SANTIAGO — Depois dos prêmios Nobel concedidos a Pablo Neruda, em 1971, e a Gabriela Mistral, em 1945, o Chile celebra mais um reconhecimento de sua poesia - o Prêmio Cervantes-2011, considerado o maior das letras hispânicas, conferido a Nicanor Parra, de 97 anos, criador da 'antipoesia', que revolucionou a literatura com sua linguagem simples, inspirada no cotidiano.
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Nicanor Parra |
Possuidor de personalidade transgressora e extravagante, sua obra cativa, especialmente, as novas gerações, segundo os críticos. E tornou-se conhecido por terminar todos os seus recitais com a frase «Retrato-me de tudo o que disse».
"Ele faz uma poesia acessível do cotidiano, com versos extraordinários, com um enorme senso de humor", comentou o escritor e crítico literário chileno Camilo Marks.
O Prêmio Cervantes tem dotação de 125.000 euros (cerca de R$ 305 mil), e é entregue anualmente pelo rei espanhol Juan Carlos e sua esposa Sofia em 23 de abril, data da morte do escritor espanhol Miguel de Cervantes.
"Foi uma escolha justa para um extenso trabalho poético que transformou a maneira de fazer poesia em língua castelhana", considerou, por sua vez, Federico Schopf, outro crítico literário chileno .
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Parra ficou conhecido por seus poemas cheios de ironia |
"É um prêmio que merecia há muito tempo", assinalou por sua vez Rodrigo Rojas, diretor da cadeira de Literatura da Universidade Diego Portales, da qual Parra é membro honorário.
Já era esperado que um autor latino-americano ganhasse esta edição do prêmio, já que a última vencedora foi a espanhola Ana María Matute. Existe uma convenção não escrita que estabelece que a distinção seja alternada entre nomes da América e da Espanha.
Integrante de uma das famílias artísticas mais prolíferas do Chile - na qual se destaca a irmã folclorista Violeta Parra - ele é físico de profissão.
O olhar do mundo literário voltou-se para ele depois da publicação, em 1954, do livro "Poemas y antipoemas", no qual rompe com a poesia tradicional chilena, introduzindo humor, ironia e sarcasmo em seus versos.
"Com ele a poesia ganhou as ruas. Entrou no trivial", acrescentou o crítico chileno Camilo Marks.
Com o reconhecimento obtido nesta quinta-feira por Parra, o Chile soma três prêmios Cervantes, depois do obtido, em 1999, pelo ensaísta Jorge Edwards e o que recebeu, em 2003, o poeta recentemente falecido, Gonzalo Rojas.
O prêmio já foi concedido a escritores como os cubanos Alejo Carpentier, em 1977, o uruguaio Juan Carlos Onetti, em 1980, o paraguaio Augusto Roa Bastos, em 1989, o peruano Mario Vargas Llosa, em 1994, os mexicanos Octavio Paz, em 1981, e Carlos Fuentes, em 1987.
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