11 de maio de 2012

LIVRO DO FOTÓGRAFO EDU SIMÕES MOSTRA UM NOVO LADO DA AMAZÔNIA - Danilo Oliveira

Em 2011, após mais de 30 anos como fotógrafo, o paulistano Edu Simões realizou um desejo particular: fotografar e conhecer melhor a Amazônia. Na última quinta-feira (3/5), ele apresentou ao público o resultado dessa aventura no livro "Amazônia", lançado pela Terra Virgem Editora, com um arranjo de 100 fotografias entre as centenas de imagens clicadas na região.

Crédito: Edu Simões
Fotógrafo desde 1976, antes da empreitada pessoal Simões dedicou boa parte da carreira ao fotojornalismo. Em 1979, ajudou a fundar a agência F4, mantendo a função de editor de fotografia em passagens nas revistas IstoÉ, Goodyear, Bravo e República. Recebeu o Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos de 1980, e, em 1989, o Prêmio Aberje de Fotografia.

Para viajar à Amazônia, o fotógrafo levou duas câmeras Hasselblad, de formato quadrado. A alta qualidade dos 474 filmes preto e branco permitiu registrar melhor suas impressões sobre as pessoas e paisagens que o encantaram ao longo das cinco expedições realizadas no ano passado. O projeto saiu do papel com patrocínio da Natura e incentivo do Ministério da Cultura.

Buscando conhecer de perto locais específicos, Simões escolheu o Amazonas, Acre, Pará, Amapá, Roraima e Rondônia. Chegou a registrar os Parques Nacionais da Serra do Divisor, Monte Roraima, Parque Estadual do Iratapuru, entre outros. Para ele, apesar das dificuldades de deslocamento, a pouca mobilidade das câmeras Hasselblad foi positiva na medida em que “obriga uma aproximação lenta e cuidadosa com os objetos fotografados, sejam eles pessoas ou a própria natureza”.

As imagens da obra se distanciam do jornalismo, revelando uma relação afetiva do autor diante da natureza e das pessoas que a compõem. Simões não tinha pretensões de fazer algo documental ou realista. Cada fotografia procura aproximar o observador de uma história a ser contada pelo fotógrafo. “Ao fazer esse livro eu estava mais preocupado com a vivência, não a minha pessoal, mas a dos leitores com a Amazônia. Não queria apresentar uma tese sobre a região, muito menos lançar receitas sobre como devemos cuidar do nosso tesouro”, explica.

Crédito:Edu Simões
A seleção não se dá por acaso. O leitor acompanha a aventura do autor que se constrói em uma narrativa, começando o livro em paisagens abertas, até se deparar com retratos de personagens da Amazônia. Neles, o fotógrafo ensaia a relação poética do ser humano com a natureza. “Uma das coisas mais incríveis na Amazônia é a maneira singular das pessoas viverem nesta floresta. Muitas vezes eu tive a oportunidade de juntar esses dois elementos cruciais, o homem e natureza, e a relação entre eles, em uma única imagem”.

Apesar da rica experiência – o livro conta com mapa ilustrativo do trajeto de Simões pelo bioma -, o fotógrafo considera poucos os livros e filmes dedicados ao tema. “Sabemos muito pouco sobre a Amazônia”, diz. “Meu livro vai ao encontro a esse pouco conhecer e apresenta o meu jeito de ver esse lugar tão importante e fascinante”. Para chegar aos locais de difícil acesso, voou de monomotor e percorreu os rios Negro e Solimões durante dias, tendo que acampar em pontos afastados.

Aos 55 anos, o fotógrafo destaca a falta de conhecimento sobre a região. “Antes de chegar a essas conclusões precisamos viver, conhecer, entender o que é a Amazônia. Eu incluo nisso os próprios habitantes locais, que muitas vezes conhecem só a sua Amazônia”. 

O trabalho de Simões encontra uma dessas interpretações, dentre as várias que formam a complexa realidade amazonense. “Eu não pretendo resolver essa lacuna de conhecimento com meu livro, mas apresentar uma maneira afetiva de se ver e compreender o que se passa por lá”.

Crédito:Edu Simões
Junto ao encantamento pela Amazônia, Edu Simões é responsável pelo trabalho fotográfico dos Cadernos de literatura brasileira, do Instituto Moreira Salles, dos quais participa desde 1996. Atualmente trabalha em um projeto da entidade sobre o poeta Carlos Drummond de Andrade.

O livro Amazônia anuncia seu mergulho afetivo e pessoal com a região. Mas a proposta de Simões permanece a de compartilhar sua vivência com as pessoas. “Eu espero que os apreciadores da fotografia e da Amazônia possam compartilhar comigo essa experiência estética”.


Extraído do sítio Portal Imprensa

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