10 de junho de 2012

CULTURA SOBRE DUAS RODAS - Stefania Zini

O Velonotch, passeio noturno de bicicleta idealizado por Serguêi Nikítin, professor universitário e fundador do projeto Moskultprog, é um evento cultural singular: cada percurso segue um percurso único, estudado a fundo, que não se repete jamais.



Diversos apaixonados por passeios sobre duas rodas participaram no fim de semana passado da Velonotch moscovita, que neste ano teve como tema a Guerra Patriótica de 1812 e as paisagens arquitetônicas da moderna região oeste da cidade.

Após uma passagem por Roma no ano passado, o evento retornou para realizar sua sexta edição na capital russa, partindo em seguida rumo a Nova York. Em meados de julho deste ano, as bicicletas de Nikitin tomarão as ruas de São Petersburgo e no final do mês pousam em Londres. 


Depois do reconhecimento internacional do evento, o historiador russo disse que quer levar o Velonotch para o Brasil. "Eu adoraria fazê-lo em Salvador ou em Sampa", disse à Gazeta Russa. Agora ele busca patrocínio para isso.

Nikitin conta exclusivamente à Gazeta Russa como asceu a ideia.

Gazeta Russa: O que é o Moskultprog?

Serguêi Nikitin: “Moskultprog” significa "Passeios Culturais Moscovitas” e é um projeto concebido em 1997, quando eu ainda era um estudante universitário e comecei a passear pela cidade, primeiramente sozinho, depois com grupos de amigos. Eles se tornaram cada vez mais numerosos, e daqueles passeios nasceu o projeto.

Organizamos passeios noturnos, bem como conferências, seminários e exposições únicos, que não se repetem. Nossos eventos são “convites estéticos” para apreciar a arquitetura, ensinar a ver e a sentir aquilo que nos rodeia, com a ajuda de especialistas e estudiosos.

Em 15 anos realizamos centenas de eventos em Moscou, São Petersburgo, e muitas outras cidades da Rússia, além da Ucrânia e da Itália.

GR: Como surgiu a ideia de organizar passeios ciclísticos noturnos?

SN: Em 1997, na Ucrânia, passeando por Leopoli, onde estava escrevendo minha tese na faculdade, percebi que até mesmo as fachadas dos edifícios aparentemente anônimos se expressavam, na verdade, por sua beleza.

Foi então que comecei a imaginar um “teatro de arquitetura”, onde os próprios edifícios urbanos, os especialistas que os estudam e quem quisesse participar de nosso passeio se tornassem os verdadeiros protagonistas da história. 

Em seguida, já de volta em Moscou, comecei a usar a bicicleta durante o dia como meio de transporte, e durante as tardes para relaxar. Despertou em mim novamente a ideia do “teatro de arquitetura”.

Assim nasceu, em 2007, o primeiro Velonotch em Moscou, que passou a ser um evento anual. Um passeio noturno de bicicleta que reúne hoje milhares de pessoas e termina como todos os Velonotch, com um grande piquenique na madrugada do dia seguinte.



Depois, o evento passou a ser realizado também São Petersburgo e, no ano passado, desembarcamos em Roma para a primeira edição internacional. No ano passado, tivemos uma ótima experiência em Nova York e, no final de julho, faremos um passeio ciclístico na vila olímpica de Londres, região leste da cidade que permanece uma incógnita para muitos londrinos.

GR: Existem eventos semelhantes a este em outros países?

SN: O Velonotch é um projeto original e patenteado. Várias cidades pelo mundo nos pedem permissão para realizar iniciativas semelhantes. Em outras cidades, como Viena, Paris, Berlim e Milão, fomos diretamente convidados.

E ele está sendo realmente apreciado por povos de culturas diversas que, depois de 15 anos de trabalho, nos ajudaram a entender qual é a verdadeira missão do nosso projeto: um misto de trabalho pedagógico, científico e social que nos leva a realizar milagres urbanos, trabalhando com cenografia e jogos de luzes.

GR: Como é estruturado o evento? O que fazer para participar?

SN: Para participar de nossas iniciativas, inclusive do Velonotch, não é preciso pagar nada. Basta se inscrever em nosso site e, algum tempo antes do evento, enviamos por e-mail o local e horário de partida.

É um caminho noturno de bicicleta com várias paradas, cada qual sendo um importante momento de diálogo sobre os temas contados pelos especialistas, não por guias.

Para acompanhar os participantes no caminho estão, na verdade, historiadores, cientistas, que falam dos problemas atuais, dizem aquilo que pensam sem ter decorado nada, transmitindo, assim, o fascínio de pensamentos reais.



GR: Com tantos participantes, qual a estratégia para que todos tenham acesso ao que os especialistas dizem? 

SN: Nosso discurso é transmitido por meio de um canal de rádio FM, em uma ou mais línguas. Neste ano, o Velonotch em Moscou será transmitido em russo e em inglês. Cada participante deve, portanto, trazer um rádio, fones de ouvido e, obviamente, uma bicicleta.

Fotos: Smirnova, Serguêi Nikítin, Sacha Radkovskaia, Vladímir Kalinóvski, Alan Vouba, Timokhina.


Ler também: Passeio ciclístico noturno em Moscou

Extraído do sítio Gazeta Russa

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