4 de maio de 2013

FEIRA DESTACA O MERCADO DE VINHOS NO BRASIL - Davi Brandão

Entre rótulos variados e produtos especiais para a ritualística do vinho, muito se discutiu sobre o atual momento do Brasil no cenário enológico...

Com a ascensão de uma classe média brasileira, mercado enológico ganha destaque e empresários começam a discutir seu futuro. Foto: Paulo Bareta

Um momento de sociabilização. Desse modo pode ser caracterizado o “ritual” do vinho. Entre um brinde e outro, tanto o mercado interno quanto o externo festejaram o atual cenário do setor vitivinícola, durante a Expovinis Brasil, feira que movimentou os salões do Pavilhão Azul do Expo Center Norte (Pavilhão Azul), entre os dias 24 e 26 de abril para apresentações dos principais produtores nacionais e internacionais.

Entre rótulos variados e produtos especiais para a ritualística do vinho, muito se discutiu sobre o atual momento do Brasil no cenário enológico. Com presença entre as dez principais economias do mundo, o País registra um desenvolvimento econômico, sendo que nos últimos anos mais de 50 milhões de habitantes ascenderam socialmente em renda, fato que também gerou impacto no consumo da bebida.

Diferentemente de décadas passadas, quando o vinho se associava à nobreza, aos grandes eventos sociais ou a festas da alta sociedade, em tempos atuais seu acesso parece estar mais facilitado, tanto em custo quanto em oferta. Espumantes, tintos, brancos, rosés, os vinhos começam a dividir a cena com outras opções de bebidas e a conquistar novos públicos. 

Com investimento estimado em R$ 5 milhões para ações de divulgação, o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) objetiva a apresentação do vinho nacional no mercado. Segundo o gerente de marketing, Diego Bertolini, o momento brasileiro é positivo neste mercado, sendo também impulsionado pelos grandes eventos esportivos. “Desenvolvemos ações de promoções internas e externas, tendo um trabalho conjunto com outras entidades ligadas ao setor. O Brasil cresceu nos últimos 15 anos neste mercado, e queremos destacar nos principais eventos a base de consumo de nossos produtos”, explica durante conversa com a reportagem do Shopping News. 

Dentre as principais ações desenvolvidas pela entidade está o trabalho de capacitação de profissionais do setor da gastronomia, com destaque para o garçom. “Eles fazem parte da potencialização de nossa base de consumo. Também estamos sensibilizando os empresários do setor de bares e restaurantes de que o vinho é uma oportunidade de negócios. O importante de vermos no mercado é que o brasileiro deixou de consumir sidra para apreciar vinho”, pontua. “Isso observamos no carnaval de São Paulo. O vinho foi enredo de uma grande escola de samba e durante os ensaios comercializamos mais de 300 mil taças de vinho para o público presente, que não estava acostumado a degustar o produto. A classe emergente também está com poder de compra e passa a exigir qualidade”, pontua o executivo.

Questionado sobre a questão dos preços dos produtos nacionais diante dos importados, Bertolini explica, com destaque ao mercado paulista, que tudo depende de uma questão de carga tributária, sendo inserida ainda em contextos específicos como logística e mão de obra. “Sabemos que quando um produto nacional chega a uma carta de vinho de um restaurante seu valor passa a novas cifras. Estamos trabalhando para amenizar isso, pois temos consciência do que existem muitas famílias que dependem deste mercado. Na região do vinho gaúcho, por exemplo, 90% dos produtores são pequenos empresários e têm essa cultura como sobrevivência. Temos que trabalhar junto ao governo para a desoneração da carga tributária e estamos fazendo isso. Consequentemente, o impacto será sentido no bolso do consumidor”, finaliza.

Visão estrangeira

Sob a mira dos holofotes mundo afora, o Brasil também ganha destaque no setor de vinhos. O crescimento da Expovinis registrado nos últimos anos evidencia essa atenção. Além dos produtores do mercado interno, o evento hospeda empresas tanto do Velho quanto do Novo Mundo do vinho. 

Com a apresentação de quase 30 produtores e mais de 100 rótulos da bebida, os produtos espanhóis ganharam destaque no evento. 

Segundo Angélica De Diego, representante da Câmara Oficial Española de Comercio en Brasil, os brasileiros vivem um bom momento e os produtores espanhóis também buscam fazer negócios no País. “Estamos participando em conjunto pela primeira vez do evento. A Câmara resolveu participar da feira no ano passado. Faltava um estande que apresentasse uma oferta maior tanto de regiões quanto de uvas. Aqui, 90% das vinícolas que apresentaram seus produtos buscam importadores e representantes no Brasil. Também importante em nossa participação é a oportunidade de ver como está a concorrência de países produtores e inclusive o mercado e produto brasileiro, tendo em vista que na Espanha o produto do Brasil não é tão conhecido”, explica.

