25 de agosto de 2012

AUTOR BRASILEIRO LANÇA LIVRO SOBRE GUERRAS NA TCHETCHÊNIA - Fabrício Yuri

Autor visitou a Rússia para
pesquisar e planeja realizar filme
 na Tchetchênia em 2014.
Foto: Divulgação
Professor da Universidade de Sorocaba conta dramas de sobreviventes e diz que ‘perda’ foi força motriz da pesquisa.

Durante a década de 1990, as duas guerras envolvendo a Rússia e a então república separatista da Tchetchênia chamaram a atenção do mundo para o drama do fim da União Soviética.

Passados 12 anos desde o fim do segundo conflito, o professor universitário Paulo Edson resolveu publicar seu livro “Crônicas do Cáucaso: as Guerras da Chechênia”, pela Crearte Editora.

Nele, os brasileiros enfim vão poder contar com uma visão própria dos dramas, da política e de toda a complexidade do conflito, que deixou dezenas de milhares de mortos.

A ideia, segundo Paulo, surgiu após assistir ao documentário “3 Rooms of Melancholia”, de Pirjo Honkasalo, em 2009.

“Descobri que sabia bem pouco dos conflitos na Tchetchênia. Fiquei curioso por entender o que havia acontecido e os motivos para tamanha destruição da capital e dos vilarejos daquela república”, disse Paulo Edson à Gazeta Russa.

Coincidentemente, na mesma época, o professor havia começado aulas de russo com uma colega da Universidade de Sorocaba que era da região de Stavropol (cidade no sudoeste da Rússia, próxima à área de guerra) e que lhe falou muito sobre o conflito.

Perda como força motriz

“Minha motivação principal foi o enorme drama que se abateu sobre os civis – russos e tchetchenos – com essas guerras. Fico o todo tempo tentando imaginar como um ser humano, acostumado com a vida civilizada, encara a perda de tudo: de seus bens, de seu Estado, de suas pessoas queridas, de sua integridade física. Essa foi a força motriz de minha pesquisa”, conta.


O livro tem relatos de russos e tchetchenos que o brasileiro conheceu pela internet e no sul da Rússia, onde esteve realizando suas pesquisas em 2011, enquanto lecionou na Universidade Estatal de Voronej.

Mas a maior parte do material foi obtida por meio de bibliografia de autores que estiveram envolvidos no conflito. Entre eles, o soldado Arkádi Babchenko, o tchetcheno Hassan Baiev, além do antropólogo russo Valéri Tishkov, entre outros.

“Há uma passagem interessante, no início de 2000, quando Babchenko está em uma operação nas cercanias do vilarejo de Alkhan-Kala, onde Baiev mantinha um pequeno hospital. Os dois narram a mesma passagem, o bombardeio da comunidade. O interessante é a versão pessoal de cada um deles, cada qual em um lado do campo de batalha”, conta o autor.

Culpados e inocentes

Para ele, o conflito tem muitas nuances, e é preciso uma análise acurada. “Tento expor que essa guerra foi um grande erro de ambas as partes, tchetchenos e russos. Tento demonstrar, também, que houve dois lados nesses conflitos: um formado por líderes tchetchenos, russos, guerrilheiros e militares corruptos, e outro, o mais afetado e prejudicado, formado por civis comuns, tchetchenos e russos, que não desejavam de maneira alguma essa guerra”, conclui.

Na extensa e profunda pesquisa de Paulo Edson, ficou de fora apenas apenas uma viagem à República da Tchetchênia. "Ainda não fui basicamente por falta de tempo e por ainda não ter um russo que me permita comunicar razoavelmente", explica.

Mas o autor ainda espera uma possibilidade não só de visitar o local, como de transformar seu trabalho em audiovisual.

“Temos, sim, vontade de realizar um documentário in loco, em 2014. Mas ainda temos que encontrar uma maneira de operacionalizá-lo”, arremata.

Extraído do sítio Gazeta Russa

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