14 de outubro de 2012

NOBEL PARA MO YAN RECONCILIA A CHINA COM ACADEMIA SUECA - Sergio Almeida


A relação tumultuosa do regime chinês com a Academia Sueca que atribui os prémios Nobel passou para segundo plano com a escolha de Mo Yan.

A notícia foi recebida com um entusiasmo tal em todo o país que fez esquecer as críticas severas por ocasião da entrega do prémio ao dissidente Liu Xiaobo(Nobel da Paz, em 2009) ou ao escritor chinês naturalizado francês Gao Xinqjian, distinguido em 2000.

Dirigente da associação local de escritores, Mo Yan não corresponderá ao protótipo de escritor do regime, mas os seus livros estão enraizados na China rural e gozam de ampla circulação no país. Essa ligação próxima não o impediu de abordar um tema sensível no mais recente livro, Frog: os abortos forçados, devido às rígidas políticas de controlo da natalidade, sintetizadas no slogan “um casal, um filho”.

Se o ambiente dos seus livros costuma circunscrever-se ao país de origem, as influências da escrita são mais vastas e abrangem nomes como William Faulkner, Gabriel García Márquez, Rabelaisou Kenzaburo Oe.

“O realismo alucinado” de Mo Yan foi destacado pela Academia no curto comunicado de anúncio do vencedor, no qual mereceu ainda relevo “a associação entre a imaginação e realidade”, bem como o respeito pela “literatura chinesa ancestral”.

Nascido há 57 anos na província de Shandong, começou a publicar no início da década de 80, quando ainda era soldado.

O ponto de viragem aconteceria em 1987. A adaptação ao cinema do romance Red sorghum pelo realizador Zhang Yimou – Urso de Ouro no Festival de Berlim – chamaria a atenção internacional para a sua obra, composta por 80 títulos e editada nos principais mercados.

Em Portugal, há apenas um livro de Yan publicado: Peito grande, ancas largas, que a Babel editou em 2007 e se encontra esgotado.

Extraído do sítio Jornal de Notícias.pt

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