadas de construções suspensas, e o conceito de fachada livre, foram dois elementos presentes no conjunto arquitetônico de Brasília.

Para o professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, Frederico Flósculo, uma das virtudes do arquiteto é “ageometrizar” os espaços com pureza. A união das cônicas, as curvas derivadas do cone, conferiu à arquitetura de Brasília um ar futurista para a época.

“A arquitetura dele gira totalmente em torno de círculo, elipse, hipérbole e parábola. Toda a sua arquitetura é baseada em composições feitas através da combinação das cônicas. Quando você entende o que ele faz, sua obra torna-se geometria pura. É uma forma tão expressiva esteticamente como se ela fosse eterna”.

Apesar de gerar polêmica ao utilizar o concreto em todas as suas criações, por ser um material que retém calor, seu uso permitia uma maior liberdade de criação de moldes além de uma indiscutível durabilidade.

Um dos destaques do trabalho do arquiteto nos traçados de Brasília, as colunas do Palácio do Planalto, tornaram-se referência internacional graças ao refinado efeito plástico que une curvas e retas que resultam em um trabalho fora dos padrões arquitetônicos da época.

De acordo com informações do Palácio do Planalto, as criações de Niemeyer fizeram com que Brasília se tornasse uma das áreas de tombamento mais extensas do mundo – um total de 112,25 km² – além de ser classificada como Patrimônio Mundial em 1987.

Extraído do sítio The Epoch Times

PINTURA DE KUSTODIEV É VENDIDA POR MAIS DE US$ 7 MILHÕES

Uma pintura icônica do russo Boris Kustodiev foi leiloada na segunda-feira, 26, na Casa Christie’s de Londres, por mais de US$ 7 milhões. O valor estabelece um novo recorde para as obras do artista. O quadro foi comprado por um licitante anônimo da Europa, que deu a sua oferta pelo telefone.

“O Cocheiro”, da coleção do vencedor do Prêmio Nobel de Ciências Peter Kapitza, foi arrematado por quase três vezes mais que o seu valor mínimo, de US$ 2,4 milhões. Essa é a primeira vez que o óleo sobre tela de 98 centímetros de comprimento e 81,5 de largura aparece no mercado. Kapitza, famoso físico russo do século XX, era amigo e patrono de Kustodiev. Ele comprou a imagem das mãos da própria esposa do artista, em 1936. “O Cocheiro”, pintura-chave na Exibição de Arte Russa de Nova York em 1924, foi escolhida entre mais de 900 trabalhos para servir de pôster do evento.

“O Cocheiro”, de Boris Kustodiev
No 40º aniversário da Venda de Artes da Rússia, na última segunda na Casa Christie's, foram oferecidas mais de 415 obras e arrecadados, ao todo, aproximadamente, US$ 17,6 milhões.

Extraído do sítio Diário da Rússia

PRESÉPIO COM RELÍQUIAS EUROPEIAS DO SÉCULO 18 ESTÁ EM EXPOSIÇÃO NO RIO - Akemi Nitahara


Rio de Janeiro – O público do Rio de Janeiro pode conferir, até o dia 23 de dezembro, o maior presépio da cidade, montado com miniaturas do século 18 e 19 que representam a cidade de Nápoles. Ele está exposto no Centro Cultural da Fundação Cesgranrio, no Rio Comprido, zona norte do Rio.

A maquete de 90 metros quadrados conta com 3.500 peças das quais 80% são em terracota. Na grande maioria, as miniaturas vieram da Itália. De acordo com o produtor cultural do espaço, Anton Vasconcellos, as relíquias foram compradas separadamente e a exposição atual brinca com a história do Natal.

“O presépio mistura Nápoles do século 18 com Jerusalém na época do nascimento do menino Jesus. Tem toda uma historinha na montagem desse presépio: é um garoto que sonha, na época do Natal, que o nascimento do Menino Jesus está sendo na cidade dele”.

Dessa forma, o presépio não retrata apenas o tradicional estábulo com a manjedoura, e sim toda a cidade de Nápoles em festa, com dança e comidas típicas da região italiana.

