5 de maio de 2013

INFARTO NA MULHER - Sérgio Augusto Latuf


Nos últimos tempos, a incidência de infarto do miocárdio nas mulheres aumentou assustadoramente. No Brasil, mulheres com mais de 40 anos, apresentam as mais altas taxas de doenças do coração da América Latina, superando o índice de mortalidade de tumores de útero e mama juntos. As doenças cardiovasculares são responsáveis por um terço de todas as mortes de mulheres no mundo. São cerca de 8,5 milhões de mortes por ano. 

As doenças como infarto e acidente vascular cerebral (derrame), sempre foram mais comuns nos homens até pouco tempo atrás. O infarto afeta cada vez mais mulheres e cada vez mais cedo.

Existem diversas justificativas que podem explicar os motivos pelos quais ocorreram essas mudanças. A mudança do comportamento e estilo de vida das mulheres alterou significativamente a qualidade de vida nas mulheres. O aumento da responsabilidade também é um dos principais motivos. Cerca de 45% das mulheres são chefes de família no Brasil, muitas delas ocupam cargos de liderança no trabalho, antes restritos aos homens.

A hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto, menopausa, tabagismo, obesidade, sedentarismo, stress e depressão, são os grandes causadores do problema. O risco cardiovascular para mulheres que fumam e usam pílula anticoncepcional é seis vezes maior para ocorrer um infarto.

Além das justificativas referidas acima, existe um fator agravante para o infarto na mulher, relacionado a dificuldade de diagnosticá-lo. Existe a possibilidade de que o aumento do diagnóstico do infarto na mulher, tenha uma parcela de contribuição na estatística do aumento da porcentagem da doença. 

Os sintomas de infarto na mulher geralmente são diferentes dos homens, o que dificulta o diagnóstico e retarda o tratamento. No homem, o infarto se caracteriza principalmente por dor no peito, enquanto nas mulheres em geral, surge palpitação, falta de ar e mal-estar, desconforto digestivo, dores nas costas, etc. Muitas vezes os médicos podem interpretar os sintomas de um infarto, com sintomas relacionados à menopausa, stress ou crises de pânico. 

Em geral, as mulheres demoram mais a procurar um médico quando se sentem mal, achando que não é nada grave, principalmente pelos sintomas se apresentarem de uma forma diferente dos homens.

O diagnóstico precoce de um infarto é fundamental para a sobrevivência e a diminuição de danos ao coração. 

Em um estudo apresentado no American College of Cardiology, com três mil mulheres que tiveram eventos cardiovasculares (infarto, derrame, angina), mostrou que elas morrem mais, porque dificilmente recebem as mesmas análises e tratamentos dados rotineiramente nos homens. 

Os autores concluíram que as mulheres têm duas vezes mais riscos de morrer de infarto após 30 dias que os homens. Existe uma tendência mundial de se elaborar protocolos de estudos somente para o sexo feminino.

O primeiro atendimento de uma suspeita de infarto deve ser feito em unidades de emergência, preferencialmente em unidades coronarianas. Existe um protocolo internacional de atendimento que deve ser seguido pelo médico, no qual uma série de procedimentos diagnósticos são realizados e para que o tratamento seja feito o mais rápido possível.

O tratamento do infarto é feito através de medicações via oral e venosa, assim como procedimentos invasivos (cateterismo e angioplastia se necessário). Quanto mais rápido e eficaz é o diagnóstico, melhor é o prognóstico (evolução da doença).

As orientações de prevenção são essenciais para todos, independente do sexo. Pratique exercícios físicos regularmente, pelo menos três vezes por semana, tenha bons hábitos alimentares, incluindo no cardápio frutas, verduras, legumes, carnes magras e cereais integrais.

Não abuse de bebidas alcoólicas e não fume. Cuide do lado emocional. O stress e a depressão são nocivos ao coração. Faça avaliação médica regularmente e procure sempre um atendimento de emergência caso você não passar bem. Infelizmente o infarto não perdoa.

* Dr. Sérgio Augusto Latuf é médico cardiologista.

Extraído do sítio Jornal Cruzeiro do Sul

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