2 de dezembro de 2011

DA BELLE ÉPOQUE À ERA DOS JAZZ (Final) - Arthur de Faria


O livro Jazz em Porto Alegre,
de Hardy Vedana (L&PM)
Depois do Jazz Espia Só, a porteira estava aberta. A Royal Jazz Band foi a segunda formação do gênero em Porto Alegre. O principal pesquisador dessa cena, Hardy Vedana – autor de Jazz em Porto Alegre (editado pela L&PM) afirma que a Royalteria sido fundada em 1924. Só que o mesmo Vedana, no mesmo livro, garante que o Espia Só foi o primeiro a mudar de regional para jazz, em… 1927. Aí, você decide. De qualquer forma, a Royal Jazz Band teria uma vida muito mais longa que sua predecessora: só encerraria as atividades em 1968, depois de 44 anos de carreira. E também seria a pioneira em abrasileirar o nome, já que desde o final dos anos 1930 atendia pela simpatissícima alcunha de Orquestra Rojabá (RO-yal JA-az BA-nd, pegou?). Fundada pelo baterista Alvino Beroldt e pelo pianista e arranjador Helmut Grünewald, o grupo sempre teve Helmut à frente, marcando de cima, com seu punho forjado em puro aço alemão.

Espia Só Jazz
Entre o final dos anos 1920 e meados dos 30 muitos outros jazz pintaram no pedaço.

O Jazz Real, de 1927, era um septeto com trompete, trombone, três saxes, piano, bateria e… uma geringonça chamada violinofone, um bizarro violino equipado com cornetas, parecido com o inventado por Arthur Elsner, tentativa internacional da época para aumentar o som do instrumento antes de haver a amplificação elétrica (mesma ideia que levava os cantores ao megafone de lata). Era tocado por um dos líderes do grupo, Armando Leão – que acumulava também a função de cantor. O outro chefe era Sady Sá, que atacava de sax alto e flauta. Eram a atração do Café A Barrosa.

A Guarany Jazz-Band também é de 1927. Durou menos de um ano, e não mereceria registro não fosse por dois fatos: foi nela que começou sua carreira Ernani Oliveira, quando ainda tocava violino. E em suas hostes havia um bandoneon todo espetado de cornetas – tipo o violinofone -, tocado pelo Espíndola. Era o pessoal se virando pra se fazer ouvir.

Orquestra Ernani & Marino em 1941
Ernani Oliveira nascera dia 24 de novembro de 1908, em Viamão, 10 km a leste de Porto Alegre. Logo que o Guarany Jazz-Band encerrou sua carreira, ele fundou a Orquestra Ernani Oliveira. O ano era 1929. Ao longo da sua vida, depois do violino inicial, ele aprenderia tuba, bombardino e trombone, acabando no trompete (nesse meio-tempo, pra não se entediar, ainda pegou o bandoneon). Seria o grande nome do seu instrumento nessa geração, brilhando a partir do momento em que, nos anos 1930, entrou para o Jazz-Band de Paulo Coelho.

Do grupo de Paulo só sairia quando estavam todos na Argentina e ele teve um forte surto de saudadite da mamãe, voltando pra casa antes que todo mundo, em 1938. Em 1946, volta a ser destaque, fundando o que quase certamente foi o primeiro grupo profissional porto-alegrense criado para efetivamente tocar… jazz. Curiosamente, não tinha jazz no nome. Eram Os Malucos do Ritmo. Um octeto com ele no trompete, Breno Baldo no sax alto, mais um clarinetista, um trombonista, Antoninho Gonçalves na guitarra elétrica (sim, em 1946!), Swing no piano, um contrabaixista e o glorioso Natalício na bateria. Tocavam o que chamavam de jazz hot e eram contratados da Rádio Difusora. Certamente o número de jazzófilos porto-alegrenses em 1946 não era lá muito grande (se nem em 2011 é…). Hot então, nem falar! Mas os caras eram bons e aí, em 1948, foram gentilmente convidados pela direção da emissora a manter seu emprego aumentando o grupo. Queriam que eles virassem a orquestra da rádio: maior e, principalmente, mais comportada. Ernani topa e, dois anos depois, recebe com honras o saxofonista Marino dos Santos, que voltava de uma longa temporada fora do estado. Juntos, rebatizam o grupo de 15 músicos como Orquestra de Ernani & Marino, com feras como o guitarrista Raul Lima- ainda na ativa! -, o pianista Suingue e o baterista Natalício. Seria a formação mais prestigiada de seu tempo.

Orquestra Ernani & Marino em 1952
Tanto que a Rádio Gaúcha comprou seu passe e, pouco depois, são eleitos aMelhor Orquestra do Ano de 1952. Fazem uma exitosa excursão a Montevidéu e seguem até 1956, quando os dois líderes brigam e Marino vai novamente embora da cidade. Ernani segue sozinho com o grupo até 1968, quando morre, dia 2 de dezembro.