“Alguns bonecos são articulados, é uma festa, até para fazer uma alusão de que o nascimento de Cristo é uma festa, é uma ocasião, se não a mais, das mais alegres que já aconteceu. Então, tem toda essa mistura, tem essa brincadeira, tem o palácio de Herodes ao fundo, tem o povo dançando, o povo fazendo festa”, explica o produtor.

O chamado presépio napolitano é montado na cidade desde 1994, com novas peças agregadas a cada ano. Ele ficava na Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa, no Flamengo, antes de ocupar o espaço do antigo Le Buffet, no prédio anexo ao campus da Fundação Cesgranrio, onde é montado desde o ano passado.

No local de exposição também podem ser vistas a maquete da Cidade de Neve, que representa uma cidade americana no Natal, e a Cidade do Papai Noel, com o bom velhinho em diversas situações. A expectativa dos organizadores é receber cerca de 100 pessoas por dia.

A visitação é de quarta-feira a domingo, das 10h às 18h. Às sextas-feiras, sábados e domingos também é encenado o espetáculo infantil O dia que o Papai Noel Foi Raptado. O ingresso é 1 quilo de alimento não-perecível. Os produtos recolhidos serão doados para a Comunidade Emanuel, em Botafogo.

Extraído do sítio Agência Brasil

VALTER HUGO MÃE É O GRANDE VENCEDOR DO PRÊMIO PORTUGAL TELECOM 2012 - Isabel Coutinho

O romancista Valter Hugo Mãe, o poeta Nuno Ramos e o contista Dalton Trevisan são os vencedores da 10ª edição do Prémio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa, que foi anunciado em S. Paulo, nesta segunda-feira à noite.

O escritor Valter Hugo Mãe. Foto: Adriano Miranda

Valter Hugo Mãe é o grande vencedor da 10ª edição do Prémio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa. O escritor português recebeu esta noite numa cerimónia que decorreu no Auditório Ibirapuera, em S. Paulo, no Brasil, o prémio na categoria de melhor romance com a A Máquina de Fazer Espanhóis e também foi o vencedor do Grande Prémio Portugal Telecom 2012.

"Muito obrigado. É uma honra ser finalista com todos esses escritores com quem fui finalista, estava convencido que Bernardo Kucinski [académico brasileiro que escreveu K., um primeiro romance que se passa na época da ditadura e que recebeu uma menção honrosa] ia ganhar", disse o escritor português, emocionado quando recebeu o prémio de melhor romance das mãos do vice-presidente da PT Brasil, Abílio Martins.

Mais tarde voltou ao palco para receber o grande prémio da noite. "Tenho de falar devagar para não me comover. Cresci a escrever muito, mas não achava que ser escritor era algo que eu pudesse ser. Agradeço que subitamente eu possa estar mais perto de vocês, mas se calhar mais perto de mim", disse o escritor.

Também eram finalistas na categoria de romance o brasileiro Michel Laub, com Diário da Queda (que irá ser publicado em Portugal pela Tinta da China no próximo ano) e o brasileiro de ascendência argentina, Julián Fuks, com Procura do Romance.

O artista brasileiro multimédia Nuno Ramos venceu a categoria de poesia com a obra Junco. O escritor, que já foi vencedor do Prémio Portugal Telecom 2009 com Ó, agradeceu à mulher, Sandra, que fez os desenhos deste livro, "uma espécie de cena original de tudo o que ele faz". Na categoria de poesia concorriam ao prémio o poeta português Gastão Cruz, com o livro Escarpas e Zulmira Ribeiro Tavares (Vesúvio), e ainda jovem poeta mineira Ana Martins Marques (Da Arte das Armadilhas).

