20 de junho de 2012

A VIDA FOTOGRAFADA DE IRINA POPOVA - Camila Martins

Foto de Irina Popova. Ela foi criticada por retratar uma criança exposta a situações de risco em vez de ajudar a resolver a situação.
Usar a vida do outro como inspiração e objeto para a fotografia sempre foi um assunto muito polêmico, principalmente no campo do fotojornalismo. Fotógrafos de guerra e documentaristas como Sebastião Salgado sempre estiveram na mira dos críticos que encaram seus trabalhos como sensacionalistas e oportunistas, já que, em sua visão, eles se aproveitam da fragilidade alheia. 

Tal rechaço sobre os cliques reais também recaiu sobre o trabalho da fotógrafa russa Irina Popova, que, no intervalo entre registros de povos em situação vulnerável, resolveu realizar uma série sobre os sentimentos. O ponto de partida: Irina estava saindo de uma casa noturna e encontrou uma mulher fazendo xixi na rua, com um carrinho de bebê ao lado, no ano de 2008.

Com a autorização da personagem, ela começou a fotografar e logo foi convidada para entrar na intimidade de Lilya, morando em sua casa por duas semanas. O resultado foi uma série que retrata o dia a dia um casal jovem de São Petersburgo, com uma filha pequena, e com um estilo de vida baseado em drogas e bebedeiras com os amigos.

www.photoquai.fr
As fotos mostram justamente o oposto do que, pelo senso comum, se entende como modelo de família. O choque vem pela maneira como aquele casal cuidava da filha e a expunha a situações de risco. Quando publicadas na internet, as imagens foram criticadas porque Irina, em vez de ajudar a resolver a situação, preferiu tirar fotos.

Entretanto, o que essa visão míope faz é deixar de entender o trabalho documental como um registro da realidade, nesse caso a situação de jovens em um mundo em crise, sem perspectiva de trabalho e crescimento, com muita sensibilidade. Clique aqui para ver a galeria completa.


Extraído do sítio Colherada Cultural

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários serão moderados. Não serão mais publicados os de anônimos.