* * *
Outra formação curiosa dessa cena é a Jazz Band Tupinambá. Surgida em 1930, o pessoal se considerava os reis da cocada preta – ou, melhor: The Kings of Black Coconut Candy. Foram provavelmente o primeiro grupo porto-alegrense a criar seus próprios arranjos. E faziam disso um mistério sagrado: trocavam constantemente o local dos ensaios e, maravilha!, chegaram a desenvolver um dialeto próprio de gírias pra evitar que espiões roubassem os tais arranjos. Além disso, tocar vários instrumentos era especialidade da casa. O diretor Guisado respondia por trombone, banjo e bandoneon. Carlos Gomes Ferreira, que depois iria para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, encarava sax alto, clarinete, piano, violão, violino, flauta e banjo! E o arranjador era nosso velho conhecido Veridiano Farias, ex-violinista do Regional Espia Só, que agora tocava trombone.

Orquestra Ernani & Marino em 1950
Também de 1930 é o Jazz Cruzeiro, fundado pela família Corrêa: o baixista Flávio Corrêa, seu irmão baterista Oscar Corrêa, e a mulher deste, a cantoraHoracina Corrêa, futuro mito. A semente do grupo fôra a Orquestra Cruzeiro, criada em 1922 como uma revolucionária mistura de regional e orquestra de câmara: um cantor, flauta, dois violinos, violoncelo, contrabaixo, três violões, bandolim, um sujeito tocando caixa e outro no bumbo-e-prato. O porto-alegrense Flávio, nascido em 4 de fevereiro de 1900, por volta dos anos de 1920 já tinha agarrado o posto de O Grande Contrabaixista da Cidade – e não o largaria pelos 30 anos seguintes. É nesse grupo que estreia como cantor o Johnson, ao lado do acordeom do então jovem gaiteiro catarinense Pedro Raymundo. De ambos se falará mais em outros capítulos (sobre Johnson, no de Lupicínio; sobre Pedro, no do Regionalismo). Até a ascensão da Jazz-Band de Paulo Coelho, o Jazz Cruzeiroseria o melhor da cidade – melhor até que o Espia Só. Ernani Oliveira tocou trompete ali, paralelo a seu trabalho com sua própria orquestra. E não é à toa que foi o grupo de Paulo a suplantá-los. Afinal, foi do Jazz Cruzeiro que Coelho recrutou quatro de seus principais músicos: Ernani, Flávio, Oscar e Horacina.

Pra fechar, não dá pra deixar de fora o Jazz Carris. Iniciada em 1934, com 13 figuras (dois banjos!), a orquestrinha fazia parte da política de entretenimento dos funcionários da firma de transporte fundada na década de 1880 – Carris que segue em atividade até hoje, há tempos como empresa pública. Nestes anos, era da iniciativa privada, e tinha, além da orquestra, seu próprio cine-teatro. Pelo Jazz Carris passariam os já citados Pedro Raymundo, Marino dos Santos e Breno Baldo, mais uma seleção de outros craques. Todos contratados como funcionários da empresa e tendo de trabalhar também em alguma atividade não-musical: motorneiros, cobradores…

Enfim.

A partir dos anos 1940 os jazz sumiriam lentamente de cena, suplantados pelos novos formatos das big-bands e das orquestras (não sem antes ver florescer o Jazz Futurista, Jazz Baby, Jazz Pampeiro – do 3º Batalhão da Brigada Militar –, Jazz Indiano, Jazz Venezianos, Jazz Rio…).

O imenso poder de fogo das big-bands substituiria, inflando, as formações por vezes quase aleatórias dos jazz, em favor do novo conceito americano dos naipes: três ou mais trompetes, três ou mais trombones, três a cinco saxofones, mais uma cozinha rítmica de piano, contrabaixo, bateria e guitarra (com o Rio Grande se permitindo a licença poética de incluir violino e bandoneon para um set de tangos e milongas).

* * *
Mas não encerremos antes de seguir as histórias de Marino e Paulino, instrumentistas geniais e esquecidos.

O porto-alegrense Marino dos Santos nasceu no bairro Mont´Serrat, dia 26 de abril de 1908. E, como seus já citados contemporâneos Paulo Coelho, Radamés Gnattali, Dante Santoroe Lupicínio Rodrigues, aos 15 anos já era um músico de respeito – o que se botava no leite dessas crianças é um mistério perdido.

Com seis, tocava cavaquinho nos animados saraus familiares. Aos nove, começou a estudar violão, e já se apresentava em público cantando e tocando. Aos 12 – em 1920 – é admitido na orquestrinha do irmão, que tinha flauta, três violinos, cello, dois violões, e ele no cavaquinho e na bandola. O repertório variava: pra bailes na Colônia Africana, maxixes, quadrilhas e tanguinhos. Pras plateias de brancos, valsas e pot-pourris de operetas. Como isso soava ou era arranjado, é um mistério. Ninguém ali lia ou escrevia música.

