17 de julho de 2012

RÚSSIA HOMENAGEARÁ OS 119 ANOS DE NASCIMENTO DE VLADIMIR MAYAKOVSKY


Os russos vão comemorar na quinta-feira, 19, os 119 anos de nascimento do grande poeta e dramaturgo russo Vladimir Mayakovsky, de origem georgiana, mais precisamente da cidade de Bagdady. Em toda a Rússia haverá celebrações, como encenações de suas peças, seminários que discutirão a sua obra, entre outras homenagens ao considerado por muitos como "o maior poeta do futurismo".

Em razão do falecimento de seu pai, o jovem Mayakovsky e sua família se mudaram para Moscou, onde filiou-se ao Partido Operário Social Democrata Russo com apenas 15 anos de idade. Ele começou a escrever versos ruins e a pintar quadros medíocres, segundo sua própria definição.

Em alguns anos, porém, o poeta se tornaria uma das figuras centrais do movimento cubo-futurista russo, ao lado de nomes como os irmãos Burliuk, Velimir Khlebnikov e Aleksei Kruchenykh. A turma desfilava por São Petersburgo e Moscou com roupas extravagantes, condenava o capitalismo e os futuristas italianos e publicava manifestos e coletâneas, uma das quais a famosa “Bofetada no Gosto Público”.

Em sua autobiografia, intitulada “Eu Mesmo – Mayakovsky”, o poeta narra a sua infância, rememorando e, de certo modo, justificando a sua opção pelo futurismo e os movimentos de vanguarda artística. “Cerca de sete anos. Meu pai começou a me levar para a ronda das matas, a cavalo. Um desfiladeiro. Noite. Envoltos na neblina. Nem via meu pai. Uma vereda estreitíssima. Meu pai provavelmente empurrou com a manga um ramo de roseira-brava, o ramo cravou os espinhos em minhas faces. Soltando pequenos gritos, vou tirando os espinhos. De repente, desapareceram a dor e o nevoeiro. Na neblina que se dispersou sob nossos pés, algo mais brilhante que o céu. É a eletricidade. A fábrica de aduelas do Príncipe Nakachidze. Depois de ver a eletricidade, deixei completamente de me interessar pela natureza. Objeto não aperfeiçoado.” Mayakovsky, de estatura imponente e voz de potência acima da média, viajava pela Rússia e declamava com bastante sucesso as suas poesias, como “Não Entendem Nada”. Em 1915, residindo em São Petersburgo, conheceu Lilia e Osip Brik, um casal de intelectuais com quem manteve uma relação de afeto até o final da vida.

Lilia,  Osip Brik e Mayakovsky em
Paris (1923)
O poeta ficara apaixonado por Lilia, o que não impediu, entretanto, a sua amizade com Osip. Este foi o triângulo amoroso mais célebre da literatura russa do início do século e continua a despertar curiosidade dos admiradores de Mayakovsky. Muitos livros foram escritos a respeito, e os interessados podem ler a correspondência de Lilia e Vladimir, publicada postumamente. Muitos dos poemas de Mayakovsky foram publicados com ajuda do casal Brik, a quem o poeta frequentemente dedicava seus versos. Segundo a própria Lilia, ela se apaixonou pela poesia do escritor quando ele recitou pela primeira vez, num círculo de amigos, o prólogo do seu “Flauta Vértebra”.

Em 17 de dezembro de 1919, Mayakovsky se muda para Moscou. Ele apoia a Revolução e se torna, aos poucos, o grande propagandista do novo regime. Apesar de ter se concentrado na escrita de versos, peças e roteiros de cinema (essa última atividade é pouco conhecida, pois aparentemente não sobraram cópias de seus filmes), nunca abandonou a arte gráfica por completo, pois esta sempre foi parte integrante do vanguardismo russo.

Até 1921, ele colabora intensamente com a agência de publicidade Rosta, com a qual produziu inúmeros cartazes de propaganda e agitação política. Por seus métodos lacônicos de expressão e simplicidade gráfica, a organização acabou influenciando a pintura e o design na Rússia e no mundo todo.

Em 1923, Mayakovsky organiza a Frente Esquerdista da Arte (LEF). Este grupo de artistas de vanguarda editou até 1925 um jornal em que eram publicados grandes nomes da poesia e da literatura russas, como Aseev, Pasternak, Brik, Arvatov, Chuzhak, Tretiakov, Shklovskiy. Mayakovsky batalhava no Ministério da Cultura por mais espaço para as manifestações de vanguarda na arte, lutando contra a tendência cada vez mais forte ao realismo socialista e à chamada “arte popular” na vida oficial soviética. Ele dizia que arte da revolução deveria ser revolucionária. Os ânimos da revolução socialista estavam baixando, entretanto, e estava se pondo ordem na casa.

Os artistas de vanguarda eram cada vez mais criticados pela prática do decadentismo burguês e perdiam espaço nas editoras e revistas. E, apesar de este movimento não ter afetado Mayakovsky diretamente, ele manifestava constantemente aos amigos a sua frustração com o rumo cultural e político do país. Em 14 de abril de 1930, Mayakovsky foi encontrado morto em seu apartamento, em Moscou. A versão oficial, até hoje, atesta suicídio.

Extraído do sítio Diário da Rússia

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