O Prémio Camões 2012, o escritor brasileiro Dalton Trevisan, vencedor das edições de 2003 e 2007 do Prémio Portugal Telecom e que este ano concorreu com o livro de contos O Anão e a Ninfeta, foi o vencedor na categoria de conto e de crónica. O escritor, que não se deixa fotografar desde os anos 60 e vive isolado em Curitiba, não esteve no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, mas enviou a representante da editora Record. Além de Dalton Trevisan, eram candidatos os brasileiros Sérgio Sant’Anna que recebeu o prémio em 2004, com O Livro de Praga; João Anzanello Carrascoza, com Amores Mínimos; e Evando Nascimento, com Cantos do Mundo.

A cerimónia, que decorreu no auditório no edifício projectado pelo arquitecto Oscar Niemeyer, teve apresentação do cantor e músico Arnaldo Antunes (ex-Titãs) e da actriz brasileira Maria Fernanda Cândido e foram recordadas as várias obras premiadas ao longo dos dez anos do galardão.

O valor atribuído aos vencedores de cada categoria é de 50 mil reais (18.500 euros), o mesmo valor do Grande Prémio Portugal Telecom 2012.

Extraído do sítio Público.pt

ITÁLIA LUTA CONTRA O TEMPO PARA SALVAR TESOUROS DA RENASCENÇA - Mark Duff

Região da Emília Romana abriga "tesouros arquitetônicos" da Renascença italiana

Quando os primeiros terremotos a abalar o norte da Itália nos últimos 500 anos causaram mortes e estragos na Emília Romana, em maio, o rastro de destruição ultrapassou casas, prédios e infraestrutura, atingindo também algumas "joias" da arquitetura renascentista.

Seis meses depois, especialistas ainda lutam contra o tempo para fazer os reparos. O arquiteto Andrea Sardo trabalha no Ministério da Cultura italiano e é um dos responsáveis pelas obras de restauração.

"Fico muito chocado quando vejo esse tipo de coisa", diz o italiano, diante da basílica de São Francisco, na cidade de Mirandola, que foi praticamente destruída. "Você pode ver, através do buraco na janela, que o teto ruiu e que há grandes rachaduras em toda a fachada?"

Andaimes e equipamentos estão impedindo a fachada de ruir completamente, e algumas colunas restaram, mas além disso há muito pouco de pé.

Sardo é um veterano no assunto e já atuou nas obras de restauração após os tremores de Assis e Áquila, mas este, diz ele, é o pior que já viu.

Equipes lutam contra o tempo, mas crise econômica ameaça orçamento da operação

A região atingida abriga algumas das mais sofitisticadas obras arquitetônicas renascentistas.

A basílica de São Francisco e o Duomo são duas das mais de 2,2 mil igrejas e outros prédios históricos que foram danificados ou destruídos nos dois tremores que abalaram a região em maio.

Desde então, os especialistas têm travado uma batalha contra o tempo para agilizar as obras de restauração antes que as chuvas e geadas do inverno as destruam para sempre.

Equipes de arquitetos e bombeiros de elite têm vasculhado a área, catalogando os detalhes de cada prédio, estátua, quadro ou crucifixos que precisam ser protegidos das intempéries do tempo ou restaurados.
Crise

Antonio Cuttitta, da equipe dos bombeiros, descreve o trabalho como uma operação de triagem, determinando prioridades e depois focando em proteger e salvar o que está em maior risco.

"Recebemos uma lista enorme de itens para recolher em igrejas, castelos e outros prédios", afirma. "Trata-se de uma questão de decidir o que se encontra mais vulnerável, que precisa de proteção mais urgente."

Estima-se que o trabalho tenha um custo de até US$ 3 bilhões.

Conhecida como Duomo de Mirandola, igreja do norte do país foi muito danificada por tremores

Para se ter uma ideia da dimensão do que está em jogo, a União Europeia ofereceu US$ 856 milhões em ajuda, e o governo italiano deve investir quase US$ 10,3 milhões para tentar resgatar o patrimômio cultural da região.

Grazia de Cesare, do Instituto de Conservação e Restauração de Roma, reconhece que, em um momento em que o país - e a zona do euro como um todo - enfrentam uma de suas piores crises econômicas, o destino de obras de arte danificadas não é a maior prioridade.

