4 de julho de 2012

FEIRA DO LIVRO DE BOGOTÁ - PORTUGAL E BRASIL: LITERATURAS EM EVIDÊNCIA

O primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, e o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, em conferência de imprensa em Bogotá.
A Feira do Livro de Bogotá é um dos mais importantes eventos do mercado literário de língua espanhola do mundo. Por dois anos consecutivos, o evento colombiano prestará uma homenagem à literatura da Lusofonia. Este ano, o Brasil foi o homenageado, e em 2013 será a vez de Portugal.

Ventos da Lusofonia mostra neste artigo como foi a feira deste ano e os preparativos para a de 2013, iniciados com a visita à Colômbia do primeiro-ministro da República Portuguesa, Pedro Passos Coelho.

Portugal: homenageado da Feira do Livro de Bogotá de 2013 

Portugal será em 2013 o país convidado da Feira do Livro de Bogotá, na Colômbia, sucedendo ao Brasil, que esteve este ano em destaque, informou no último dia 27 de julho fonte oficial da Secretaria de Estado da Cultura (SEC), de Portugal.

O convite foi feito no dia 23 de junho pelo presidente da República da Colômbia, Juan Manuel Santos, na visita oficial do primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, ao país e posteriormente confirmado pela SEC.

“A Câmara Colombiana do Livro me confirmou que a Feira do Livro de Bogotá do próximo ano, um dos eventos mais importantes do continente [sul-americano], terá como convidado de honra Portugal e seus escritores”, afirmou na ocasião o presidente colombiano.

Durante a visita do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho a Bogotá, houve o lançamento de dois livros: 'Portugal e Colômbia: Dois Poetas, Duas Nações' e 'Um País que Sonha: Cem Anos de Poesia Colombiana'.

Juan Manuel Santos afirmou que as obras de Luís de Camões, Eça de Queirós, Fernando Pessoa, José Saramago e António Lobo Antunes “mostrarão toda a riqueza da cultura portuguesa na Colômbia”. E disse ainda que Portugal e Colômbia são dois países que muito têm em comum, “como é o caso do futebol, da poesia e dos sonhos”.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, abriu a Feira do Livro de Bogotá deste ano, em homenagem à literatura brasileira.
Consagração da literatura lusófona 

O convite do presidente Juan Manuel Santos significa que a literatura em Língua Portuguesa estará em destaque durante dois anos consecutivos na Feira do Livro colombiana, uma vez que o Brasil foi o país convidado deste ano.

A participação de Portugal na feira funcionará em três eixos: “venda de livros em Língua Portuguesa, presença no certame de vários autores portugueses e promoção de Portugal como destino turístico e de turismo cultural”, referiu texto da secretaria de Estado da Cultura.

A pedido da organização, o programa incluirá ainda uma componente musical e gastronómica.

Em comunicado, o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, afirmou que “esta será uma oportunidade excelente para promoção da cultura portuguesa, de forma transversal, naquela que é a segunda feira do livro mais importante em língua castelhana, logo a seguir à de Guadalajara [no México]””

“Portugal irá assumir um programa variado e representativo da nossa literatura, da nossa música e da nossa gastronomia”, referiu.

De acordo com o sítio da Feira do Livro de Bogotá na Internet, este ano passaram pelo evento, entre 18 de abril e 1º. de maio, cerca de meio milhão de visitantes e realizaram-se negócios no valor de 20 milhões de dólares.

Feira de Bogotá homenageou o Brasil em 2012

Estiveram expostos na Feira do Livro de Bogotá deste ano milhares de exemplares em português e cerca de 800 títulos de autores brasileiros traduzidos para o espanhol.

Ícones da literatura brasileira, como Machado de Assis, Guimarães Rosa, Clarice Lispector e Cora Coralina, foram os grandes homenageados do Brasil. Participaram da feira obras de 50 autores contemporâneos, como Nélida Piñon, Fernando Morais, Eric Nepomuceno e Ziraldo.

Participaram da Feira do Livro de Bogotá a ministra da Cultura do Brasil, Ana de Hollanda, e a escritora Nélida Piñon – na foto à direita, saudada pelo ensaísta colombiano Guido Tamayo.
A escritora Nélida Piñon, primeira brasileira a presidir a Academia Brasileira de Letras – entre 1996 e 1997 –, ressaltou que, por meio dos livros, é possível entrar um pouco no universo da “sensibilidade, inteligência e imaginação” da literatura brasileira.

“Vocês podem desvendar esse país continental, que tem como característica forte a tutela da língua portuguesa, seu grande milagre”, disse Nélida durante um bate-papo com o ensaísta colombiano Guido Tamayo.

E foi justamente a língua “filha ilustre do Latim” que chamou a atenção dos “vizinhos” de língua castelhana.

A estudante Liliana Zamora, de 13 anos, não fala português, mas surpreendeu-se com as semelhanças com o espanhol ao folhear títulos brasileiros na feira.

“Eu achava que era muito difícil, mas estou vendo que entendo muita coisa”, disse. “Há palavras quase iguais.”

Cultura brasileira em evidência

Liliana Zamora, 13, surpreendeu-se com as semelhanças entre o espanhol e o português nos livros brasileiros.
O presidente da Câmara Colombiana do Livro, Enrique González Villa, disse que os colombianos estão “admirados” com o desenvolvimento econômico que o Brasil alcançou nos últimos anos.

“Para nós, o Brasil é um gigante desconhecido”, completou. “Conhecemos um pouco da sua música, mas, mesmo sendo vizinhos, temos uma selva amazônica que separa nossa fronteira e falamos um idioma diferente.”

A ministra da Cultura do Brasil, Ana de Hollanda, que esteve em Bogotá para a abertura da Feira do Livro, disse que a cultura brasileira vive um momento de “ascensão”, e que é importante evidenciá-la “além dos estereótipos, mostrando sua diversidade”.

A programação incluiu exibições de 100 artistas brasileiros de vários gêneros de música e dança pouco conhecidos fora do Brasil, como a música caipira.

“Trouxemos vários estilos não só de música e literatura, mas outras manifestações como o grafite e a capoeira”, disse a ministra Ana de Hollanda. “Queremos mostrar o Brasil que vai além do samba.”

Encurtando as distâncias 

Enrique González Villa: “A Feira do Livro é para estimular o hábito da leitura”.

A maioria dos livros brasileiros traduzidos do português chegam à Colômbia via Europa e não diretamente do mercado editorial brasileiro, explicou Enrique González Villa.

“Além disso, conhecemos só os clássicos”, completou. “Da literatura contemporânea sabemos muito pouco. Mas acredito que o Brasil saiba pouco também sobre a literatura colombiana, além de García Márquez.”

Mas a Colômbia também tem o desafio de aumentar os índices de leitura, disse González Villa. “Há muitos anos, a Feira do Livro é um dos nossos instrumentos para incentivar o hábito da leitura.”

A Colômbia ocupa o 6º. lugar na classificação de leitura na América Latina, com 2,2 livros lidos por habitante por ano, segundo dados do Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e no Caribe (CERLALC). O Chile é o primeiro da lista, com 5,4 livros por ano. O Brasil está em 4º. lugar, com 4 livros por ano.

* Extraído do sítio InfoSurHoy.com (Estados Unidos da América) e da Agência France-Presse.


Extraído do Blog Ventos da Lusofonia 

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