10 de abril de 2013

AMSTERDÃO: RIJKSMUSEUM ABRE ESTA SEMANA APÓS LONGA REMODELAÇÃO - Nuno Galopim


Fechado desde 2003, um dos maiores museus europeus, particularmente célebre pela sua coleção de mestres flamengos, reabre as suas portas este sábado.



De todas as obras que integram a vasta coleção do Rijksmuseum, apenas uma vai continuar a morar exatamente no mesmo local da mesma parede que há muito era a sua casa. Trata-se da célebre A Ronda Noturna, um óleo de grandes dimensões que Rembrandt pintou em 1642 e que, depois de originalmente destinada para o Kloveniersdoelen (o quartel-general de uma das forças militarizadas da cidade) e de ver parte da tela ser mais tarde cortada para "caber" numa nova sala na câmara municipal, ganhou entretanto um lugar como o ex-líbris deste grande museu da zona sul do centro de Amesterdão. Quando abrir as portas após dez anos de obras para uma profunda remodelação, A Ronda Noturna estará assim onde os que já visitaram este museu sempre a conheceram exposta.


Mais do que apenas "casa" para uma coleção de arte, o Rijksmuseum é um espaço onde as obras dos grandes mestres da pintura, escultura e artes decorativas convivem com peças que ajudam a contar a história do que hoje é a Holanda (e dos naturais ecos da expansão marítima que o seu povo protagonizou).


Situado na Museumplein (a Praça dos Museus), muito perto do Museu Van Gogh, do Stedelijk Museum (dedicado ao design e à arte contemporânea) e do Concertgebouw (a principal sala de concertos de música clássica da cidade), o Rijksmuseum na verdade começou por nascer em Haia em 1800 (certamente influenciado pela recente abertura do Museu do Louvre em Paris), mudando-se para Amesterdão oito anos depois (chegando temporariamente a ser um dos inquilinos do Palácio Real). O edifício que o alberga hoje foi inaugurado em 1885 e será reaberto na próxima semana pela Rainha Beatriz.

Da coleção, que tem cerca de um milhão de peças, a exposição permanente mostrará cerca de oito mil, entre as quais pinturas de nomes como os de Rembrandt, Vermeer, Frans Hals, Jacob von Ruisdael ou Jan Steen, grandes mestres flamengos do chamado "século de ouro". A coleção reflete também a política de aquisições feitas durante o século XIX (representando os grandes nomes da pintura holandesa de então) e um interesse em preservar peças características da história das artes do país, nomeadamente através das cerâmicas de Delft.

O projeto de remodelação do museu coube aos arquitetos sevilhanos Antonio Cruz e Antonio Ortiz, a quem foi lançado o desafio de despir todo o edifício de tudo o que lhe foi acrescentado ao longo dos anos, recuperando a alma coesa originalmente desenhada por Pierre Cuypers. Haverá um novo pavilhão para a coleção de arte asiática. De novo foi também acrescentada uma estrutura que servirá de entrada, pela qual se acederá ao museu por uma zona subterrânea. O design de interiores das novas salas do museu ficou entregue a Jean-Michel Wilmotte, que trabalhou já em diversos espaços do Louvre. Feitas as contas finais, os trabalhos de renovação atingiram uma soma de 375 milhões de euros, financiados pelo Ministério da Educação, Cultura e Ciência e pelo próprio museu.


O novo Rijksmuseum vai dar aos visitantes um olhar panorâmico sobre a história e a arte desde a Idade Média ao presente (com uma particular atenção para com a história da Holanda). São ao todo 80 galerias, que sugerem um percurso total de cerca de um quilómetro e meio. Haverá um restaurante, duas cafetarias, uma loja com cerca de 300 metros quadrados. Ao todo terá a capacidade para acolher entre 1,5 e dois milhões de visitantes anualmente. Na verdade, o museu nunca esteve completamente fechado. E até há poucos dias manteve patente, numa sdas suas alas, uma pequena exposição com as suas obras-primas.

Extraído do sítio Diário de Notícias.pt

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