"Ninguém está muito interessado nisso", diz De Cesare. "Não é uma prioridade."

O custo do trabalho também preocupa o arquiteto Andrea Sardo. "Não sei de onde vai vir o dinheiro. O governo prometeu ajudar, mas vamos precisar de investimentos privados também, talvez dos bancos", afirma. "Mas hoje em dia até os bancos estão sem dinheiro."

Para o bombeiro Antonio Cuttita, a situação é mais objetiva: "Não era a melhor hora para acontecer um terremoto."

Extraído do sítio BBC Brasil

EXPOSIÇÂO EM SÃO PAULO VAI CONTAR A HISTÓRIA DA RÁDIO NACIONAL - Elaine Patrícia Cruz


São Paulo - "Alô, alô Brasil! Aqui fala a Rádio Nacional do Rio de Janeiro!" Foi com essa frase que o locutor Celso Guimarães deu início à transmissão da Rádio Nacional, em 1936. Alguns anos depois, a emissora virou referência: por ela passaram grandes intérpretes da música popular brasileira, tais como Dalva de Oliveira, Lamartine Babo, Francisco Alves, Orlando Silva e Dolores Duran. Nela surgiram também os programas de auditório de variedades e de humor. E foi por meio de suas ondas que foram transmitidas as famosas radionovelas, que enriqueceram o imaginário brasileiro.

Para homenagear toda essa história, que ajudou a construir a história do rádio no país, a Caixa Cultural Sé, localizada no centro de São Paulo, vai abrigar uma exposição que apresenta 75 fotografias do acervo da rádio do Rio de Janeiro. No passeio, o visitante também poderá ouvir programas e gravações do estúdio e do auditório da rádio.

Segundo o curador e historiador Carlos Eduardo França de Oliveira, o foco da exposição, chamada Uma Rádio Ligando o Brasil: Memória da Rádio Nacional, é a década de 1950. “É uma exposição sobre a Rádio Nacional e busca retratar um pouco da trajetória que ela percorreu desde os anos 1930 até hoje. Por uma questão de acervo, acabamos restringindo a exposição aos anos 1950 porque buscamos trabalhar com o acervo da própria Rádio Nacional, fotográfico e de fonogramas”, disse Oliveira, em entrevista à Agência Brasil.


Em 76 anos de existência, a Rádio Nacional reuniu um acervo considerável de discos, gravações, imagens e cartazes. Tudo isso ajudou a consolidar a ideia de nacionalidade brasileira, um pedido feito pelo então presidente Getúlio Vargas. Foi então, no rádio, que surgiram os primeiros símbolos dessa unidade nacional: a cantora Carmem Miranda e o compositor Ary Barroso, ritmos como o samba e o choro, a música Aquarela do Brasil (de Ary Barroso) e o programa de notícias Repórter Esso.

“A Rádio Nacional foi um projeto criado no final dos anos 1930 quando o Brasil ainda não tinha uma identidade cultural, um traço cultural. Havia uma série de manifestações dispersas por todo o país, mas nada que as unificasse. No governo de Getulio Vargas, no Estado Novo, tentou-se, de diversas formas, dar uma cara para o Brasil e dizer o que o simboliza. ARádio Nacional vai muito de encontro com isso”, explicou o curador.

Segundo Oliveira, um exemplo disso é o que ocorreu com o samba. “Até os anos 1930, o samba era restrito a algumas partes do território nacional. Ele foi então trabalhado por meio da Rádio Nacional como sendo elemento nacional por excelência”, disse.


No percurso da exposição, o visitante irá se deparar com muitas fotografias que ajudam a contar a história da Rádio Nacional na década de 1950. “Ao longo da exposição [o visitante] encontrará os cantores, cantoras e músicos, os personagens dos programas de auditório e imagens das pessoas que frequentavam a Rádio Nacional. Haverá também uma área sobre o backstage [bastidores] da Rádio Nacional, ou seja, sobre as pessoas que trabalhavam na rádio, na parte técnica ou administrativa, mas que os ouvintes não conheciam. Haverá também um espaço para as radionovelas, que eram um grande sucesso dos anos 1950”, disse o curador. Segundo ele, haverá inclusive fotos que mostrarão como eram feitas as sonoplastias das radionovelas, desde os ruídos que lembravam o barulho da chuva até os passos dos cavalos.

