11 de agosto de 2013

CRÍTICA APONTA TENDÊNCIAS DA LITERATURA RUSSA DO SÉCULO XXI

Konstantin Milchin traça ampla análise sobre o momento literário da Rússia.

Na década de 1990, a literatura russa se deixou levar por uma liberdade embriagadora, surgida da ruptura com a época soviética e se adaptou aos novos tempos da forma como pôde. Quem diz isso é a jornalista Alena Tviritina, do suplemento digital Rusya Hoy (Rússia Hoje), da Gazeta Russa, em artigo no qual analisa as tendências da literatura russa para o Século XXI.

De acordo com ela, os novos tempos na arte literária russa possibilitaram a publicação de inúmeras obras que, simplesmente, foram proibidas de circular no período da União Soviética. Mas a jornalista também destaca que, em meio a esta explosão, surgiu muita literatura “barata”, pois alguns escritores, embriagados com a sensação de total liberdade, acabaram se perdendo em inúmeras experiências nem sempre bem sucedidas.

Diante desse quadro, a jornalista Alena Tvirítina pediu ao crítico literário Konstantin Milchin, da revista Russky Reportiór (Repórter Russo), que organizasse as tendências de uma profícua literatura russa para o século 21. Ele fez, então, a seguinte enumeração, uma espécie de roteiro que pode servir de orientação para os autores russos contemporâneos.

1) Personagens imersos em situações extremas. Ou seja, o retrato de dramas de pessoas que passaram por situações intensas e agudas como guerras, vítimas de ações extremistas, perda de liberdade, como, por exemplo, o empresário Mikhail Khodorkovsky, que só poderá deixar a prisão no próximo ano. Como exemplos desta literatura, o crítico citou os livros “A Guerra Mais Cruel”, publicado em 2008 pela editora Galaxia Gutenberg, de Arkadi Babchenko, ou “Patologias”, de Zajar Prilepin, publicado pela editora Sakhalin em 2012.

2) O desaparecimento do império soviético, a interpretação do colapso da superpotência soviética, a busca de pontos de referência depois do desmoronamento soviético e uma certa nostalgia pelo poder passado e perdido. Nesta categoria, Konstantin Milchin cita os livros “O Cabelo de Vênus”, de Mikhail Shiskin, e “A Ponte de Pedra”, de Aleksandr Terejov.

3) Os novos russos ou todo um abismo que separa o antigo trabalhador soviético do moderno trabalhador e executivo da Rússia, figuras que tomaram o lugar dos dedicados heróis proletários.

4) A busca da idade do ouro, do tempo em que se vivia bem no antigo país. O exemplo citado por Konstantin Milchin é a série “Erast Fandorin”, de Boris Akurin.

5) O apocalipse atual, ou seja, o florescimento do gênero das antiutopias e o pós-apocalipse. Como exemplos destas tendências, o crítico cita os livros “2033”, de Dmitri Glukhovsky, “O Vivo”, de Anna Starobinets, “2017”, de Olga Slavnikova, e “O Dia do Oprichnik”, de Vladimir Sorokin. Oprichnik era o nome dado ao integrante da guarda do Imperador Ivã, o Terrível.

Vladimir Sorokin
6) O microcosmos particular, destacando a vida na província russa.

7) Por fim, a literatura dos sentimentos, tema abandonado na era soviética e retomado por autores como Mikhail Shiskin no livro “Manual Epistolário”.

Para Konstantin Milchin, a literatura russa do século XXI se ocupa de assuntos importantes como reflexões sobre a época atual, traça retratos da nova sociedade russa, impulsiona o leitor e estimula a sua imaginação. Em resumo, busca formas adequadas de se ajustar aos tempos modernos.

Extraído do sítio Diário da Rússia

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