12 de agosto de 2013

PORTO ALEGRE QUER EXPLORAR LAZER E ESPORTES NÁUTICOS - Adriana Lampert

Movimento de secretarias municipais e entidades locais estuda ações de ocupação dos 72 km da orla do Guaíba.

Modalidades como beach tennis, stand up paddle, kitesurf e slackline podem ser praticadas no local. Foto: Luis Reis/Divulgação/JC

Classificado por pesquisadores como um grande lago, há pouco mais de duas décadas, o (chamado rio) Guaíba responde por um dos mais belos cenários de pôr do sol de Porto Alegre, ao mesmo tempo em que suas águas são muito pouco exploradas. Esses dois aspectos têm mobilizado uma dezena de entidades e três secretarias municipais (do Meio Ambiente, dos Esportes e do Turismo), envolvendo uma série de reuniões em torno do objetivo de criar infraestrutura e promover ações que viabilizem a ocupação de toda a orla. A meta do grupo é fazer da Capital um destino de turismo náutico até 2016.

Alguns passos já foram dados nesse sentido, aponta o titular da Secretaria Municipal de Turismo (SMTur), Luiz Fernando Moraes. Em 2008, foi criada a Associação de Turismo Náutico (Atun), que padronizou os passeios de barco oferecidos na cidade. Horários e preços foram organizados e fixados, e a venda de bilhetes de embarque passou a ser de responsabilidade da entidade. “Estabelecemos uma interlocução entre aqueles empresários, criamos o Sistema de Turismo Aquaviário, que atribui à SMT a competência de gerenciar essa ação, e desenvolvemos junto com a Atuno Selo de Qualidade de Turismo Náutico a certificação das embarcações’, resume Moraes. Com isso, foram padronizados quesitos de segurança, acessibilidade universal e qualidade no serviço prestado.

O incentivo ao segmento ainda inclui a construção de um novo terminal fluvial com equipamentos (toilletes, inclusive) que qualifiquem a área de embarque e desembarque próxima à Usina do Gasômetro, que atualmente funciona de “forma precária”, admite o titular da SMTur. “Esta iniciativa foi encampada dentro do projeto de revitalização da orla do Guaíba”, destaca o secretário de Turismo. Além do terminal que deve ser construído nas imediações do Gasômetro, as embarcações de passeio ainda poderão contar com um píer flutuante de 60 metros de comprimento no bairro Ipanema, na zona Sul. A estrutura irá contemplar barcos turísticos e poderá ser utilizada por embarcações de lazer de pequeno porte devido às condições da região, onde o calado é baixo e a ondulação não permite barcos ventosos.

O projeto, orçado em aproximadamente R$ 200 mil, deve substituir a atual estrutura, de dois metros de largura e 20 metros de comprimento, inaugurada em dezembro de 2012, mas que já está superada. “Poucos meses depois de ser implementado, o píer de Ipanema foi totalmente depredado”, lamenta a proprietária do barco Cisne Branco, Adriane Hilbig, que preside a Atun. Considerado uma conquista da entidade, que é responsável pela manutenção da estrutura, o píer foi construído graças a um convênio entre a Atun e a SMTur, que repassou R$ 43 mil para a viabilização da obra. No entanto, pouco foi utilizado, já que o vandalismo prejudicou a segurança. 

“Roubaram cordas, quebraram lâmpadas e soltaram um dos módulos, que acabou sendo arrastado rio adentro”, resume Adriane, emendando que o novo píer contará com guarita para vigia, portão de fechamento, módulos fixos e cabos no lugar de cordas.

“No verão, o Guaíba seca e não tem como as embarcações atracarem ali”, detalha o proprietário do barco Travessia 1, Reinaldo Frota, ao explicar o aumento de tamanho do píer. Frota promove passeios pela orla de Ipanema há 10 anos e considera importante o envolvimento da SMTur com o segmento. “Antigamente não havia intervenção nem do poder público nem de empresários. Hoje isso está mudando”, aponta. 