Além das imagens, haverá uma área voltada para a audição, em que o visitante poderá escutar trechos dos programas da rádio, e outra que vai apresentar uma animação, mesclando publicidade, áudio e imagens da época e que pretende mostrar como era a Rádio Nacional.

A exposição é gratuita e terá início no dia 8 de dezembro, com término no dia 25 de fevereiro do próximo ano. O projeto é uma parceria com a Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Mais informações sobre a exposição podem ser acessadas em http://www.caixacultural.com.br.

Extraído do sítio Agência Brasil

FORTALEZA: ESTREIA DO NATAL DE LUZ 2012 ENCANTA O PÚBLICO - Renato Bezerra

Um dos destaques da noite foi Jorge Vercillo, que, antes de fazer um show, cantou na sacada do Hotel junto ao Coral.

A Praça do Ferreira foi palco, na noite de sexta-feira (23), de uma grande festa com a abertura da 16ª edição do Ceará Natal de Luz. Mais de 25 mil pessoas, entre adultos, jovens, idosos e crianças acompanharam a programação no local, que contou com a apresentação especial do cantor Jorge Vercillo. A praça, que recebeu decoração especial para os festejos natalinos, segue com programação do evento até o próximo dia 23 de dezembro.

Em sua chegada, o Papai Noel desceu de uma tirolesa da cobertura do edifício Savanah em direção ao Hotel Excelsior, em que as 120 crianças, que compõem o Coral de Luz, emocionaram o público ao cantar nas sacadas do prédio FOTO: LUCAS DE MENEZES

Logo no início da noite, o público já lotava a Praça do Ferreira. Todos buscavam o melhor ângulo para não perder nenhum detalhe do evento. Os festejos tiveram início com a apresentação do pianista Felipe Adjatre e em seguida da Camerata e do Coral da Universidade de Fortaleza (Unifor).

Para alegria da criançada presente no local, a chegada do Papai Noel não poderia ter sido de forma mais irreverente. O bom velhinho desceu de uma tirolesa da cobertura do edifício Savanah em direção ao Hotel Excelsior, sob as palmas da multidão presente. Entre o público, a funcionária pública Vânia de Oliveira, que, emocionada não escondeu as lágrimas na chegada do Papai Noel. "Natal para mim é amor, paz, prosperidade, é tudo muito lindo. Todos os anos eu trago minhas netas para cá", diz.

Outro ponto forte da noite, a apresentação do Coral de Luz, com 120 crianças cantando e dançando na sacada do Hotel Excelsior, também encantou os presentes no local. A pequena Kaiane, de apenas cinco anos de idade, não tirou os olhos da apresentação. Sua mãe, a dona de casa Conceição de Oliveira, 38, chegou cedo para garantir um bom local para a filha. "Apesar de ser cansativo, valeu a pena. É a primeira vez dela", declarou.

Em um mês de programação, o público contará com corais, orquestras, autos de natal e a apresentação diária do Coral de Luz, sempre às 18 horas.

Tradição

"É um evento que está no calendário da cidade, uma retribuição que damos para a sociedade por um ano de trabalho, eles valorizam as nossas empresas, então, é um esforço que fazemos todos os anos, e a festa vem sempre crescendo, isso é muito bom" diz o presidente do Clube de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), Francisco Freitas Cordeiro.

