20 de junho de 2012

O CUSTO DA CÓPIA - Tatiana de Mello Dias

Mimi Alford, uma ex-estagiária da Casa Branca, lançou recentemente um livro em que descreve, em pormenor, o relacionamento de 18 meses que manteve com o ex-Presidente norte-americano John F. Kennedy.

A última vez que JFK e Mimi Alford se encontraram foi no dia 15 de Novembro de 1963, escassos sete dias antes do assassinato do Presidente (JFK Library/The White House/Cecil Stoughton/Reuters)
A história de Mimi Alford, actualmente uma avó de 69 anos, foi contada pela própria no livro “Once Upon a Secret: My Affair with President John F. Kennedy and Its Aftermath”, que saiu recentemente para as livrarias americanas sob a chancela Random House.

No Verão de 1962, Mimi - que na altura ainda era conhecida pelo nome de solteira, Beardsley - tinha 19 anos e acabara o liceu. Antes de entrar na faculdade, as relações influentes da sua família valeram-lhe um estágio nos serviços de imprensa da Casa Branca.

Poucos dias depois do início do seu estágio, Mimi foi convidada para tomar banho na piscina da Casa Branca, altura em que travou conhecimento com JFK, que costumava nadar ali para aliviar as dores crónicas que sofria nas costas. Nesse mesmo dia, a estagiária foi convidada para uma festa depois do trabalho, onde se tornou claro o interesse do Presidente por ela.

Conta Mimi Alford no seu livro que, nessa noite, o Presidente a convidou para uma visita guiada personalizada à Casa Branca e que, quando ela se apercebeu do que estava a acontecer, os dois estavam sozinhos no quarto da mulher do Presidente, Jacqueline Kennedy.

A partir daqui a história pode contar-se em discurso directo, tal como o apresenta o “The New York Post” no artigo que dedica ao tema: “Percebi que ele se aproximava mais e mais. Podia sentir a sua respiração no meu pescoço. Pôs a mão no meu ombro. (...) Devagar, desapertou-me a parte de cima do vestido e tocou-me nos seios. Depois pôs-me a mão entre as pernas e começou a puxar-me a roupa interior. Eu acabei de desapertar o meu vestido e deixei-o cair pelos ombros”.

Às tantas, notando alguma hesitação, JFK perguntou: “Nunca fizeste isto antes?”. “Não”, respondeu ela. “Estás bem?”, questionou o Presidente. “Sim”, respondeu ela.

Depois de terminarem, JFK encarregou-se de fazer chegar Mimi a casa, que na viagem de regresso disse para si própria vezes sem conta: “Já não és virgem, já não és virgem”. 

Passada uma semana, os dois voltaram a ter relações sexuais e foi assim - segundo a ex-estagiária - que começou a relação entre ela e o Presidente e que se prolongaria por 18 meses, durante os quais Mimi nunca se encontrou com Jacqueline.

Num momento de reflexão do livro, Alford questiona-se se poderia ter resistido ao Presidente. E explica: “O facto de eu ser desejada pelo mais famoso e poderoso homem da América apenas amplificou os meus sentimentos ao ponto de a resistência ficar fora de questão. Foi por isso que não disse que não ao Presidente. É a melhor resposta que posso dar”.

Mimi descreve um amante que algumas vezes era “divertido” e “sedutor”, mas que outras era “apressado” e sem tempo para “demoras”.

E também havia alguma distância: “Havia sempre uma camada de reserva entre nós, o que pode explicar porque é que nós nunca nos beijámos. O amplo abismo entre nós - a idade, o poder, a experiência - garantiu que o nosso affair nunca evoluísse para nada mais sério”, explica a ex-estagiária no seu livro, cujas citações são transcritas pelo “The New York Post”.

Para além dos episódios de intimidade, Mimi lembra-se de alguns momentos definidores da presidência de JFK, incluindo a crise dos mísseis cubanos. Durante 13 dias, em Outubro de 1962, os EUA e a URSS estiveram num impasse nuclear. Apesar de os EUA terem ganho este braço-de-ferro, a ex-estagiária afirma que o Presidente estaria disposto a ceder. “Prefiro que os meus filhos sejam ‘vermelhos’ [comunistas] do que morram”, terá dito JFK a Mimi em determinada ocasião.

Mimi Alford também se lembra da profunda tristeza do Presidente após a morte do seu filho bebé Patrick. “Havia uma pilha de cartas de condolências no chão junto à sua cadeira e ele pegou em cada uma delas individualmente e leu-as alto para mim... Ocasionalmente, as lágrimas corriam-lhe pelas bochechas (...) E eu também chorava”.

Mas Mimi Alford conta igualmente alguns episódios que revelam o carácter mais “negro” do Presidente que foi morto a tiro em Dallas em 1963. A ex-estagiária recorda duas ocasiões: uma em que a forçou a tomar drogas e outra em que a encorajou a praticar sexo oral com o seu colaborador da Casa Branca Dave Powers.A decisão de escrever este livro de memórias aconteceu - de acordo com a Random House - depois de, em 2003, um biógrafo de Kennedy ter referido uma ligação entre JFK e uma “estagiária da Casa Branca com 19 anos”.

A última vez que JFK e Mimi Alford se encontraram foi no dia 15 de Novembro de 1963, escassos sete dias antes do assassinato do Presidente. Nessa altura a ex-estagiária já estava na faculdade de Wheaton, em Massachusetts, ironicamente a mesma alma mater de Jacqueline. 

“Ele tomou-me nos braços e disse - ‘Gostaria muito que fosses comigo até ao Texas’. E depois acrescentou - ‘Telefono-te quando regressar’”.

Mas por essa altura já Mimi Alford estava noiva de um rapaz, Tony Fahnestock, e disse isso mesmo ao Presidente. “Eu sei disso. Mas eu ligo-te na mesma”, insistiu JFK.


Extraído do sítio do Público.pt

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