23 de maio de 2013

RELAÇÃO ENTRE A SAÚDE BUCAL E AS DOENÇAS DO CORAÇÃO - Dra. Célia Regina Perissé

www.futuremed.pt/upload/Image/gengivas/fig7.JPG
As doenças do coração ou doenças cardiovasculares matam mais gente no mundo todo do que outras doenças existentes. Pode existir a predisposição genética para seu aparecimento, mas ela sempre se manifesta com a idade e a vida que cada indivíduo leva, associada ou não a hábitos pouco saudáveis como fumo, álcool, vida sedentária, dieta inadequada, além de outros fatores predisponentes. As doenças cardiovasculares se manifestam de várias formas. Vão desde uma crise de hipertensão arterial, isquemia, infarto do miocárdio, angina, acidente vascular cerebral, etc.

As doenças bucais se manifestam através da cárie dentária e das doenças periodontais. Vamos dar mais importância a esta última e sua relação com as doenças cardiovasculares. As doenças periodontais começam pela formação da placa bacteriana, que é constituída por uma diversidade imensa de bactérias muito virulentas que atingem a corrente sanguínea e podem se instalar em vários órgãos vitais do corpo humano causando uma série de acometimentos. Se a placa não for removida, instala-se a gengivite, que é a inflamação das gengivas. As gengivas inflamadas doem, ficam muito vermelhas e sangram muito. A placa bacteriana é uma película formada por essas bactérias e que calcificada forma o tártaro. Ela é a principal responsável pelo aparecimento da gengivite, embora outros fatores podem também desencandeá-la, tais como gravidez, hormônios, fumo, medicamentos, carência de algumas vitaminas como a vitamina C, niacina, além de outros fatores. O não tratamento da gengivite evolui para a periodontite, onde já há perda óssea ao redor do dente, expondo a raiz, causando sensibilidade e erosão do tecido dentário, amolecimento do dente, secreção, etc.

Inúmeros estudos já estão relacionando a periodontite com doenças cardiovasculares. As gengivas possuem uma imensa rede de pequenos vasos sanguíneos que levam as bactérias mais virulentas aos demais vasos calibrosos do corpo, instalando esses microorganismos patogênicos nos órgãos vitais do corpo humano, provocando as mais diversas doenças. Entretanto, essa estreita relação entre doença periodontal e doenças cardiovasculares ainda são foco para inúmeras pesquisas futuras, mas uma com certeza contribui como fator de risco para o agravamento da outra.

Outro fator agravante são os pacientes geriátricos, a nossa população está envelhecendo e os serviços de saúde não atentaram para esse quesito. Vamos precisar em um futuro próximo de mais profissionais para assistir e tratar uma população com expectativa de vida maior, e problemas também. A idade pode trazer diabetes, obesidade, problemas circulatórios, sedentarismo, problemas de saúde inerentes da idade e da predisposição de cada um, além dos problemas bucais; muitos idosos manifestam problemas periodontais associados a perda precoce de dentes e conseqüente desestruturação da mastigação, gerando inflamação e infecção pelo uso de próteses inadequadas.

São inúmeras as evidências entre as duas patologias; a doença periodontal pode ainda agravar outras manifestações coronarianas, propiciar partos prematuros (bebês com baixo peso), diabetes, doenças pulmonares, além de diversas outras complicações. As doenças periodontais ainda constituem fator de risco para algumas condições sistêmicas como febre reumática, prolapso de válvula mitral, sopro cardíaco ou presença de válvulas coronarianas.

Fique atento a alguns sintomas e sinais da doença periodontal: sangramento gengival ao uso da escova e do fio dental ou na mastigação, mau hálito persistente mesmo após escovação, gengivas vermelhas, inchadas e doloridas, retração gengival, alteração do formato normal das gengivas, que crescem e descolam do osso, etc.
Como evitar? Hábitos saudáveis de higiene oral, uma mastigação equilibrada através de uma boca preservada e restaurada, exercícios físicos regulares, não fumar, evitar stress, beber com moderação, fazer exames de rotina periódicos para avaliação sistêmica, visita periódica ao dentista e ao cardiologista, enfim, cuidados básicos e eficazes que devem fazer parte de uma vida saudável.

Talvez num futuro próximo, a interação medicina e odontologia se façam necessárias e também virem ações prioritárias em saúde pública focando a atenção para o paciente geriátrico.

Conclui-se então:
- A condição bucal, especialmente a doença periodontal parece ser fator significante para agravamento de doenças cardiovasculares.
- Os mecanismos que expliquem essa relação ainda necessitam de muitos estudos comprobatórios.
- A associação entre as duas doenças é de grande valor na prática odontológica, enfatizando ao paciente que a melhora na condição bucal promove não só a saúde local, preservando estruturas da boca como a redução do risco de agravar ou provocar uma doença cardíaca.

Estratégias preventivas em odontologia e medicina têm que ser desenvolvidas, propiciando assim a prevenção das duas formas dessas doenças e suas manifestações. A prevenção continua sendo o melhor remédio para qualquer doença...

Extraído do sítio Senado Federal

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