Extraído do sítio Diário do Nordeste

Uma noite com muito brilho e emoção. Milhares de pessoas acompanharam, nesta sexta-feira (23), a abertura oficial do Natal de Luz, no Centro de Fortaleza

26 de novembro de 2012

PATRIMÔNIO HISTÓRICO SOB A SOMBRA DO ESQUECIMENTO - Kelly Garcia

Prédios importantes para a história da cidade não são visitados por falta de incentivo e pela má conservação

No próximo dia 15 de dezembro começa a alta estação. Embora ainda não haja previsão de quantos turistas estarão em Fortaleza no período, a ocupação dos hotéis no último feriado, da Proclamação da República, foi de mais de 90%. Se o turista optar por fazer um roteiro histórico ou cultural, o que existe para ser visto? E o que realmente pode ser visitado, sem riscos de assaltos ou outros danos para quem for até lá?

Farol do Mucuripe, construído no século XIX, no Serviluz, não é mais visitado pelos turistas FOTO: NATASHA MOTA

A equipe do Diário do Nordeste visitou 11 locais importantes na história da cidade, não só no Centro, mas também no Benfica, Mucuripe e Aldeota e constatou que vários desses bens não contam com estrutura para receber os visitantes.

A começar pelo serviço de informações turísticas, de responsabilidade da Secretaria do Turismo do Estado (Setur) e Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor), que é ineficiente. Ao ligar para o serviço é possível perceber o despreparo dos funcionários. Na lista fornecida, não são indicados os mesmos equipamentos culturais e ainda são recomendados espaços que não contam com programação fixa, como o Centro de Eventos.

Na Casa do Turista da Avenida Beira-Mar, foi sugerido à equipe de reportagem visitar o Mercado Central, o Centro de Turismo, o Dragão do Mar e a Igreja "ao lado do Mercado Central", que é a Catedral da Sé, mas que não foi identificada pela pessoa que atendeu às ligações.

Ao contactar o posto de informações da Praça do Ferreira, a funcionária indicou, primeiro, um museu, que ela admitiu não saber o nome e, logo após, a ligação caiu. Quando a equipe tentou pela segunda vez, foi sugerido o Centro Cultural do Banco do Nordeste, o Museu do Ceará, o Theatro José de Alencar e o Centro Dragão do Mar.

Opções

No aeroporto, as sugestões foram o Centro Dragão do Mar e o Teatro São José, este fechado à visitação. Outra opção de visita foi o Centro de Eventos do Ceará (CEC), porque existiria programação cultural nos fins de semana, o que, de fato, não existe, já que o equipamento não tem uma programação fixa.

Com poucas opções e sem o incentivo das agências, o destino da maioria dos turistas termina sendo as praias do entorno de Fortaleza e a feirinha montada na Avenida Beira-Mar.

Para o advogado paulista Rodrigo Nishiyamamoto, que visitava a cidade pela primeira vez com a namorada, Luciana Castelleoni e a mãe dele, a dona de casa Maria José do Lago, o turismo cultural e histórico é fraco em Fortaleza. "Já visitamos outras cidades do Nordeste como Porto Seguro e Natal e aqui tem pouco para ser visto, além de os locais estarem muito sujos", aponta o advogado, após sair do Museu do Ceará, que fica ao lado da Praça General Tibúrcio, mais conhecida como Praça dos Leões, moradia de várias pessoas em situação de rua.

Naquela região do Centro de Fortaleza, a equipe de reportagem também visitou a Academia Cearense de Letras, construída no fim do século XVIII para ser a residência do capitão-mor Antônio Castro Viana e que abrigou a sede do Governo do Estado até 1970. No local, as infiltrações e as rachaduras colocam em risco o acervo da instituição, que conta com mais de 30 mil livros, entre obras raras e coleções de acadêmicos falecidos.

Segundo a bibliotecária Madalena Figueiredo, não há recursos para uma reforma, já que os reparos devem ser feitos pela própria instituição, que é responsável pelo prédio desde 1989. "Estamos esperando verba do Ministério da Cultura, através de um projeto que está em trâmite", explica a bibliotecária.

