24 de março de 2013

É BOM DEMAIS SER FELIZ EM PORTO ALEGRE! - Airton Gontow

Se você é desses leitores que acham que o jornalista deve ser imparcial, por favor, não leia esta matéria...

Vista panorâmica da cidade com destaque para o movimento dos turistas às margens do lago Guaíba, ponto obrigatório de visitação em Poa

Se você é desses leitores que acham que o jornalista deve ser imparcial, por favor, não leia esta matéria. Dizem os gaúchos que “Deus fez o mundo em apenas seis dias, porque precisava do resto do ano para caprichar no Rio Grande”. É exatamente por isso que, desde agora, deixo aqui o aviso: esta matéria é escrita por um jornalista gaúcho e porto-alegrense.

Porto Alegre, cidade de 1,5 milhão de habitantes, está na região formada por extensas planícies que dominam a paisagem do sul do Brasil e de parte da Argentina e Uruguai. A bela “capital mundial dos gaúchos”, banhada pelo lago Guaíba, completa 241 anos no dia 26 de março.

Surgida a partir da chegada de casais açorianos em meados do século 18 — em 1752—, “Poa” é hoje uma das cidades mais arborizadas do continente.

O município possui cerca de 80 prêmios e títulos que a destacam como umas das melhores capitais do País para se morar, trabalhar, fazer negócios, estudar e se divertir. Diversas vezes foi considerada pela ONU como a Metrópole nº1 no Brasil em qualidade de vida. Tem o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre as grandes cidades brasileiras.

Porto Alegre é uma visita obrigatória para quem viaja para o Rio Grande do Sul, mesmo quando o objetivo é conhecer as charmosas cidades de Canela e Gramado ou a fascinante região dos vinhos, com destaque para o Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha.

Preparamos um rápido roteiro, de apenas um fim de semana, àqueles que querem curtir os encantos desta cidade.

1º dia – sábado

Primeira dica: Acorde cedinho e vá para o Parque Moinhos de Vento, o Parcão, para caminhar. É uma espécie de pulmão verde do bairro mais chique da cidade. A área de 11,5 hectares é cortada pela Av. Goethe, o que dá ao local dois ambientes distintos, mas ambos muito frequentados – especialmente nas primeiras horas da manhã e ao final da tarde, para pedaladas, caminhadas e corridas.

O belo parque é uma atração por sua natureza, mas também pelo cenário humano. Tome cuidado para não pensar que errou o destino e que está na Fashion Week, tamanha a quantidade de beldades, masculinas e femininas. Muitos gaúchos, mesmo os mais modernos, fazem rodas de chimarrão nos gramados ou caminham “acompanhados” de suas cuias e bombas. A erva amarga é uma tradição viva, cultivada e cultuada no dia a dia do povo da cidade.

Segunda dica: Há muitos cafés gostosos. É só olhar, coçar e escolher. Não estranhe se alguém oferecer um “cacetinho”, logo às primeiras horas da manhã. É o nome do pãozinho consumido pela maioria dos gaúchos. Aliás, durante a viagem é possível descobrir várias especificidades do português falando em “Poa” e em todo o Rio Grande. Quando perguntar o preço de algum produto, provavelmente ouvirá algo do gênero: “custa dezoito com vinte”, o que significa R$ 18,20. Na capital gaúcha, farol ou semáforo é sinaleira; brigadeiro (o doce) é negrinho; lanchonete é lancheria, funilaria é chapearia e até mesmo no futebol há uma diferença. Sabe onde é que o goleiro fica na hora do jogo? Ora, em frente à goleira, para evitar o gol!

Terceira dica: Faça o city tour, promovido pela Secretaria Municipal de Turismo. A Linha Turismo tem dois passeios. O Tour Zona Sul percorre a orla do Guaíba até as surpreendentes praias de água doce, com seus barzinhos despojados. No Tour Tradicional, o turista descobre os encantos das áreas mais centrais da cidade, em especial do Centro Histórico e parte da Orla do Guaíba. Impressiona o verde de diversas regiões. Em muitas ruas, é praticamente impossível ver o sol, porque as copas das árvores se encontram, formando túneis.

Quarta dica: Pare no Centro Histórico da cidade, onde a Porto Alegre nasceu há 241 anos, para fazer um amplo passeio. Há museus, restaurantes, cafés e barzinhos. Inicie a visita pela Praça da Matriz, que é o centro cívico, administrativo, religioso e cultural do estado. Lá estão o Palácio Piratini, sede do governo; a Catedral Metropolitana, o Museu Júlio de Castilhos, o Solar dos Câmara e o Theatro São Pedro. Depois, desça até outra região do Centro Histórico e visite o Mercado Público, o restaurado Chalé da Praça XV e o Paço Municipal.

Quinta dica: Faça uma pausa para o almoço. O neoclássico prédio do Mercado Público, construído em 1869, tem um incrível movimento diário de cerca de 100 mil pessoas, atraídas por seus sabores e aromas, com suas bancas de frutas e especiarias, além de botecos, bares e restaurantes, alguns deles centenários, como o Gambrinus e o Naval. Há também cachaçarias, artesanato regional e produtos religiosos. Chama a atenção de qualquer visitante que há sempre muita gente com as camisas do Grêmio ou do Inter. Talvez em nenhuma outra cidade a população vista, literalmente, tanto a camisa de seu clube do coração. Destaque também para a tradicional Banca 40, com sua famosa Salada de Frutas com sorvete ou nata (o nome, nata, muitas vezes intimida, mas não deixe de provar a “iguaria”). Há muitas outras boas opções no Centro, como o Ateliê de Massas e o Attrio do Theatro São Pedro.

