15 de novembro de 2012

PORTO ALEGRE, UMA CAPITAL QUE TAMBÉM É RURAL - Elder Ogliari


PORTO ALEGRE - Porto Alegre, uma das maiores cidades do Brasil, com 1,4 milhão de habitantes, é também o município que tem a segunda maior zona rural - atrás apenas de Palmas (TO) - e a maior produção de frutas entre todas as capitais estaduais do País.

Promoções típicas de comunidades interioranas, como a Festa do Pêssego, iniciada neste sábado, e a Festa da Uva, em janeiro, fazem parte do calendário de eventos da metrópole gaúcha. Mesmo que participe com menos de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), o setor primário é tido como indispensável ao município, por gerar ocupação e renda, preservar áreas naturais em meio ao concreto dos edifícios e ofertar alimentos à população a preços competitivos.

"A atividade pode não representar muito no PIB, mas é essencial para a sustentabilidade da cidade, tanto pelos aspectos sociais quanto por regular o preço dos produtos", afirma o secretário municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic), Omar Ferri Júnior.

Cálculos da prefeitura indicam que 30% dos 496 quilômetros quadrados do município são áreas de preservação ou usadas para atividades primárias. As 750 propriedades rurais estão em 11 bairros da zona sul, para onde também começa a se voltar a expansão imobiliária. Além de sustentar cerca de 5 mil pessoas, elas aumentam a renda de outras 20 mil na cadeia de transportes, suprimentos e vendas, calcula Ferri Júnior.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que Porto Alegre tem cultivos permanentes de caqui, figo, laranja, noz, pera, pêssego, tangerina e uva, que rendem cerca de 2 mil toneladas por ano, além de plantações anuais de flores, arroz, feijão e milho.

O município também tem 22 mil cabeças de bovinos, equinos, suínos, caprinos, muares e asininos e, ainda, 10 mil galinhas, galos e codornas. "Em alguns municípios do interior isso seria insignificante, mas para uma capital é muito", compara o presidente do Sindicato Rural de Porto Alegre, Cleber Vieira, 55 anos, criador de ovinos de lã preta e cavalos crioulos.

Feiras

Parte desses produtos, especialmente frutas, hortaliças e flores, é vendida na Ceasa, mas a fatia maior é comercializada pelos próprios agricultores nas 52 feiras semanais do município e em bancas montadas no centro da cidade por ocasião das colheitas. "Em vez de R$ 0,50, o produtor pode ganhar R$ 3 pelo quilo de pêssego", calcula Vieira, referindo-se à diferença entre o valor obtido pela venda a distribuidores e pela venda direta.

Para Ferri Júnior, a redução de custos de transporte, pela proximidade, e a venda direta, nas feiras, acabam baixando o preço final das frutas e hortaliças e forçando também os supermercados a segurar preços, com benefícios também ao consumidor.

"Se as famílias deixarem de produzir no município, teríamos de buscar esses alimentos fora e não teríamos tantos espaços naturais preservados", observa Ferri Júnior. "É por isso que manter a atividade primária é essencial. Isso vale mais do que dinheiro", sustenta.

Ferri Júnior calcula que, em 20 anos, o número de produtores caiu pela metade. Vieira, no entanto, acredita que nos anos mais recentes houve um pequeno refluxo, de agropecuaristas que voltaram à atividade por vocação e também por incentivos de programas conjuntos do sindicato com a prefeitura, como distribuição de mudas, vacinação de animais e selo municipal de certificação para os produtos. 

Extraído do sítio O Estado de S. Paulo

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