22 de outubro de 2012

VERA MUKHINA DESCONHECIDA - Armen Apressian

© Mikhail Nesterov, ru.wikipedia.org
A escultura Operário e Kolkhoziana, criada em 1937 por Vera Mukhina, não apenas causou furor na Exposição Mundial em Paris, mas também se tornou um dos símbolos mais respeitados da URSS. Na consciência da maioria das pessoas o nome de Mukhina está relacionado justamente com esta obra. Mas poucos sabem que seu talento era muito mais diversificado.

Ela se dedicou ao design – em meados dos anos 1940 criou copos facetados, elaborou coleções de roupas, que receberam os prêmios máximos em concursos internacionais, trabalhou como pintora em teatro, etc. Os trabalhos de teatro de Vera Mukhina, a maioria dos quais não são conhecidos do amplo público, estão no Museu Moscovita de arte moderna. Entre as peças da exposição estão desenhos, esculturas, esboços, trajes e trabalhos de decoração cênica do espetáculo A Rosa e a Cruz de Alexander Blok, O Jantar de Zombaria de Sem Benelli, Electra de Sófocles e o balê Nala e Damayanti e também fotografias e vídeos de arquivo.

Pela primeira vez Vera Mukhina teve contato com o teatro em 1916, quando sua grande amiga, conhecida pintora vanguardista Alexandra Ekster a levou ao Teatro de Câmera, a Alexander Tairov. Ekster fazia as decorações e trajes e Mukhina deveria realizar a parte de escultura do cenário. Ao mesmo tempo encarregaram-na de fazer o esboço do traje de Pieretta, que faltava, para Alissa Koonen na pantomima A coberta de Pieretta restabelecida por Tairov. Anatoli Efros escreveu então sobre a “correção de força e coragem” que os trajes da “jovem cubista” trouxe ao espetáculo.

Depois disto Mukhina apaixonou-se pelo teatro: em um ano foram feitos esboços para vários espetáculos, entre os quais O Jantar de Zombaria de Sem Benelli e A Rosa e a Cruz de Blok. Mas estas ideias não foram realizadas por diferentes motivos.

Houve também mais uma fantasia teatral, desenhada detalhadamente por Mukhina em 1916-1917 (decoração e trajes) e este foi um balê Nala e Damayanti, baseado no épico indiano antigo Mahabharata. Sabe-se que o trabalho neste projeto atraiu tanto a Mukhina que ela até mesmo inventou danças. Três deuses – noivos de Damayanti – deveriam aparecer atados por uma echarpe e dançar como um ser de muitas mãos e depois cada um recebeu sua própria dança e sua plástica.

Depois houve um intervalo que durou quase trinta anos. Somente em 1944, para a montagem de Electra de Sófocles a artista plástica criou túnicas que copiavam totalmente as colunas em cena. Interessante que Mukhina começou a criar os esboços não antes do início dos ensaios, como habitualmente acontece, mas apenas depois que viu todos os atores em movimento no palco.

Na exposição estão esculturas de Vera Mukhina, bustos das grandes bailarinas Marina Semionova e Galina Ulanova. Naturalmente que é difícil imaginar uma exposição de Mukhina sem sua principal obra –Operário e a Kolkhoziana. Nas salas da exposição está representado um dos esboços do monumento, feito em 1937 de bronze.

A exposição O teatro de Vera Mukhina no Museu Moscovita de arte moderna pode se tornar, para os apreciadores de sua arte, uma verdadeira revelação e possibilitar avaliar de modo novo a herança de uma das melhores artistas plásticas russas do século XX.

Extraído do sítio Voz da Rússia

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