Hardy Vedana
Já era um nome relativamente conhecido quando, em 1923, Albino Rosa o chama para o regional Espia Só. E aí entram duas versões pra transformação de Marino em saxofonista, mais uma vez, contadas pelo mesmo pesquisador, no mesmo livro: Jazz em Porto Alegre, de Hardy Vedana.

A Opção A é aquela de que a gente já falou. Albino adquiriu aquele lote de instrumentos, incluindo os saxes, e equipou o pessoal.

Já a B é muito mais hollywoodiana:

…O problema maior de Marino era comprar um instrumento caro e ainda raro como aquele. Achar, até tinha achado. Estava lá, na vitrine da loja de música do Valcareggi (que segue firme até hoje, no mesmo endereço, na rua João Alfredo, bairro da Cidade Baixa). Mas cadê dinheiro? A solução vem por obra e graça de um anjo de guarda de nome Oswaldo Vergara, o doutor para quem, nas horas ocupadas, Marino trabalhava como motorista.

Pois foi no exercício de sua função que, um belo dia, se desviou a rota do doutor pra passar, por acaso, na frente da loja. Parou o carro e, num ímpeto, lascou: – O senhor tem que comprar aquele instrumento pra mim!

Creiam: deu certo. O doutor abriu a carteira e lhe presenteou com os 200 mil réis necessários. Em cinco minutos Marino era o feliz proprietário de um saxofone, indo levar seu patrão para uma audiência no fórum. E não foi só. O filho do doutor tocava piano, e foi com o “Dr. Jr.” no acompanhamento que Marino começou a aprender, de forma totalmente autodidata, o novo instrumento. Mal tocava as primeiras notas, atacou o primeiro baile. Instrumento na mão, muito peito e uma certa capacidade de improvisação foram as armas usadas pra enfrentar, no JazzEspia Só, seu vasto repertório de… cinco músicas.

Qual das duas versões é a exata? Vai saber…

Voltando a Paulino Mô Nêgo Mathias: ele tinha nascido em Santo Antônio da Patrulha (73 km a leste de Porto Alegre), dia 10 de janeiro de 1910, e era outro que, aos 15 anos, já era profissional da música. Tocava bandolim no grupo Os Boêmios – cujo violonista e cantor era Zé Bernardes, da futura dupla regionalista Oswaldinho & Zé Bernardes – que era então um dos conjuntos musicais mais requisitados para animar… piqueniques! (sempre lembrando que não havia rádio, gramofones não eram nem portáteis nem baratos, e a música ao vivo era a única opção).

Da trajetória de ambos com o Espia Só, já se falou. Sigamos pois, daí.

Marino sai do grupo em 1928 pra tocar com Paulo Coelho na Confeitaria Central. E no susto: tava ele, bem tranquilo, tocando um baile na Colônia Africana quando vê entrar porta adentro o já então famoso Paulo. Quase tão jovem quanto Marino (tinha míseros 18 anos, contra os 20 do saxofonista), Coelho já era uma estrela, e vinha fazer um convite irrecusável: queria que ele fosse o principal solista do jazz que estava montando para tocar na confeitaria. Marino hesitou, hesitou… e não topou: Eu tinha até vergonha de conversar com ele. Me sentia inferiorizado em virtude de ele tocar nas melhores casas do centro da cidade, e eu, na periferia. Não disse pra Paulo, mas também sabia que não lia música suficientemente bem pra enfrentar um músico letrado. Mas ficaram de se falar.

A solução encontrada foi a mais óbvia: Marino deu uma intensiva de estudos em leitura musical. Quando achou que dava pra encarar, procurou Paulo e assumiu o posto na hora. A partir dali, se Porto Alegre teve seu Duke Ellington, e ele foi Paulo, Marino foi seu Johnny Hodges: eu era uma pedra bruta que fui (sic) lapidada por Paulo. Feliz daquele que foi acompanhado pelo melhor pianista da América Latina, sem favor nenhum.

O único intervalo na parceria foi quando, em 1930, empolgado com a Revolução, Marino se alista nas forças getulistas (não que eu quisesse ser militar, mas sabe como é o entusiasmo cívico! Ainda mais sendo gaúcho, e naqueles dias!). Foi parar em Passo Fundo, extremo noroeste do Rio Grande do Sul. Lá, fez exame de música e, sempre modestíssimo, se surpreendeu quando foi aprovado na parte teórica. Dali, se mandou para o Rio de Janeiro com o Sétimo Batalhão de Combate. Fez um novo concurso, passou em terceiro lugar, e ganhou o posto de terceiro-sargento-músico. E aí, pombas, estava no Rio de 1930, e era músico. É absolutamente óbvio que passou a fugir do quartel para, com seu sax soprano, fazer uma pós-graduação em choro, ministrada nos piores botecos do Mangue. Quando se sentiu diplomado honoris causa, voltou pra Porto Alegre, deu baixa, e reassumiu seu posto com Paulo Coelho, embarcando com ele para uma gloriosa estada de um ano em Buenos Aires.

