27 de outubro de 2012

ABERTURA DA 58ª FEIRA DO LIVRO DE POA DESTACA PAPEL TRANSFORMADOR DA LEITURA - Júlia Schwarz

Apesar do calor no galpão do Cais do Porto de Porto Alegre no final da tarde desta sexta-feira (26), as cadeiras instaladas no local para transformá-lo no palco da abertura oficial da 58ª Feira do Livro de Porto Alegre ficaram praticamente lotadas. Em sua chegada ao local da solenidade, o prefeito reeleito José Fortunati (PDT) falou de suas expectativas para a Feira: a contribuição de São Pedro para manter o tempo firme e de que seja uma das grandes feiras da história.

Tradicional toque da sineta foi promovido pelo patrono da Feira, Luiz Coronel | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
A solenidade foi aberta com a execução do Hino Nacional pela Banda Marcial da Brigada Militar, que não subiu ao palco, ficando no meio do caminho entre este e um porta lateral de frente para o Guaíba. Enquanto os aplausos do público cessavam, a mestre de cerimônias agradeceu as presenças das autoridades presentes e passou a palavra para o presidente da Câmara Riograndense do Livro, Osvaldo Santucci Jr.

O presidente da CRL destacou o caráter de promoção da leitura e da popularização do acesso a obras literárias à população e o apoio ao mercado livreiro propiciados pelo evento anual. Falou ainda da capacidade de transformação social da leitura. A seu pronunciamento seguiu-se o da patrona da Feira anterior, Jane Tutikian, que agradeceu a oportunidade que lhe fora conferida ano passado, contou um breve relato que simbolizou sua gestão e homenageou o patrono do ano, Luiz Coronel, com um poema – sem citar seu título ou autor.

Em discurso, Luiz Coronel homenageou resistência dos “homens e mulheres de letras” | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Coronel começou seu discurso relembrando a própria trajetória com livros: de vendedor de livretos em porta de cursinhos pré-vestibulares a patrono. Citou Jorge Luis Borges para dizer “não acredito em um paraíso sem livros”. Homenageou a resistência dos “homens e mulheres de letras” à indústria cultural e ressaltou a importância do livros em uma era saturada de informações que, muitas vezes, não contribuem para o conhecimento.

Valdir Silveira, presidente do Banco de Livros da Fiergs, reiterou o caráter transformador da leitura citado por Santucci Jr., ao citar os objetivos do projeto que coordena – “levar bibliotecas para onde o Estado não tem conseguido”. Entre os exemplos de locais de inserção dessas bibliotecas compostas apenas por volumes doados e a importância dessa acessibilidade, citou as penitenciárias do Rio Grande do Sul, cujos apenados chegam a ler entre cinco e sete livros por mês, enquanto a média de livros por ano no Brasil é inferior a cinco. Um dos impactos da leitura na vida dos apenados será exposto ao público nos próximos dias: um livro escrito por 42 deles e editado pela Corag será lançado durante a 58ª Feira do Livro de Porto Alegre.

Representando a ministra da Cultura, Marta Suplicy, discursou na sequência o diretor da Fundação da Biblioteca Nacional, Galeno Amorim Jr. Galeno fez seu papel institucional de exaltar o apoio do Governo Federal à feira através das leis de incentivo à cultura e confessou sua “cópia” da feira porto-alegrense. Quando secretário de Cultura de Ribeirão Preto (SP), fora incumbido de criar uma feira do livro para a cidade e veio à Porto Alegre para uma imersão em nosso modelo, o qual copiou – “com os devidos créditos e homenagens” – ao inaugurar a sua feira.

Luiz Antonio de Assis Brasil representou na cerimônia o governador Tarso Genro | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Na sequência, subiu ao palco,­ diante de uma plateia já menos numerosa,­ o secretário de Cultura do Estado Luiz Antonio de Assis Brasil, representando o governador Tarso Genro. O escritor falou da perplexidade da imprensa do centro do país quando a lista com os 20 destaques da literatura brasileira com menos de 40 anos da revista britânica Granta foi apresentada com um terço dos nomes sendo de escritores gaúchos. Assis Brasil disse não haver motivos para perplexidade, uma vez que temos uma cultura literária que data do século XIX, com agremiações anteriores à Academia Brasileira de Letras. Concluiu sua fala afirmando que “ser patrono da Feira é o maior prêmio literário do Estado”.

Encerrou os discursos da noite o prefeito José Fortunati, fazendo propaganda de como a conclusão da reforma da Praça da Alfândega­ é importante para dar mais espaço para a circulação das pessoas na Feira, além de lembrar da distribuição de um bônus a professores do município, que pode ser trocado por livros. Ele exaltou o evento como “uma das feiras mais democráticas”, citando o acesso livre à população, e concluiu dizendo que gostaria que a 58ª Feira do Livro de Porto Alegre “sirva de modelo a toda Terra”. Entregou então a sineta para o xerife do evento, Júlio La Porta, dar o sinal sonoro que marca o início oficial da Feira.

Extraído do sítio Sul21

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