7 de dezembro de 2011

1953: ESTRÉIA A PEÇA 'ESPERANDO GODOT', DE SAMUEL BECKETT - Karl-Heinz Lummerich

A peça montada pela primeira vez em 5 de janeiro de 1953 em Paris, levou seu autor, Samuel Beckett, à fama. O dramaturgo acabou consagrado como criador do "teatro do absurdo".

Didi e Gogo na montagem do Golden Theater de 1956, NY.
"A respeito de Beckett só posso dizer o seguinte: gosto muito dele e o admiro profundamente. Sua amizade inquebrantável me é muito cara. Ele é uma pessoa realmente verdadeira, o que me surpreende sempre de novo", declarou o jovem diretor artístico Roger Blin, na revista francesa Arts, meio ano após a estreia de Esperando Godot, de Samuel Beckett, no parisiense Théâtre de Babylone, em 5 de janeiro de 1953.

Embora a peça inicialmente tenha sido um sucesso apenas moderado de público, logo tornou o irlandês Beckett um autor conhecido. Ainda no mesmo ano foi encenada pela primeira vez na Alemanha, no Schlossparktheater de Berlim. Em 1954, o diretor Fritz Kortner a levou ao palco do Kammerspiele de Munique.

Em poucos anos, o público aceitou a peça, que perdeu o rótulo de "absurda" e passou a integrar o repertório teatral dos clássicos da modernidade. Alguns dramaturgos, como Jean Anouilh, reconheceram desde o início o significado da obra de Beckett. "Godot é uma das obras-primas que desesperam as pessoas em geral e, especialmente, os dramaturgos. Não se pode fazer outra coisa senão tirar o chapéu e pedir aos céus um pouco mais de talento", disse.

Quem é Godot?

Quem, afinal, é Godot, por quem os vagabundos Estragon e Vladimir – ou Didi e Gogo – esperam em vão à beira de uma estrada deserta? Os críticos literários já lançaram uma série de hipóteses e especulações a esse respeito. Será que é apenas uma corruptela da palavra inglesa God com o diminutivo francês ot? Trata-se de um ciclista chamado Godeau, certa vez mencionado por Beckett, cujos heróis eram fascinados por bicicletas? Será que é o Godeau do livro Mercadet, de Balzac, por quem igualmente todos esperam? Ou o autor se refere a Waiting for Godda, expressão vulgar anglo-irlandesa que significa "Esperando Deus" ou algo semelhante?

Samuel Beckett em 1967
Não se sabe, ao certo, quem é Godot, mas isso não importa. "Nada a fazer" é a primeira fala da peça. A espera é o tema central da peça, a espera de duas pessoas que matam o tempo com palhaçadas e conversa fiada sobre suicídio, comendo nabos e brincando com seus chapéus. Dois vagabundos esperam, não se sabe por quê. Esperar significa deixar o tempo passar, não fazer nada. A brincadeira infantil do palco torna o tempo perceptível aos atores e espectadores.

Quando a peça estreou em Londres, em 1955, o crítico Kenneth Tynan fez a seguinte observação: "Não tem trama, não tem clímax, não tem desfecho nem começo, meio e fim." Exatamente por isso alguns críticos costumam definir Beckett como modernista da segunda geração, ao lado de Vladimir Nabokov, William Faulkner e Henry Miller.

Prêmio Nobel

Montagem de 'Carré' de
Samuel Beckett
Nascido em 1906, em Dublin, Samuel Beckett viveu a partir de 1937 na França, onde morreu em 1989. Considerado o pai do chamado "teatro do absurdo", seus personagens estão sempre procurando ou esperando alguma coisa, embora imprecisos e indecisos quanto ao objeto desejado. Abordando a morte e o vazio da vida, Beckett criou um humor amargo, sombrio, levemente absurdo na sua disposição de ser irônico e zombeteiro.

Em 1969, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Ele próprio encenou Esperando Godot diversas vezes, por exemplo, em 1975, no Schiller Theater de Berlim, onde também montou outras peças.


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Extraído do sítio do Deustche Welle

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