A partir daí, Marino também vai também fazendo alguma fama como compositor. É seu um choro que ficou clássico nas rodas locais, Saxofonista Triste, além da polca com o bárbaro título de Jair Furando, e a polca-valsa Silvinha – prova definitiva de que a época era mesmo de fusões: que diabos é uma polca-valsa?!?

Popularidade e trabalho não faltavam. Em meados dos anos 1930, além de perfilar na orquestra de Coelho, ainda toca no Jazz Carris. E, como todos ali tinham de trabalhar não só como músico, virou motorneiro. Ou quase: como eu tocava e compunha razoavelmente bem, o diretor da Carris seguidamente me dispensava do serviço de motorneiro. Daí a facilidade de tocar em três lugares (na rádio e nos cafés – com Paulo –, e na Carris). E também pode ter pesado o fato do motorneiro Marino ter entrado com tudo em cima de outro bonde, pelo simples fato de que pegou na firma às cinco da manhã, virado de um baile terminado às quatro. Dormiu, claro.

Quando Paulo morreu, ele já tinha saído do jazz-band e formado seus próprios conjuntos. Um deles era um quarteto com o lendário pianista Swing, pra tocar na Boate Marabá. O outro era aMarino e Sua Orquestra, com 10 figuras, arranjadas pelo mesmo Swing, contratada da Rádio Difusora e com um time de responsa: entre outros, o velho parceiro Paulino Mathias no sax tenor, guitarra e contrabaixo, o futuro Maestro Macedinho no sax alto, e Horacina Corrêano vocal.

Sua moral é tanta que, em 1941, quando é feito o primeiro concurso de jazz bands de Porto Alegre, a matéria da Folha da Tarde intitulada Qual será o melhor jazz da cidade? e coloca como grande questão a dúvida: Marino. Ele aceitará ou não? “It’s is the question”! Por enquanto, o popular saxofonista nada decidiu. E segue: Em Marino, indiscutivelmente, reside uma boa parcela do interêsse que despertará a contenda.

Por essas e outras que a popularidade do grupo logo os leva pra São Paulo, contratados pela Rádio Cultura. A orquestra toca algum tempo por lá, mas o que faz sucesso mesmo é um quinteto paralelo, com Marino no clarinete, Swing no piano, Paulino no contrabaixo, mais trompete e bateria. Tanto que, quando acaba o primeiro contrato, os músicos, como bons gaúchos, decidem voltar pra casa. Só ele fica.

A partir daí, entra pra grandes orquestras paulistas, como a de Sylvio Mazzuca, e só volta a Porto Alegre em 1948, novamente por um bom motivo. Iria montar, como se viu, a melhor big-band surgida desde a Jazz-Band de Paulo Coelho: a Orquestra Ernani & Marino. O grupo, que tinha também um grande baterista, Natalício, faz muito sucesso até 1954, quando Marino, mais uma vez, vai embora. Desta vez pro Rio, direto pra orquestra da TV Tupi.

Enquanto isso tudo acontecia, Paulino Mathias tinha se tornado uma estrela dos melhores cabarés da época – o Dancing Royal, o Dancing Oriente (ambos nos anos de 1930 e 40) e o Castelo Rosado (nos 1950). Ao mesmo tempo, iluminava as transmissões da Rádio Gaúcha, para a qual fora contratado em 1934: era um grande improvisador, coisa rara nestes tempos. E, apesar de ter se estabelecido como saxofonista e clarinetista, seguia tocando – e bem – bandolim, violino e violão.

Em 1960, Marino volta pela última vez a Porto Alegre, e novamente pra tocar na melhor big-band de então. Desta vez, a prestigiadíssima Orquestra de Karl Faust, onde permanece até que, no final dos anos de 1960, o alemão Faust volta pra sua terra natal e o grupo se desfaz.

Acaba ali uma era: a partir de então, Marino e Paulinho vão ser o retrato de sua geração, passando da mais alta glória para empregos cada vez mais indignos, em boates e inferninhos cada vez mais decadentes, até o momento em nem isso mais havia.

Paulino morre em Porto Alegre, em 1977, completamente esquecido em vida. Tão ou mais que Marino, que se vai três anos depois, morando modestamente numa casinha na Vila Nova (zona rural no extremo sul de Porto Alegre). Na Porto Alegre de 1980, ninguém mais queria saber de velhos saxofonistas.

Extraído do sítio do Sul21

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