Sexta dica: Após o almoço continue pelo Centro Histórico, Caminhe na famosa rua da Praia (rua dos Andradas), conheça a Praça da Alfândega, o Memorial do Rio Grande do Sul (centro histórico que abriga a memória rio-grandense), o Santander Cultural (que integra e divulga a diversidade das linguagens e conteúdos artístico-culturais, atuando nos campos das artes visuais, cinema, música e reflexão, através de festivais, cursos, show, mostras e exposições, entre outros) e o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), com acervo de três mil peças, compostas principalmente pela arte gaúcha do século 20, além de peças da arte brasileira e internacional. No Santander Cultural, uma surpresa está guardada dentro de um cofre: é um belo café.

Sétima dica: Encerre o passeio do dia na Casa de Cultura Maria Quintana, antigo hotel onde viveu o poeta gaúcho. O local conta com cinema, teatro, biblioteca, discoteca e muitos espaços voltados para música, artes visuais, dança e literatura, além de receber muitas oficinas e eventos ligados à literatura. É no concorrido café, no alto do prédio, que as pessoas aguardam pelo famoso pôr do sol do Guaíba. Muitos porto-alegrenses gostam de curtir o momento no calçadão ou descolados barzinhos de Ipanema, diante do lago Guaíba, na zona sul da cidade.

Oitava dica: À noite, uma boa pedida é assistir a algum espetáculo no belo Theatro São Pedro, prédio em estilo neoclássico, concluído em 1858. Após o teatro, não deixe de visitar a agitada noite da cidade. Há basicamente duas regiões bem distintas: Cidade Baixa, bairro antigo, especialmente as ruas República, Lima e Silva, José do Patrocínio e João Alfredo, com casinhas de arquitetura açoriana. É um ponto boêmio e cult, com alguns ambientes undergrounds e público eclético e “alternativo”, espécie de mix entre os paulistanos bairros da Vila Madalena e do Bixiga; e a “Calçada da Fama”, formada pelas ruas Padre Chagas, Hilário Ribeiro, Luciana de Abreu e Dinarte Ribeiro, no Moinhos de Vento. Tem cafés, pubs de estilo europeu e botecos e restaurantes refinados e muita gente elegante. De certa forma, equivale à região de Itaim/Moema de São Paulo.

2º dia – Domingo

Primeira dica: É um dos pontos mais tradicionais e visitados de “Porto”. Das 9h às 17h, acontece uma grande feira, repleta de artesanatos feitos das mais variadas matérias-primas; obras de arte, como telas, escultura e caricaturas; antiguidades, gente fazendo inusitados shows e muitos quitutes de variadas culinárias. Ao total, são 300 tendas de expositores, ao longo da bela e arborizada José Bonifácio. O brique é frequentado por um público de enorme diversidade: há porto-alegrenses e turistas, casais namorando, grupos de amigos e amigas, militantes de partidos políticos e famílias inteiras. Novamente surpreende o turista a enorme quantidade de gaúchos caminhando com o chimarrão (bolsa com garrafa térmica, cuia, bomba e erva), assim como pessoas passeando com a camisa dos grandes times do futebol gaúcho, os campeões mundiais Grêmio e Inter.

Na Av. José Bonifácio, pare na confeitaria “Maomé - Doces Bárbaros” e prove o tradicional doce Mil Folhas, ao estilo gaúcho.

Antes, durante ou depois de passear pelo brique, descubra os encantos do Parque Farroupilha, mais conhecido como Redenção, fundado em 1935. Aos finais de semana, cerca de 80 mil pessoas percorrerem a área de 37 hectares do parque, onde há um grande lago, jardins temáticos, bares, fontes, parque de diversão, quadras (canchas, para os gaúchos) de futebol e 45 monumentos.

Segunda dica: O Museu de Ciência e Tecnologia da PUC tem mais de 700 experimentos científicos e tecnológicos, ao longo de seus três andares de pura interatividade. Com seus mais de 15 mil m², é uma espécie de parque temático, estimulando os sentidos e a curiosidade científica, que possibilita um viagem pelo universo de diversas áreas do conhecimento.

Terceira dica: Para o almoço de domingo, existem os Centro de Tradições Gaúchas (CTGs). Entre os mais conhecidos, estão o Galpão Crioulo e o CTG 35, com rodízio de carne e de comida campeira e shows de danças típicas gaúchas. Muito famoso na cidade é o tradicional Barranco, um aprazível restaurante repleto de árvores, em uma das mais movimentadas ruas da cidade, a Protásio Alves. Há garçons que passam com carrinhos com salada, à vontade, pelas mesas. Entre as carnes, peça um lombo com queijo ralado e a picanha tradicional da casa. É importante sentar do lado de fora, sob as árvores, onde o contraste entre a avenida agitada e o clima bucólico torna o ambiente inesquecível.

Quarta-dica: Vá até o Portão Central do Cais do Porto (região que um dia será, garantem as autoridades, revitalizada e transformada em uma espécie de Porto Madero, com galpões, bares, restaurantes, teatros e eventos culturais) e pegue um barco para passear, por uma hora, pelo Guaíba e pelos canais do Delta do Jacuí, passando por muitas ilhas. No Cisne Branco, há diferentes horários e opções, como “Navegando pelo Guaíba”, “As Luzes da Cidade” e a “Boate com Navegação”. A cidade tem no lago Guaíba, com seus 72 quilômetros de orla, sua mais forte expressão geográfica.

Quinta dica: Ao voltar do passeio de barco vá até o Museu Iberê Camargo, onde há um importante acervo do artista gaúcho, além de muitas outras exposições. Se for tarde, siga direto para a região da Usina do Gasômetro. Muitas vezes há instigantes exposições no local. Saia meia hora antes do por do sol e escolha um local, no calçadão ou juntos às margens do Guaíba, para assistir ao espetáculo.

Extraído do sítio DCI

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