15 de junho de 2012

NOVO SISTEMA DE ÔNIBUS DA CAPITAL É SOLUÇÃO PALIATIVA PARA O TRÂNSITO - Carolina Teixeira e Mariana Amaro

Sistema BRT prevê construção de estações nos corredores de ônibus (Divulgação/PMPA)
A implantação do Sistema do Bus Rapid Transit (BRT) vai melhorar o transporte coletivo em Porto Alegre. É o que promete o diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Cappellari, ao garantir que as mudanças previstas para o trânsito da cidade vão resolver os problemas do transporte público. Atualmente, o setor recebe muitas reclamações dos usuários, tanto pelos preços das tarifas como pela demora e má qualidade do serviço.

“Frequentemente eu chego atrasado na aula ou no trabalho em razão do transporte coletivo. O principal motivo são os congestionamentos nos horários de pico, outro problema é o intervalo entre um ônibus e outro. Acho que poderia ser reduzido”, reclama Vinícius Ávila, estudante de Engenharia Química na UFRGS. Cappellari, entretanto, garante que a Prefeitura está investindo e promete um serviço qualificado e com alta capacidade até 2014. “Estamos implementando um grande projeto de melhoria do transporte público, inclusive com a linha de metrô, que vai atender o eixo norte da cidade, onde temos a maior demanda de transporte”, assegura o diretor-presidente da EPTC.

O Sistema do BRT já está em processo de instalação em Porto Alegre, com obras na Avenida Protásio Alves desde março deste ano. O novo corredor de ônibus integra o legado para a infraestrutura oportunizado pela preparação à Copa de 2014. O projeto tem o objetivo de aumentar a eficiência, o conforto e a qualidade do serviço prestado e prevê veículos modernos de grande capacidade e baixas emissões, estações fechadas e climatizadas e passagem pré-paga.
A implantação do sistema BRT começa em Porto Alegre por três corredores em áreas de intensa circulação de linhas ônibus – avenidas Protásio Alves, Bento Gonçalves e João Pessoa. Conforme o secretário de Gestão, Urbano Schmitt, o projeto completo da Protásio Alves inclui sete quilômetros de corredor em pavimento de placa de concreto, adaptação das estações ao padrão BRT e implantação do Terminal Manoel Elias. O investimento total na avenida será de R$ 55,8 milhões, com financiamento de R$ 53 milhões por meio da Caixa Federal e R$ 2,8 milhões de contrapartida do município.

Apesar das promessas da Prefeitura, o especialista em trânsito e mobilidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) João Albano não é tão otimista quanto à resolução dos problemas de mobilidade urbana da Capital. “Solução não existe. Deve-se valorizar outras modalidades de transporte. Investir em infraestrutura e criar medidas restritivas à circulação do transporte individual motorizado”, afirma.

Para ele, tanto as ciclovias (linkar com matéria das ciclovias) quanto a implantação do novo sistema de transporte coletivo vão apenas amenizar a situação. “A solução é complexa mas, em síntese: transporte de massa, ciclovias, medidas individuais e restrições ao automóvel”, enumera.

O Coordenador de Projetos de Mobilidade da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Régulo Ferrari, rebate que tirar faixas de tráfego ou estacionamentos são medidas que envolvem estudos aprofundados e negociação com as comunidades afetadas. “A solução para os problemas de trânsito necessariamente passa pela adoção de medidas que favoreçam o transporte coletivo e o não motorizado, pois sabemos que a comodidade do automóvel e da motocicleta fazem com que as infraestruturas disponibilizadas tendam a se tornarem insuficientes em pouco tempo. Ao planejador cabe gerir todos os modais de forma que os custos e os tempos de viagem dos mais sustentáveis sejam competitivos em relação aos menos sustentáveis”, explica.

Segundo Ferrari, a partir deste ano, essas questões serão abordadas em amplo debate que será conduzido sobre o Plano de Mobilidade Urbana, que se constitui em um detalhamento das diretrizes de mobilidade que se encontram no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental e nas legislações federais.

Extraído do sítio Editorial J/Famecos

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