16 de agosto de 2013

DESORDENS NO EGITO AMEAÇAM PATRIMÔNIO CULTURAL - Artiom Kobzev


Os distúrbios no Egito provocam vítimas não só entre as pessoas, mas também no patrimônio cultural. Os manifestantes começaram a queimar igrejas cristãs e tentaram saquear o Museu Nacional de Alexandria. A principal fonte de receitas do Egito, que é o turismo, também está ameaçada: os governos de uma série de países europeus recomendaram aos seus cidadãos que se abstenham de viajar para o país.

Depois da onda de violência que alastrou pelo Egito, o governo decretou o estado de emergência. Essa medida não parece ser exagerada, especialmente se considerarmos que os distúrbios ameaçam parte do Patrimônio Histórico da Humanidade que se encontra nos museus do Egito. Recordemos que em 2011, quando a Primavera Árabe ainda estava no início, desordeiros invadiram o Museu do Cairo e pilharam uma parte da coleção. Neste momento, a situação quase se repetiu: os assaltantes tentaram entrar no Museu Nacional de Alexandria. Depois disso, o governo egípcio ordenou o encerramento de todos os museus do país e escavações arqueológicas. Gumer Isaev, perito em questões do moderno Oriente Médio, comenta a situação:

"O Egito é um dos centros de estudo da Antiguidade. Apesar de artefactos importantes se encontrarem fora do Egito, na Inglaterra ou na Alemanha, as coleções egípcias de monumentos antigos são consideradas das mais ricas do mundo. Tal como já aconteceu no Oriente Médio, nos períodos de fortes convulsões sociais os museus são alvo de pilhagens. Isso nem sequer era feito por saqueadores, mas por profissionais que se dedicam ao furto de patrimônio e à sua revenda."

Também os cristãos egípcios foram vítimas do confronto entre os apoiantes de Mursi e as novas autoridades egípcias. As suas igrejas foram alvo de ataques por parte dos islamitas. Quando os distúrbios alastraram do Cairo a outras cidades, pelo menos sete templos cristãos foram atacados com coquetéis Molotov.

Os acontecimentos do Egito obrigam as autoridades de outros países a proteger seus cidadãos que se encontram nesse país. Assim, os ministérios das Relações Exteriores da Bélgica e da Letônia recomendaram aos seus compatriotas que se abstenham de viajar para o Egito. Da mesma forma reagiu o MRE russo. Os distúrbios também atingiram a cidade de Hurghada, muito popular entre os turistas russos, onde morreu uma pessoa e outras 14 ficaram feridas. A redução da afluência de turistas irá ter consequências extremamente negativas para o Egito, é a opinião de Gumer Isaev:

"A economia egípcia se baseava em três pilares. Em primeiro lugar, no turismo, em seguida nas receitas do Canal do Suez e, em terceiro lugar, nas remessas dos egípcios que trabalham no estrangeiro (sobretudo nos países do Golfo Pérsico). O turismo egípcio não são só os hotéis e as infraestruturas. São ainda as centenas de milhares de pessoas que essa indústria emprega indiretamente. São também aqueles que fabricam artigos turísticos, lembranças, garantem a segurança ou trabalham nos hotéis. O turismo é, sem dúvida, a componente primordial da economia egípcia."

A situação no Egito atingiu o ponto mais crítico depois de a polícia ter dispersado, na quarta-feira, dois acampamentos da oposição no Cairo. Essa operação resultou numa verdadeira batalha campal. De acordo com testemunhas oculares, ambos os lados utilizaram armas de fogo. Pouco depois, os confrontos alastraram a outras cidades. No total, segundo dados oficiais, terão morrido 526 pessoas, das quais 43 eram policiais.

Extraído do sítio Voz da Rússia

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