14 de maio de 2013

VINÍCOLAS INVESTEM PARA FORTALECER O ENOTURISMO EM SÃO JOAQUIM

Produtores estão investindo em espaços requintados para visitação e degustação dos vinhos

Os vinhos produzidos a partir das uvas cultivadas na Serra Catarinense estão se destacando cada vez mais no mercado nacional. As vinícolas, além de receberem premiações internacionais pela qualidade dos vinhos, também ganham destaque no Enoturismo. Nelas os turistas podem degustar os vinhos, conhecer a produção, desfrutar de belas paisagens e de ambientes luxuosos e aconchegantes.

A Serra Catarinense possui nove cantinas e três espaços para visitação, empreendimentos concentrados em São Joaquim. O mais recente foi inaugurado neste final de semana e fica na vinícola do Monte Agudo, distante sete quilômetros do centro de São Joaquim. O Vinhedo do Monte Agudo, teve início em 2004 com o plantio das videiras. Em 2008, foram comercializadas as primeiras garrafas de vinho.

Para um dos proprietário do local, e presidente da Associação Catarinense dos Produtores de Vinhos Finos de Altitude (Acavits), Leonidas Ferraz, as empresas estão iniciando e abrindo espaços de visitação. É uma atividade de longa maturação, mas que iniciou bem com a ajuda do poder público municipal e estadual. Ele avalia que a região precisa melhorar a infraestrutura para receber os turistas. “Ainda falta um hotel de categoria cinco estrelas, com capacidade de receber as pessoas. Temos dificuldades com o número de leitos que é muito limitado. Tenho certeza que depois que tivermos um hotel de cinco estrelas, o Enoturismo terá um avanço maior”, afirma Leônidas.

Preço

De acordo com o doutor em Enologia, Jean Pierre, a produção no Brasil é muito onerada em termos de impostos e de dificuldades de produção. “Se nós pegarmos esse comparativo com os chilenos e argentinos, nós estamos competitivos, porque são vinhos caros. Estamos em valores de venda, não somos competitivos com vinhos baratos”, salienta.

Os incentivos que os produtos recebem nos outros países são bem maiores, os insumos são subsidiados, como as rolhas, as barricas, as garrafas. “O mercado é muito importante para aqueles países. No Brasil é um grão de areia, o que dificulta a competitividade. Mas o importante é a relação de custo benefício e nisso os vinhos catarinenses competem de igual para igual”, ressalta Jean Pierre.

O futuro

O mercado é novo, está nascendo. Dez anos de produção e torna-se pouco se comparado com o mundo do vinho que já passa dos 500 anos. “O sucesso alcançado com apenas dez anos, mostra que realmente que a região tem um grande potencial, o mercado novo, ele alça voo e depois tem que estabilizar. A partir de agora que os vinhos estão sendo premiados e que os consumidores estão reconhecendo e dando valor aos vinhos catarinenses”, analisa Jean Pierre.

O clima, temperatura e a altitude fazem a diferença

Os vinhos de altitude são diferenciados, o que faz com que produtos alcancem um bom índice em concursos e avaliações e principalmente no consumidor. A grande diferença nos locais de altitude é o clima, as baixas temperaturas influenciam o ciclo da videira, principalmente nos meses secos.

A brotação começa em setembro até outubro e a maturação entre os meses de abril e maio. Produzindo mais tarde, em relação as demais regiões brasileiras, época considerada melhor pelos especialistas.

Todos os vinhos têm um período de amadurecimento e envelhecimento. “Os vinhos precisam de um pouco de guarda, diferente do que acontece nas outras partes do Brasil”, explica o doutor em Enologia, Jean Pierre Rosier. Os vinhos tintos precisam de três a quatro anos para serem lançados e os vinhos brancos entre um ano e meio e dois anos para terem qualidade. “Essa diferença quebrou um paradigma no Brasil onde se dizia que os vinhos brancos são vinhos para serem consumidos jovens. Nós temos vinhos de dois a três anos que tem alcançando prêmios, o que nos leva muito mais para o lado dos vinhos europeus do que dos vinhos americanos”, diz Pierre.

Concorrência com os vinhos gaúchos

A concorrência existe principalmente pela quantidade de vinhos produzidos no Rio Grande do Sul, aqui a quantidade é bem menor. A grande diferença é que são produtos que não competem entre si, são vinhos distintos. “Nós não podemos comparar um vinho leve, com uma estrutura mediana com um vinho encorpado. Cada um tem suas características e alcançam nichos diferentes de mercado, são incomparáveis, eles se somam, são produtos nacionais que concorrem com os importados”, afirma Jean Pierre.

Para Leônidas, não há uma disputa. “Nós e o Rio Grande do Sul produzimos excelentes vinhos, mas com características distintas para o consumidor, isso é muito bom porque ele terá vinhos de altitude da Serra Catarinense e da Serra Gaúcha”

A produção regional deve permanecer pequena

A produção de vinhos é variável de acordo com as condições climáticas, porém está em torno de 1,5 milhão de garrafas por ano. As vinícolas são pequenas, as maiores tem aproximadamente 40 hectares de vinhedo. O foco é a qualidade dos vinhos e não a quantidade produzida. As condições geográficas e climáticas da Serra não permitem grandes vinhedos. “A nossa topografia é acidentada, nós não temos condições de ter produtores com grandes áreas cultivadas. Daqui a alguns anos, por exemplo, o número de produção não deverá ser muito maior, deverá ficar entre 2,5 milhões de garrafas”, destaca Leônidas. A comercialização acontece principalmente em Santa Catarina, porém, algumas empresas vendem seus produtos para o Brasil todo.

Rotas turísticas devem ser criadas entre as cantinas

Os investimentos realizados por empresários em vinícolas e cantinas permitirá, no futuro, a criação de roteiros, onde os turistas poderão visitar os diversos empreendimentos, pernoitando ou não nessas estruturas.

Geralmente o turista atraído pela vitivinicultura é exigente, viaja sozinho ou em grupos, mas prefere lugares requintados que unem o contato com a natureza, razões que justificam os investimentos em São Joaquim.

Extraído do sítio Correio Lageano

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