29 de abril de 2013

POETA PEDRO GRANADOS, DO PERU, DESTAQUE NO FLIPOÇOS


Pedro Granados, poeta, escritor e professor peruano, autor entre vários livros da novela “Prepucio Carmesi”, inovando em uma linguagem despudorada e ao mesmo tempo leve. Como acadêmico desenvolve estudos sobre a poesia latino-americana e promove oficinas de criação literária pelo mundo. Sendo o mundo sua casa e seus lugares específicos, o Brasil e o Peru são focos para sua poesia forte. Ele mesmo diz que não é um peruano de vitrine. Sua obra crítica aparece em revistas como notebooks Galdosianos, INTI, Lexis e outras.

Sua tese de doutorado na Universidade de Boston, "Poética e utopias na poesia de César Vallejo", foi transformada no livro “Trilce: húmeros para bailar”, um estudo sobre a poesia do compatriota e está à procura de um editor.

Ele estará no Festival Literário de Poços de Caldas (que acontecerá de 27 de abril a 5 de maio) no dia 2 de maio, às 17:30, no Teatro da Urca, participando da Mesa Literatura Latina - "As influências da literatura Latina Americana no Brasil", ao lado de Manuel Angel Cerda (Argentina), com mediação de Bruno Eliezer Melo Martins.

Pedro Granados atualmente trabalha na Framingham State College (Massachusetts), onde leciona um curso sobre poesia latino-americano contemporâneo - entre outros objetivos - visa traçar uma antologia de poesia que é o mais recente escrito tanto na América Latina e Espanha

Confira a entrevista do autor:

Como o sr. avalia a presença da literatura latino-americana no Brasil?

R: Bom, o termo latino-americano inclui também o Brasil. Se me pergunta sobre a literatura hispano-americana lhe digo, paralelo ao processo de abertura geopolítica brasileira, cada vez mais se conhece, por meio da tradução, um pouco mais da literatura escrita em espanhol. E vice-versa, os hispano-americanos têm tido acesso a boas edições de clássicos modernos como Lispetor, Machado de Assis, Haroldo de Campos, etc.

De onde vem a inspiração para a poesia?

R: Como a todos, de algum momento de epifania que se tem na vida, vem do autodescobrimento, da gratidão de existir, da desalienação política, a sensação de ser amado. Ao escrever, o poeta deixa tudo isso público.

Conhece os autores brasileiros? Quais os seus preferidos?

R: Estou traduzindo João Cabral de Melo Neto e através dele, conhecendo de modo compromissado toda literatura que leu, contemporânea e do passado. Melo Neto é um mediador entre estes dois mundos. Entre a cultura espanhola e portuguesa; entre o culto e o popular; entre criação e crítica. Complexidade que aprecio e emulo para minha própria perspectiva de escritor. Adoro o glamour de Lispector. E a inteligência cabal de Machado de Assis, que ao mesmo tempo une e desagrega, celebra e denuncia, acolhe e despede; cervantino, por certo, e galdosiano também. Enfim, gosto dos poetas jovens brasileiros; mas aqueles bem minimalistas... na contracorrente de certa tradição cartesiana e eloquente. Também a poesia em portunhol de meus próprios alunos da UNILA (Universidade Federal da Integração Latino-americana) onde atualmente trabalho.

O que acha da produção literária atual na área da poesia? 

R: É oceânica, pela abundante proliferação de oficinas, portais na Internet, grupos de jovens se expressando através de revistas. Mas em geral falta depuração. Esta depuração, não implica apenas corrigir as falhas ou equalizar a técnica; sem, sobretudo, depurar ou ler aqueles que assumem a poesia como uma carreira a fundo. Quer dizer, agregando Rilke, aqueles que não conseguem conceber a existência sem ela. Assim simples e brutalmente é a coisa; para não andarmos com outras razões mais atrativas, populistas ou politicamente corretas. 

Poderia falar sobre a literatura peruana?

R: A literatura peruana não são somente Inca Garcilaso de La Vega, César Vallejo ou Mario Vargas Llosa; todos são culturalmente híbridos de memória e da amnésia milenária de sua gente e a cotidianidade. A arte de falar e sobreviver ali, em cima de um cemitério gigantesco e fervente do passado e culturas diversas. Lima, a capital do Peru, tem 4.000 anos. Assim que é uma literatura chamada a seguir sobrevivendo e influindo cada vez mais na região. Neste sentido, não é gratuita sua difusão e gravitação quando foi concedido recentemente ao peruano Mario Vargas Llosa o premio Nobel.

Sua obra é voltada para as questões sociais do seu país?

R: Sim, sem dúvida; ainda que talvez não de uma praxis imediata, documental ou socorrista. Não escrevo como peruano de vitrine nem como um latino-americano maldito. Contra a divisão do trabalho imposto pelo poder internacional, também penso e não só atuo. No nível da criação e na teoria as questões radicalmente sociais são uma tarefa pendente e impostergável dos latino-americanos frente ao mundo.

O sr. acredita que a poesia consegue chegar aos jovens?

R: Muito, a prova atual é efervescência que notamos, por exemplo, na internet. E também de forma geral fusionada pelo Rap, o audiovisual ou a performance.

Está trabalhando em algum livro ou outro novo projeto?

R: Escrevo, de modo simultâneo, poesia e ensaio; e uma mescla destes gêneros – entre outros – que são minhas novelas curtas (Prepucio Carmesí, En tiempo real, Una ola rompe, etc.). Agora mesmo busco editor para “Trilce: húmeros para bailar”, um estudo sobre a poesia de meu compatriota César Vallejo.

O que aproxima Peru e Brasil?

R: A amazônia e agora mesmo, através das estradas transoceânica em plena construção, compartindo o Pacífico e o Atlântico. Quer dizer, a globalização contribui para isso. O porto de Santos é apenas um pouco maior que o de Callo; mas a espontaneidade, alegria e malicia dos que estão ali são basicamente as mesmas. E a cor da pele também é muito semelhante. O andino culturalmente é muito forte; tanto como a herança africana. Esta fusão gravita desde já em classes populares, de fato ou no corpo; e até agora culturalmente só entre as classes menos populares.

Quem são seus poetas preferidos?

R: Os poetas do futuro.

SOBRE O FLIPOÇOS


A 8ª. Feira Nacional do Livro de Poços de Caldas e o Flipoços acontecem de 27 de abril a 5 de maio no Espaço Cultural da Urca - Praça Getúlio Vargas, Sn – centro. A visitação é gratuita e aberta ao público de 27 de abril a 05 de maio. Ingressos gratuitos na sede da GSC Eventos, Ed. Manhattan, R. Prefeito Chagas, 305 sala 308 – Centro. O patrocínio é do Ministério da Cultura, Grupo DME, Correios, Petrobras e Mineração Curimbaba. Apoio cultural: Votorantim Metais, Cerâmica Togni e Auto Omnibus Circullare Poços de Caldas Ltda.

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