3 de julho de 2012

NICHOS DE MEMÓRIA DA ALMA PARAENSE

Foto: Jean Barbosa
Diante da penumbra de salas pouco iluminadas, pequenos raios desvendam riquezas armazenadas desde o século XVI. Em cada foco da iluminação amarelada, imagens, telas, esculturas e a história religiosa de Belém ao alcance dos olhos. Já na entrada, a tela imponente da Santa Ceia é uma das poucas que dispensa quase por completo a iluminação artificial diante da luminosidade original dos traços do pintor. “Há quem diga que é o mais antigo quadro religioso em Belém”, dita orgulhoso o diretor do Museu de Arte Sacra (MAS), Padre Ronaldo Menezes.

Além do mistério guardado por cada imagem que compõe o acervo de 300 peças do museu integrado à Igreja de Santo Alexandre e fundado em setembro de 1998, é no MAS que também funciona o Sistema Integrado de Museus do Estado do Pará (SIM). É da sala localizada no andar que fica acima do museu que se formam e se desenvolvem as gerências sobre nove dos 42 museus em funcionamento no Estado do Pará, atualmente. Localizados em sua maioria no bairro da Cidade Velha, os nove espaços resguardam a memória do Estado em sua capital, onde também está localizado o único museu gerido pela Prefeitura Municipal de Belém, o Museu de Artes de Belém (MAB).

De acordo com a diretora do SIM, Carmen Cal, a diversidade de acervos dos espaços ajuda a remontar a história do Estado desde seu surgimento, através de elementos como os resguardados pelo Museu do Forte do Presépio, até os tempos áureos da borracha na capital paraense, momento marcado em grande parte do Museu do Estado do Pará. “Cada espaço tem uma característica diferente”, aponta. “A Casa das Onze Janelas é mais voltada para a arte contemporânea, o Museu da Imagem e do Som tem um acervo de compositores, já o Museu do Encontro tem um grande acervo arqueológico”.

Casa das Onze Janelas - Foto: André Bonacin
Diante da importância e das riquezas evidenciadas por cada museu, a coordenadora do SIM aponta que os nove espaços administrados pelo Governo do Estado respondem a políticas que percorrem o cumprimento de três metas de gestão. Segundo ela, todas objetivam o mesmo resultado: a aproximação da sociedade aos museus. “Buscamos a integração entre os museus e a sociedade através de oficinas, palestras e diálogos com o patrimônio; buscamos a divulgação dos museus através dos colégios e de eventos como a semana do museu, mas também buscamos modernização de acervos e sistemas informatizados”, explica.

Essa busca cada vez maior pela aproximação da sociedade aos espaços museológicos é alinhada mensalmente aos números de frequência dos museus da capital. Os dados já catalogados no ano de 2012 apontam que 36.614 pessoas já passaram esse ano pelos nove museus geridos pelo SIM. Para Carmen, a disposição dos espaços no chamado Complexo Feliz Luzitânia favorece a visitação pela proximidade. “Complexo facilita muito porque tudo é muito perto. O Museu do Forte do Presépio tem uma grande visitação, assim como o Museu de Arte Sacra, porque estão praticamente interligados. Quem visita um, visita o outro”, acredita.

Outro fator que poderia contribuir para o crescimento do número de visitações dos museus paraenses é o apontado pelo levantamento mais recente do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) através do Cadastro Nacional de Museus de 2010. O estudo aponta que o Pará é o segundo Estado brasileiro com a maior proporção de habitantes por museu. Ao todo, são 168.228 habitantes por museu.

Em termos quantitativos, o Estado também possui o maior número de museus dentre os da Região Norte, porém, no âmbito nacional, o Pará ainda faz parte de uma das regiões que possuem o menor quantitativo de museus do país. Juntos, o Norte e o Centro-Oeste detêm apenas 12% dos museus brasileiros.


Extraído do sítio Diário do Pará

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