22 de junho de 2013

ASSIS CHATEAUBRIAND TAMBÉM ERA UM HOMEM DAS ARTES - Júlio Cavani

Exposição inaugurada, nesta sexta-feira, no Museu de Arte Contemporânea (MAC), em Olinda, traz peças doadas pelo seu fundador.


Assis Chateubriand, chamado de "Rei do Brasil" no título do livro Chatô, de Fernando Morais, é mais conhecido por suas conquistas na política e nas telecomunicações, mas uma de suas maiores contribuições ocorreu na área das artes plásticas. Além de jornais, revistas, rádios e emissoras de TV, o criador dos Diários Associados fundou alguns dos principais museus do país. Um deles foi o Museu de Arte Contemporânea (MAC), em Olinda, que hoje inaugura uma nova exposição com peças do acervo doado à instituição pelo próprio fundador.

A exposição, que fica em cartaz até 18 de agosto, marca o lançamento de um livro educativo baseado na Coleção Assis Chateubriand do MAC. A publicação deve ser adotada por professores nas escolas e potencializará o alcance do acervo, que tem obras de artistas consagrados, como Portinari, Brennand, Manabu Mabe, Lasar Segall e Tomie Ohtake.

Quarteto de músicos, de Portinari. Crédito: MAC/Divulgação

Chateubriand fundou o MAC em 1966 quando criou a Campanha Nacional de Museus Regionais, iniciada em 1965 junto com Yolanda Penteado, organizadora da primeira Bienal de São Paulo. Seu objetivo era criar espaços permanentes de exposição de obras de arte moderna e contemporânea fora do eixo Rio-SP.

Além de Pernambuco, foram inaugurados espaços em cidades como Campina Grande (PB), Feira de Santana (BA), Araxá (MG), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG) e Porto Alegre (RS). Ele também foi o fundador do Museu de Arte de São Paulo (Masp), junto com o curador Pietro Maria Bardi.

Chateaubriand usava o poder de seus meios de comunicação e sua influência política (foi embaixador e senador) para convencer empresários e governos a comprarem e doarem obras de arte para esses museus. Para o MAC, ele conseguiu 203 peças. Ele próprio também era colecionador e circulava por Olinda para conhecer os jovens artistas. A década de 1960 foi uma das mais férteis da Cidade Patrimônio, com o surgimento de diversos ateliês coletivos e grupos artísticos, como o Movimento da Ribeira e a Oficina 154.

Entre as diretrizes dos museus de Chateubriand e Yolanda estava a aproximação entre obras de novos artistas e nomes consolidados (revelados da Semana de Arte Moderna de 1922 em diante), o que provocaria intercâmbios e inovações estéticas. A coleção cedida ao MAC incorporou quadros de apostas da época, como Tiago Amorim, Guita Charifker e Montez Magno, cujas obras são mostradas na nova exposição e no livro educativo.

De Tiago Amorim, Mulheres e Animais.Crédito: MAC/Divulgação

"Assis Chateaubriand frequentava os ateliês do Alto da Sé com muita cautela", relembra Amorim, que participa da exposição com a pintura Mulheres e animais. "Ele levava artistas de Olinda para São Paulo e nos hospedava muito bem, com direito a um Rolls-Royce à nossa disposição", recorda o pintor e ceramista.

Chatô nas livrarias e cinemas

O escritor Fernando Morais (Olga) é o autor de Chatô: O rei do Brasil, a maior pesquisa já realizada sobre a vida de Assis Chateubriand. Mais de 250 mil exemplares do livro foram vendidos desde o lançamento em 1994, apesar de suas 734 páginas. 

Em 1999, o ator Guilherme Fontes começou a filmar uma adaptação do livro, nunca concluída e nem lançada. O diretor chegou a ser condenado à prisão e a devolver mais de R$ 2 milhões de dinheiro, mas os processos ainda caminham na justiça.

Extraído do sítio Diário de Pernambuco

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