17 de março de 2013

LITERATURA BRASILEIRA EXPOSTA EM LIPZIG

Brasil é um convidado de honra fora de todos os estereótipos este ano na Feira do Livro de Frankfurt cuja caminhada começou quarta-feira. Fotografia: AFP

O Brasil estreou na quinta-feira em Lepizig (leste da Alemanha) uma mostra que antecede a Feira do Livro de Frankfurt, onde o país sul-americano é o convidado de honra.

O director da Feira de Frankfurt, Jürgen Boos, disse na Feira de Livro de Leipzig que um dos elementos mais atractivos da literatura do Brasil é que foge a todos os estereótipos. “O Brasil é um convidado de honra fora de todos os estereótipos. Não é difícil que alguém nos ofereça uma caipirinha”, gracejou Jürgen Boos.

“Teremos autores brasileiros todos os anos na Alemanha, que representam a voz de um Brasil apaixonante e complexo”, acrescentou o director. O começo da “caminhada” para Frankfurt é a Feira de Leipzig, onde esta semana estão presentes nove autores dos 60 que depois seguem para outras cidades alemãs ao longo do ano.

“Estar em Leipzig representa o começo de uma caminhada que se transforma numa maior presença do Brasil no Mundo através da literatura”, disse o director do programa brasileiro, Galeno Amorim, numa apresentação na Feira de Leipzig. As palavras que mais foram mencionadas na entrevista colectiva são “pluralidade” e “diversidade” como elementos chave de um programa que tem como lema a definição do Brasil como “um país cheio de vozes”.

“Teremos autores de todas as regiões do Brasil. Alcançámos um certo equilíbrio quanto à presença de homens e mulheres. Teremos brancos, negros e indígenas. Autores que nasceram no Brasil e vivem fora e autores que nasceram fora do Brasil e se tornaram brasileiros”, disse Galeno Amorim.

Tudo isso, segundo ele, procura formar um mosaico que englobe a totalidade da literatura brasileira.

“A literatura brasileira sempre teve algo de antropofagia, pois devora as culturas externas”, disse o comissário do pavilhão brasileiro em Frankfurt, Manuel Pinto, fazendo referência indirectamente ao “movimento antropófago” de Mário e Osvald de Andrade, que marcou a literatura brasileira na primeira metade do século XX.

Os autores presentes em Leipzig são Carola Saavedra, Age de Carvalho, Luiz S. Krauz, João Almino, Rafael Cardoso, Tatiana Salem Levy, Ronaldo Wrobel, Ronaldo Correia de Brito e Ricardo Domeneck, que já representam várias das muitas caras que o Brasil que mostrar ao longo do ano. Carola Saavedra, por exemplo, nasceu no Chile e vive actualmente no Rio de Janeiro após ter residido na Espanha, França e Alemanha, enquanto Age de Carvalho nasceu no Amazonas e vive na Áustria, e Tatiana Salem Levy nasceu em Lisboa, numa família de emigrantes brasileiros com raízes judias sefarditas.

Assim, a presença judia no Brasil mistura-se, no mundo dos autores presentes, com retratos de cidades como o Rio de Janeiro, na obra de Rafael Cardoso, ou Brasília, que está no centro do ciclo de romances de João Alminol, iniciado com “Ideias para onde passar o fim do Mundo” (1987). Além disso, o programa não se reduz à prosa, mas também dá espaço a líricos como Ricardo Domeneck e Age de Carvalho.

“O Brasil está em processo permanente de recriação cultural”, disse Galeno Amorin, que espera que o programa, com a sua variedade, reflicta esse processo com as suas contradições.

Ao lado das apresentações estritamente literárias, o programa brasileiro incluirá diversos actos culturais em várias cidades da Alemanha, que durante os dias da Feira em Outubro se concentram em Frankfurt.

Extraído do sítio Jornal de Angola

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