28 de agosto de 2012

AOS CHORÕES - Augusto Meyer

Salgueiro-chorão

Chorões da praia de Belas
Molhando as folhas no rio.,
sois pescadores de estrelas
ao crepúsculo tardio.

O mais velhinho, já torto
ao peso de tantas mágoas
lembra um pensamento absorto
debruçado sobre as águas.

Salgueiros trêmulos, belos,
meus camaradas tão bons,
diz o poeta, violoncelos
onde o vento acorda os sons.

Sois, à beira da enseada,
um bando de poetas boêmios,
e fitais na água espelhada
vossos companheiros gêmeos…

Mas se alguma brisa agita
a copa descabelada,
ondula, salta, palpita
vossa imagem assustada…



Augusto Meyer Júnior (Porto Alegre,1902 — Rio de Janeiro,1970) Pseudônimo: Guido Leal, Jornalista, ensaísta, poeta, memorialista e folclorista brasileiro. Em 1935 assumiu a direção da Biblioteca Pública de Porto Alegre. Em 1938, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a colaborar em jornais e revistas com poemas e ensaios críticos. Fez parte do Modernismo gaúcho, quando dá à poesia um toque regionalista. Membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Filologia. Obras: A Chave e a Máscara, 1964 ; A Forma Secreta, 1965 ; À Sombra da Estante, 1947 ; Camões, o Bruxo e Outros Estudos, 1958 ; Cancioneiro Gaúcho, 1952 ; Coração Verde, 1926 ; Duas Orações, 1928 ; Gaúcho, História de uma Palavra, 1957 ; Giraluz, 1928 ; Guia do Folclore Gaúcho, 1951 ; Ilusão Querida, 1923 ; Le Bateau Ivre. Análise e Interpretação, 1955 ; Literatura e Poesia, 1931 ; Machado de Assis, 1935 ; No Tempo da Flor, 1966 ; Notas Camonianas, 1955 ; Poemas de Bilu, 1929 ; Poesias (1922-1955), 1957 ; Preto e Branco, 1956 ; Prosa dos Pagos, 1943 ; Segredos da Infância, 1949 ; Seleta em Prosa e Verso, 1973 ; Sorriso Interior, 1930 ; Últimos Poemas, 1955.

Extraído do Blog Peregrina Cultural

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