A criação da associação deu visibilidade para o turismo náutico, concorda Adriane. Ela também é proprietária do barco Travessia 2, que tem 27 lugares, e a partir de setembro terá saída do píer de Ipanema para a Ilha do Presídio e para a Praia do Tranquilo, no bairro Ponta Grossa. Junto com a Associação Brasileira de Esportes de Praia (Abep) e a prefeitura, a Atun ainda articula uma série de outras ações de fomento do turismo na praia de Ipanema.

Novo píer deve alavancar atividades na beira do rio

Além de possibilitar novas rotas e passeios, o novo píer previsto para o bairro Ipanema, em Porto Alegre, irá servir de apoio e base para atividades náuticas que devem ser implantadas em oito escolas esportivas que passam a funcionar na região a partir de novembro deste ano. O projeto é voltado para alunos da rede municipal e para turistas, que poderão participar de aulas experimentais de beach tennis, stand up paddle, kitesurf e slackline, entre outras modalidades, além de passeios pela orla. “Estamos pensando em criar um voucher promocional para que turistas de eventos ou negócios aproveitem um turno de folga e participem de uma atividade, promovendo a interação com este lado da cidade”, explica o presidente da Abep, Alexandre Maia Barbosa. “A meta é que até 2016 o projeto esteja sólido”, conclui. 

Para que o local se torne atrativo, a limpeza da areia está entre as preocupações da Abep. Mas em breve, a manutenção feita pelo DMLU deve contar com uma máquina espanhola, que está sendo providenciada pela entidade para realizar a higienização da areia através de uma lâmina que separa os resíduos e, paralelamente, despeja um líquido especial que mata mais de 100 tipos de bactérias. Sob o slogan Sorria para o Guaíba, a Abep também promoveu, a partir de parcerias, a pintura de 70 residências localizadas na Vila dos Pescadores, do outro lado do rio, em Guaíba. A ideia é melhorar o “cartão postal” e proporcionar uma vista mais bonita a quem passeia de barco pelas águas do lago. 

Outra ação que contribuiria para o turismo náutico da Capital deveria partir do poder público, opina a proprietária dos barcos Cisne Branco e Travessia 2, Adriane Hilbig. “Temos 72 km de orla e só três pontos de desembarque. Deveria haver mais, isso traria mais investimentos para o setor”, sinaliza. Na opinião do proprietário do barco Travessia 1, Reinaldo Frota, é preciso aproveitar o potencial do bairro Ipanema, que “está no caminho” de se tornar um polo turístico da cidade. “A segurança melhorou graças ao movimento de moradores (Eu Moro, Eu Cuido), que pleiteou e conseguiu mais policiamento na região. Além disso, a gastronomia evoluiu e a proposta de ocupação da praia com esportes, tanto de areia quanto de água, já está tendo bons resultados”, ressalta. 

Frota calcula que, desde junho, no último domingo de cada mês, uma média de 800 a mil pessoas estejam circulando na beira da praia e na avenida Guaíba (calçadão de Ipanema) por conta de evento promovido pela Abep, que propõe a prática de esportes de praia. Neste mês, o Travessia 1 deve voltar à atividade durante um arrastão de limpeza da areia da praia e, em novembro, passará a acompanhar trips esportivas durante campeonatos promovidos no local, planeja o empresário. O secretário municipal dos Esportes, Edgar Meurer, admite que não há projetos específicos da pasta para o segmento, mas afirma que o desporto aquático é “muito importante para que as pessoas se envolvam com o Guaíba novamente”. 

“As águas ainda estão muito poluídas, mas até o final deste ano passa a funcionar um equipamento capaz de captar 80% dos resíduos, tornando o rio balneável”, comenta. Meurer também destaca que a secretaria está apoiando, através de convênios e cedências de equipamentos, o projeto de fomento dos esportes náuticos desenvolvido para o bairro Ipanema.

Extraído do sítio Jornal do Comércio

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