13 de maio de 2013

ESCRITORES USAM LITERATURA PARA HOMENAGEAR SUA CIDADE - Luiza Maia

Ruas, rios e cantinhos especiais no Recife são citados na literatura desde o século 19.

Ronaldo Correia de Brito tem carinho especial pela Praça Maciel Pinheiro, na Boa Vista. Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press

Há os que preferem criar cidades inteiras, raças e até dialetos, como J. R. R. Tolkien (Senhor dos anéis), J.K.Rowling (Harry Potter) e seus seguidores. Mas há escritores que soltam os personagens na casa vizinha, no bairro próximo, no bar onde bebem com os amigos. O jornalista e escritor pernambucano Abdias Moura, no livro O Recife dos romancistas - Paisagens, costumes e rebeliões (2010), mostra que a cidade é cenário de histórias ficcionais desde o século 19.

Beranardino Freire, em 1847, atravessava as ruas do Recife, Olinda e Joboatão dos Guararapes em seu livro Nossa Senhora dos Guararapes. “Via o Rio Beberibe, que, escoando-se por entre verdes mangues, e apenas por um pequeno istmo, onde se acham colocadas duas fortalezas, dividido do majestoso Atlântico, mistura as duas doces águas com as salsas deste mar entradas pela barra, e com as de seu irmão, o velho Capibaribe”, escreve.

As 700 páginas de Recife dos romancistas reúnem trechos de obras de 72 autores, sendo 48 pernambucanos, 20 de outros estados e ainda quatro estrangeiros. Ficam de fora do excelente trabalho de pesquisa - restrito a romancistas - os poetas Manuel Bandeira, Carlos Pena Filho, João Cabral de Melo Neto, Joaquim Cardozo.

Os espaços urbanos do Recife disputam, na literatura pernambucana, com engenhos e com o cotidiano rural e sertanejo. Isso minimiza o surgimento de muitos cronistas urbanos, como acontece na também litorânea Rio de Janeiro, onde se inspiraram e fizeram carreira os recifenses Nelson Rodrigues e Antônio Maria, dois polêmicos cronistas dos costumes cariocas.

Alguns lugares são citados ao acaso, apenas pela força imagética. Outros guardam uma memória afetiva, geralmente da juventude, um recorte autobiográfico travestido em homenagem literária. Cada cantinho retratado em prosa ou verso pode despertar nostalgia, identificação, mas também uma curiosidade sobre a ligação entre o autor e o ambiente reconhecido. A pedido do Diário de Pernambuco, alguns escritores relembram cantinhos especiais retratados em suas obras.

Extraído do sítio Diário de Pernambuco

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