10 de agosto de 2013

LIVRO INAUGURAL DE RUBEM FONSECA COMPLETA 50 ANOS

A publicação inaugural da obra de Rubem Fonseca, Os Prisioneiros, comemora 50 anos. Meio século de uma produção que renova a literatura brasileira.


- O que é preciso para ser escritor? 

Para Rubem Fonseca, basta ser louco, alfabetizado, ter um quê de motivação, outro tanto de paciência e doses generosas de imaginação. Parece simples, mas não é como ingredientes de uma receita que ele dita as características. “A escrita é um risco total”, lembra.

A provocação que motivou a aula do escritor de 88 anos, arredio a entrevistas e aparições em público, foi lançada na entrega do prêmio Casino da Povoa / Correntes d´Escrita, em Portugal, no começo do ano passado. Numa fala bem humorada e rara (pelo menos no Brasil), José Rubem Fonseca monologou por longos dez minutos. Ganhou os presentes com a mineirice e os conselhos sábios de quem é considerado responsável pela renovação do conto brasileiro.


O feito teve início com a obra Os Prisioneiros, lançada há exatos 50 anos. Depois vieram A Coleira do Cão (1965) e Lúcia McCartney (1967). Obras inaugurais do que o respeitado crítico Alfredo Bosi chamou de “literatura brutalista” e que influenciaram levas e levas de escritores que se seguiram.

A narrativa da violência e do erótico marcada por um estilo contido, quase cinematográfico, lançou o advogado e ex-comissário da polícia carioca ao panteão dos grandes escritores logo nas três primeiras obras. Lugar que Zé Rubem, como é chamado pelos amigos, parece nunca ter dado muita importância.

Ao mesmo tempo em que sempre se manteve produzindo – além dos contos, romances, ensaios e roteiros, com igual senão maior destaque –, se absteve dos holofotes literários e preserva até hoje a simplicidade. Segundo o amigo e também escritor João Ubaldo Ribeiro, com quem o autor de Agosto (1990) e A grande arte (1983) se reúne toda terça-feira para almoçar, nos restaurantes do Leblon, as conversas são sempre as mais frugais.

“Nós ficamos conversando num lugar aberto para a calçada. É possível que gente passe e ache que eu e Zé Rubem estamos tendo altos papos estéticos. Na realidade, ele, que é viúvo, está comentando as moças que estão passando pela calçada”, contou Ubaldo ao O POVO.

Na comemoração pelas cinco décadas de literatura, a editora Nova Fronteira planeja lançar a 14ª coletânea de textos curtos de Rubem Fonseca. O livro, chamado de Amálgama, deve chegar às livrarias na primeira semana de setembro. Além de contos, deve reunir também poemas e anotações sobre velhice e a própria atividade de escritor. Recortes de uma figura da literatura brasileira que, mesmo diante da vasta e aclamada produção, não escapa das críticas e continua a despertar a curiosidade mais aguçada. Pelo jeito, para conhecê-lo, só se portando também como louco, tal ele chama os leitores.

Prêmios e adaptações

Rubem Fonseca é um dos autores mais premiados da literatura brasileira. Em 2003, ganhou os prêmios Juan Rulfo e Camões, este último o mais importante da língua portuguesa. O Jabuti ele já recebeu cinco vezes.

O escritor já publicou 13 coletâneas de contos e uma dezena de romances. Muitas de suas obras foram adaptadas para o cinema e a televisão. A Grande Arte (1991), primeiro longa-metragem dirigido por Walter Salles, é baseado no livro homônimo de Fonseca. A série Mandrake, dirigida pelo filho dele, José Henrique Fonseca, foi exibida a partir de 2005 e se inspirava no personagem criado por Rubem. 

Extraído do sítio O Povo

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