18 de março de 2013

"BIG DATA" TRAZ NOVO OLHAR À HISTÓRIA DA LITERATURA - Steve Lohr


Quase qualquer lista dos principais romancistas da língua inglesa no século 19 inclue os nomes de Charles Dickens, Thomas Hardy, Herman Melville, Nathaniel Hawthorne e Mark Twain.

Mas eles não aparecem no topo da lista dos escritores mais influentes de seu tempo. Em vez disso, descobriu um estudo recente, Jane Austen, autora de “Orgulho e Preconceito”, e sir Walter Scott, criador de “Ivanhoé”, tiveram mais efeito sobre outros escritores, em matéria de estilo e temas literários.

Esses dois foram “o equivalente literário do Homo erectus ou de Adão e Eva”, escreveu Matthew L. Jockers em pesquisa publicada no ano passado. Ele baseou sua conclusão numa análise de 3.592 obras publicadas entre 1780 e 1900. Foi preciso pesquisar muito, e parte do trabalho foi feita por um computador.

O estudo, que envolveu a análise e a agregação estatística de milhares de romances, rendeu observações interessantes. Por exemplo, as obras de Jane Austen são bastante comparáveis em termos de estilo e temas, enquanto as de George Eliot (o pseudônimo literário de Mary Ann Evans) são mais diversificadas e se parecem com os padrões dos escritores homens.

A pesquisa de Jockers será publicada em forma de livro, intitulado “Macroanalysis: Digital Methods and Literary History” [Macroanálise: métodos digitais e história literária].

Esse estudo mostra como a tecnologia “big data” (envolvendo dados em volume maciço e transmitidos em alta velocidade) está chegando a áreas como as ciências sociais e humanas. Essas ferramentas proporcionam um novo olhar sobre a cultura, do mesmo modo que o microscópio nos permitiu enxergar sutilezas da vida.

“Essa tecnologia mostra o quadro maior –o contexto em que um escritor trabalhava– numa escala que nunca vimos antes”, diz Jockers, professor-assistente de inglês e pesquisador no Centro de Pesquisas Digitais de Humanidades, da Universidade do Nebraska.

As especialidades centradas em dados vêm crescendo rapidamente, dando lugar a um novo vocabulário. Na ciência política, esse tipo de análise quantitativa é chamado de metodologia política. Na literatura, a estilometria é o estudo do estilo de escrita de um autor. A “culturomics” é o termo empregado para descrever pesquisas quantitativas rigorosas nas ciências sociais e humanas.

“Alguns chamam isso de ciência da computação, outros de estatística, mas o essencial é que esses métodos algorítmicos estão cada vez mais presentes em todas as disciplinas”, diz Gary King, diretor do Instituto de Ciência Social Quantitativa, em Harvard.

As ferramentas quantitativas nas humanidades e ciências sociais são mais potentes quando controladas por um humano inteligente. Especialistas são necessários para formular as perguntas certas e para reconhecer as deficiências dos modelos estatísticos. “Sempre será preciso contar com as duas coisas”, falou Jockers. “Mas hoje vivemos um momento de aceitação muito maior desses métodos. Vai chegar um tempo em que esse tipo de análise fará parte das ferramentas básicas das ciências humanas, como é o caso em outras disciplinas.”

Extraído do sítio Boa Informação

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