6 de maio de 2013

ENRIQUE VILA-MATAS E FERNANDO GABEIRA SE DESTACAM NO PRIMEIRO DIA DA FLIP - Guilherme Bryan

Luiz Eduardo Pimentel, Fernando Gabeira e Zuenir Ventura, durante atividade da feira literária de Paraty (Foto:CC/gabeira.com.br)

Paraty – Com homenagem a Carlos Drummond de Andrade, a décima edição da Festa Literária Internacional de Paraty foi aberta na quarta-feira (4), com uma conferência do escritor Luis Fernando Veríssimo que comentou sua relação com o cronista e poeta mineiro. Em seguida, foi a vez do literato Silviano Santiago e do poeta e filósofo Antonio Cícero lerem poemas e analisarem a importância da obra do homenageado. A noite terminou com um animado show do cantor e compositor pernambucano Lenine, que apresentou, em meio aos maiores sucessos, o repertório do álbum “Chão”.

A primeira mesa da quinta-feira (5) chamou atenção pelo inusitado do tema: reunir três jovens escritores brasileiros – André de Leones, Altair Martins e Carlos De Brito e Mello – que têm a morte como temática de seus livros. Porém, quem esperava algo muito pesado, com pitadas góticas, errou completamente. Eles abordaram o tema de modo muito bem-humorado.

Em seguida, foi a vez de se discutir ações públicas na mesa voltada para a cidade de Paraty – “Mesa Zé Kleber”. A temática abordada dessa vez foi a da experiência das bibliotecas-parque, com a presença da educadora colombiana Silvia Castrillón, de grande importância para a implantação de bibliotecas públicas no país; e o brasileiro Alexandre Pimentel, diretor da Biblioteca Parque de Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

A temática política só retornaria no final do dia com a mesa Autoritarismo, passado e presente, com a presença de Fernando Gabeira e Luiz Eduardo Pimentel. Pela primeira vez lotada, a tenda dos autores presenciou um debate acalorado entre os dois convidados e o mediador Zuenir Ventura, terminando com uma crítica de uma pessoa presente na plateia, acusando o fato de não darem voz aos representantes do PT e do governo e de os convidados assumirem, assim, uma postura autoritária. Como resposta, ouviu Gabeira declarar que aquele se tratava de um evento que não estava focado num único partido.

E foi o que Gabeira fez o tempo todo, ao encontrar sinais de autoritarismo em diferentes momentos da história do Brasil, desde a Proclamação da República, passando pelo Estado Novo, até chegar à ditadura militar instaurada em 1964. Ele não poupou críticas aos governos Lula e Dilma Roussef, frisou ser sempre contra o governo, reclamou da falta de diálogo da presidenta com o Congresso Nacional e se saiu bem até quando um desajeitado mediador deu a entender que colocava no “mesmo saco” os ex-governadores do Rio de Janeiro, Leonel Brizola e Anthony Garotinho.

Foi quando brilhou a figura de Luis Eduardo Soares, o qual demonstrou um otimismo a toda prova, elogiando os governos petistas, mas, apesar de elogiar as UPPs, criticando o descaso da segurança pública, principalmente no Rio de Janeiro, que permite que todos os anos centenas de pessoas sejam assassinadas.

Porém, como era de se esperar, a temática que comandou as mesas foi mesmo a literatura. Primeiro, o catalão Enrique Vila-Matas confirmou porque era uma das estrelas mais aguardadas da Flip. Extremamente simpático, ele apresentou seu novo romance, “O Ar de Dylan”, e comentou suas grandes influências literárias, ao lado do escritor chileno Alejandro Zambra.

Um dos grandes momentos foi quando, em tom brincalhão, declarou que apenas a mãe dele acreditava ser ele tão grande quanto Miguel de Cervantes e, por isso, ter ao mesmo tempo o desafio e a facilidade de se dedicar à literatura. Em seguida, foi a vez do espanhol Juan Gabriel Vásquez e o espanhol Javier Cercas comentarem seus romances, em que misturam ficção e momentos cruciais da história de seus países.

Fora da programação principal, destaque para a “Folha de S. Paulo” que levou a Paraty vários de seus jornalistas e colaboradores, para comentarem o ofício e também a relação com Carlos Drummond de Andrade, como foi o caso do primeiro convidado, o colunista Marcelo Coelho. Também chamaram atenção as lindas imagens e os versos do escritor mineiro projetados na lateral da Igreja Matriz; e o circo armado para a Flipinha.

Extraído do sítio Rede Brasil Atual

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