Falta de segurança

Ao lado do Palácio da Luz, na Igreja do Rosário, o problema constante é a insegurança. De acordo com o agente de pastoral da Catedral à proteção do patrimônio, Paulo César Pires, os assaltos acontecem quase que diariamente do lado de fora da Igreja. "Não temos seguranças fixos aqui e, inclusive, já fizemos protestos por isso, fechando a Igreja durante uma semana, há dois anos. Seria interessante se a Polícia pudesse fazer a segurança daqui, como é feito no Dragão do Mar, que está bem mais tranquilo. Quando os turistas vêm para visitar a Igreja, eu até peço desculpas, por causa do mau cheiro da praça, ocupada pelos moradores de rua", conta.

A Igreja do Rosário, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) em 1986, foi construída em 1730 pelos escravos. Ali, existe a tumba de Major Facundo, que foi sepultado de pé, voltado para o Palácio da Luz e de mais 50 escravos e quatro crianças, que estão embaixo do assoalho do templo. O acervo também conta com duas imagens do século XVIII e a arquitetura do altar é revestida em folhetos de ouro.

O Farol do Mucuripe, localizado no bairro Serviluz, é mais um local de importância histórica abandonado de Fortaleza. A insegurança e a má conservação do local afastou os turistas, mas a placa indicando onde ele está ainda permanece na Avenida Zezé Diogo.

Conservação

O prédio está coberto de pichações e permanece fechado. Nas portas e janelas de madeira, existem partes quebradas e danificadas pelos cupins. Ao chegar ao local, a equipe de reportagem encontrou duas meninas que logo alertaram sobre o perigo de assaltos no entorno do lugar.

A edificação foi erguida em 1846. É um marco na história do Ceará, não só no aspecto físico, como também no aspecto econômico do Estado. Apesar de estar desativado desde 1957, por ter se tornado obsoleto, foi recuperado em 1981, com projeto da Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria de Cultura e Desporto do Estado. Também é um bem tombado pelo Estado desde 1983.

A vendedora Luzanira Gomes mora ao lado do Farol há mais de 20 anos e ainda lembra da época em que o espaço era visitado. "Aí tinha lanche e artesanato para vender. Agora, está assim: sem vigia há mais de cinco anos. Apesar de ser um prédio bonito, quem vem se decepciona com o abandono. Estamos vendo a hora de invadirem e fazerem sujeira dentro", alerta.

Poder público anuncia reparo em equipamentos

Mesmo que ainda existam muitos prédios com importância histórica fechados e sem visitação, como é o caso do Farol do Mucuripe, várias restaurações de edificações representativas para a memória de Fortaleza foram feitas nos últimos anos.

Mausoléu do presidente Humberto Castello Branco tem visitação agendada pela internet

De acordo com o coordenador de Produtos e Destinos Turísticos da Secretaria de Turismo (Setur), Valdo Mesquita, são exemplos o Seminário da Prainha, o Centro de Turismo, o Palácio da Abolição e o Mausoléu Castello Branco, na Aldeota. Quanto à criação de roteiros culturais, a Setur informa não ser de sua responsabilidade. "Como isso envolve lucros, é deliberação da iniciativa privada".

Sobre a falta de preparo dos atendentes do serviço de informações turísticas, Valdo Mesquita, informa não ter conhecimento. "Os nossos funcionários têm treinamento periódico e nos dois postos, na Rodoviária e no Aeroporto, ainda temos colaboradores bilíngues", explica.

Já a Secretaria da Cultura do Estado (Secult), responsável por equipamentos como o Centro Dragão do Mar, o Theatro José de Alencar e o Museu do Ceará, anuncia reparos. "Iremos recuperar a coberta do arquivo intermediário do Arquivo Público e já iniciamos o restauro do Theatro José de Alencar. Já na Casa de Juvenal Galeno, a nossa previsão é concluir no ano que vem a complementação das obras", esclarece o coordenador de Patrimônio Histórico e Cultural da Secult, Otávio Menezes.

Recuperação

Segundo a titular da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), Fátima Mesquita, existe um projeto para o Farol do Mucuripe. "No momento, temos uma articulação com a comunidade para que haja a cessão da guarda para o município integrando o projeto Aldeia da Praia, que irá transformá-lo em paço de memória da comunidade".

