25 de agosto de 2012

EVENTO CELEBRA CULTURA JAPONESA EM PORTO ALEGRE - Danton Júnior

Festival do Japão RS acontece neste final de semana na Capital.

Japonesas mostram trajes típicos em evento em Porto Alegre. Crédito: Cristiano Estrela

A distância entre Porto Alegre e Tóquio ficou menor neste sábado, quando teve início na Capital gaúcha o Festival do Japão RS. A Academia de Polícia Militar, localizada no bairro Glória, ganhou contornos de uma típica cidade oriental, com direito a cerimônia do chá, origami, sushi e apresentações de artes marciais e danças, além da presença dos adeptos do cosplay, pessoas que caracterizam-se como personagens de ficção. 

Isseis (imigrantes), nisseis (filhos) e sanseis (netos), além dos brasileiros que admiram o país do sol nascente, reuniram-se para cultuar hábitos orientais. De acordo com os organizadores, foram cerca de 4 mil visitantes somente no primeiro dia. O ingresso é um quilo de alimento não perecível. A programação recomeça às 10h de domingo, com apresentações de karatê, kenjitsu, dança e música. Uma palestra, a cargo do médico Emilio Moriguchi, vai abordar os segredos da longevidade no Japão. 

De acordo com o presidente da Associação da Cultura Japonesa de Porto Alegre, Kazuhisa Kanno, o objetivo do festival é apresentar ao povo gaúcho as diferentes manifestações da cultura japonesa. Ele afirma que a relação entre japoneses e gaúchos é cada vez maior, o que resulta inclusive na formação de famílias multiétnicas. "Os primeiros japoneses até tinham uma certa resistência contra essa mistura, mas hoje isso é disseminado. Não tem mais essa divisão", observa. A presença nipônica em solo gaúcho está concentrada principalmente nas cidades de Ivoti, São Leopoldo, Santa Maria, Pelotas e Caxias do Sul. 

Para o cônsul do Japão em Porto Alegre, Takeshi Goto, o número de visitantes registrado no primeiro dia do festival mostra o quanto a cultura japonesa está integrada ao Rio Grande do Sul. "Pessoas que apreciam a cultura japonesa tem participado bastante, bem como jovens interessados em cosplay e anime. Além disso, você encontra muitos restaurantes com sushi e sashimi em Porto Alegre, que também fazem parte da cultura japonesa", observa. 

Bombacha no lugar de quimono

A imigração japonesa diretamente para o Rio Grande do Sul teve início há 56 anos. Hoje, segundo o Consulado do Japão, são cerca de 4 mil pessoas, entre imigrantes e descendentes. E, a julgar pela roupa usada por Manoru Yokemura, 71 anos, eles estão plenamente integrados. Em vez de quimono, ele vestia uma pilcha completa, com bota, bombacha, camisa, lenço e chapéu. "Aqui nos damos bem e somos amigos de todo mundo", diz Yokemura, pai de um casal de filhos e morador de Pelotas. 

Nascido na província de Hokkaido, ele deixou o Brasil em 1959 junto com os pais e cinco irmãos. Foram 47 dias de viagem até o Porto de Rio Grande. De lá, foi para Camaquã, onde viveu um ano antes de estabelecer em Pelotas. "Naquela época, antes das Olimpíadas (Tóquio, 1964), Japão era crise mesmo. Caiu a bomba atômica de Hiroshima e Nagasaki (1945), aí ficaram cinzas", relembra. Yokemura encontrou no Brasil um novo país para trabalhar - foi produtor e vendedor de verduras - e criar os filhos, porém sem esquecer das suas origens. "Eu ainda sou japonês", justifica. 

Mesmo assim, com o crescimento da onda decasségui, na década de 1970, chegou a voltar para o seu país, onde permaneceu por 20 anos. Voltou no final da década de 1990. "Futuramente, Brasil vai ser primeiro lugar do mundo. Tem gente, tem água, tem terras... pena que falta educação", constata o verdureiro aposentado.

Extraído do sítio Jornal Correio do Povo

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