Diante do cenário econômico que vive o continente europeu, e a Espanha em particular, a executiva afirma que o mercado interno busca pelos mercados promissores no mundo. “O mercado brasileiro é um mercado promissor para nossos produtos. Hoje o Brasil está em 15º no ranking de consumidores. É um mercado que cresceu nos últimos meses e sabemos que a importação dos vinhos espanhóis foram os que mais cresceram por aqui. Como espanhola sou suspeita, mas sabemos que nossa qualidade é muito interessante diante de outros países do Velho Mundo”. 

“Creio que as vinícolas espanholas necessitam melhorar seus investimentos na divulgação de seus produtos, com degustações, planejamento de marketing e mídia e encontros especiais. É um fator importante para este crescimento da presença dos vinhos espanhóis. Hoje no Brasil, um mercado que é buscado, não se tem um investimento de marketing, mas são feitas ações para países como a China e na Europa”, revela.

Para o diretor de marketing da InterBeaujolais, Antony Collet, o Brasil ainda é um mercado pequeno, mas que cresce rapidamente. “Hoje nosso principal mercado é o japonês e aqui nossa presença é muito baixa”, explica. Em sua segunda participação na Expovinis, a instituição francesa representa as 2.800 viticulturas da região Beaujolais, na França. No evento, foram apresentados cinco produtores da região: Alliance des Vignerons du Beaujolais; Domaine Jean-Paul Champagnon; Les Vins Georges Duboeuf; Maison Coquard e Domaine de Saint Ennemond.

Segundo Collet a participação deste ano funcionou muito bem para as estratégias. “Tivemos negócios importantes e os produtores encontraram representantes aqui no Brasil. Também interessante foram os contatos feitos”. Com investimentos não divulgados, o executivo explica que as ações de profissionalização e exposição da marca são bastante essenciais para a exposição dos produtos do Beaujolais.

Com rótulos oscilando entre 2 e 12 euros, as opções apresentadas no evento contam com custo até R$ 90 aqui no Brasil. “Os vinhos que possuem muita essência possuem uma relação custo benefício interessante. Os vinhos tintos são os principais produtos produzidos na região com 96% do total da nossa produção”, pontua. Sobre os produtos brasileiros, o executivo se revelou satisfeito pela que viu por aqui. “Fiquei impressionado pelo assemblage e qualidade dos produtos apresentados por aqui. Com qualidade”, explica. Questionado sobre a presença de nossos rótulos em seu país, a França, Collet afirma ser muito baixo. “Hoje os franceses consomem seus próprios rótulos, e não vejo uma presença expressiva dos produtos brasileiros no mercado francês.”

Sobre o futuro deste mercado enológico, o executivo pontua que diferente de décadas passadas quando a busca era para os produtos mais encorpados e frutados, hoje existe uma procura para os mais elegantes e frutados. “Estamos em um momento muito positivo e a indústria de vinhos terá muito espaço pelo mundo afora”, finaliza.

Novidades

Destaque entre os produtos nacionais, a centenária Vinícola Salton apresentou seus produtos no espaço. Após o sucesso de seus tintos Talento e Desejo, os apreciadores da marca conheceram o vinho Salton Gamay 2013, a nova Linha Salton Intenso, além do primeiro vinho tinto do Projeto Salton Gerações, que homenageia Paulo Salton, o fundador da empresa.

A Vinhos Larentis, do Vale dos Vinhedos, aproveitou o evento para divulgar sua linha de vinhos com os inéditos Tannat e Malbec. A aposta da vinícola está em duas cepas consagradas na América do Sul para buscar mais espaço no mercado brasileiro agregando novas variedades em seu time de rótulos às vésperas da Copa do Mundo 2014.

O estande da Maison des Cave destacou uma seleção especial de vinhos para atender aos paladares mais exigentes do segmento premium. Dentre os destaques: o top da chilena Viña Ralco, Malco Icono; os premiados “Proseccos” D.O.C.G. da tradicional vinícola Bortolomiol, cultivados na cidade de Valdobbiadene, nas opções: Superiore de Cartizze, entre outros.

Também destaque no mercado nacional a Vinícola Aurora destacou na feira seu Aurora Pinto Bandeira Pinot Noir, o segundo vinho da Aurora com Indicação de Procedência de Pinto Bandeira, a segunda região demarcada de vinhos do Brasil. 

O primeiro, Aurora Pinto Bandeira Chardonnay, foi apresentado no ano passado em primeira mão aos visitantes da vdo ano passado. Os dois vinhos com Indicação de Procedência mostram o êxito do projeto da Aurora Pinto Bandeira, na região da Serra Gaúcha que se destaca pelas variedades Chardonnay, Pinot Noir e Riesling.

Extraído do sítio DCI

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