Outro bem que deverá ser restaurado até 2014 é a Casa do Barão de Camocim, no Centro. "Incluímos o projeto no Plano de Ação das Cidades Históricas, orientado pelo Iphan, que terá financiamento incluso nas obras para a Copa 2014", afirma. Já as Caixas-d´Água da Avenida Antônio Pompeu têm pedido de tombamento protocolado na Secultfor desde 2011. "Esse pedido garante proteção provisória, enquanto aguarda instruções de tombamento a serem analisados pelo Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural".

A Polícia Militar também ressaltou, por meio da sua assessoria de imprensa, que faz o policiamento do Farol do Mucuripe e da Igreja do Rosário, através do Ronda do Quarteirão e do Policiamento Ostensivo Geral.

Manutenção

12 é o número de equipamentos culturais mantidos pela Secretaria da Cultura do Estado (Secult). Metade está localizada no Centro de Fortaleza

Bairro Benfica é polo de artes, história e cultura

Apesar de o Centro concentrar a maioria dos prédios históricos da cidade, existem outros bairros para serem explorados, seja pelo potencial cultural ou pelos casarões de outros tempos.

Na opinião do turismólogo Gérson Linhares, existem cerca de 15 bairros históricos na Capital e mais de 300 edificações antigas, que podem ser aproveitadas pelo turismo cultural. "O turismo de sol e praia ainda é o mais praticado e o nosso patrimônio fica fora dos roteiros, esquecido pelo poder público e das empresas do trade turístico", ressalta.

Um dos bairros mais ricos nesse sentido, para Linhares, é o Benfica. "Lá, o roteiro perpassa o 23º Batalhão de Caçadores, que abriga a réplica do avião em que o único ex-presidente cearense, Castello Branco, faleceu; a reitoria da UFC, antes chácara da família Gentil; o Museu de Artes da UFC (Mauc); a Faculdade de Economia, que foi sede do Museu Histórico; as Caixas D´água, construídas em 1926 e a Casa do Barão de Camocim".

Conforme o turismólogo, a estrutura da UFC poderia ser aproveitada como equipamento cultural. "É uma pena que não haja visita guiada à Reitoria e que o Mauc e a Casa Amarela sejam fechados nos fins de semana".

Porém, a partir de janeiro de 2013, fortalezenses e turistas poderão ter acesso ampliado a esses locais. "A nossa intenção é abrir o Museu nos sábados e domingos a partir de janeiro e em abril iniciar um projeto aos sábados na Casa Amarela", afirma o diretor da Secretaria de Cultura Artística da UFC, Elvis Matos.

OPINIÃO DO ESPECIALISTA

Por uma cidadania cultural - Gleudson Passos - Prof. de História (Uece) e Dr. em História (UFF)

Perguntei à minha filha, Ana Clara, 11 anos, sobre alguns bens culturais que remetem à história e cultura de Fortaleza. Ponte dos Ingleses, Praça do Ferreira, Passeio Público, Theatro José de Alencar, Maracatu, Reisados, comidas típicas... Com sua resposta, me perguntei: será que nós, fortalezenses, sabemos lidar com o patrimônio cultural?

Muito se ouve que os bens histórico-culturais de Fortaleza só interessam aos turistas. Contudo, não somos educados ou estimulados a preservar e usufruir dos significados que possuem na história da cidade.

Se os poderes públicos pecam pela carência de políticas de preservação, o cidadão também peca por não procurar entender a sua importância. Iniciativa deve ser também de cada um que sabe da existência dos bens culturais. Para usufruirmos de uma verdadeira cidadania cultural devemos ampliar a noção de patrimônio. Assim, cada um deve exigir dos poderes o direito ao conhecimento e à sua preservação. A memória de bairros como Parangaba, Jacarecanga e outros testemunham algumas das inúmeras riquezas da nossa cidade. Pais, educadores e gestores têm em comum a mesma responsabilidade.

Extraído do sítio Diário do Nordeste