25 de janeiro de 2013

O ROCK BRASILEIRO IS ON THE TABLE - Urariano Mota


Recife (PE) - A notícia correu a internet brasileira hoje. O produtor musical americano Jack Endino, que já trabalhou com os roqueiros do Nirvana, criticou as bandas brasileiras que cantam em inglês. O espanto dos brasileiros, que pensavam ser universais quando cantam in english, veio de um comentário óbvio do produtor. Ontem à noite, depois que a banda brasileira Noyzy (foto), da Paraíba, enviou o link de uma música para ele, 

Jack Endino assim postou no seu Facebook: 

“Brazilian bands!!! WHY ARE YOU SINGING IN ENGLISH? I CAN NEVER UNDERSTAND A WORD OF IT! What is the point of this? It will not give you success outside of Brazil, and I don`t see how it can give you success INSIDE Brazil. Yes, I know Sepultura did it, but their English was excellent, their lyrics were good, and they were on an international metal record label. Who else has done it? I am really baffled and puzzled by this”.

Ou como traduziria o meu inglês Google:

“Bandas brasileiras!!! POR QUE VOCÊS CANTAM EM INGLÊS? EU NUNCA ENTENDO UMA PALAVRA! Qual o sentido disto? Essa coisa não vai lhes dar sucesso fora do Brasil, e não vejo como pode lhes dar sucesso dentro do Brasil. Sim, eu sei, o Sepultura fez isso, mas o inglês deles era excelente....”. E por aí foi. Mas vamos ao que mais importa, supondo que o desabafo acima não importe. 

Diante de um fato desses, de bandas brasileiras que desejam ser mundiais porque cantam no que pensam ser o inglês, eu não sei se escrevo sério, a sério, ou se rio. Então vamos numa boa mistura, à semelhança do título destas linhas. Watch, amigos. No tempo da minha infância, os meninos costumavam também falar inglês. Ali, sob o efeito de roliúde, todos éramos caubóis:

- Rói, roi, arroiado. Rendes forape. 

- Rum, roi rai rói. E tome soco.

Não sei de onde tirávamos que no inglês havia uma floresta de rai - rei- rói, que pronunciávamos com os olhos esbugalhados para melhor realçar o nosso inglês de cinema, arrolhados que estávamos de pureza nos ouvidos. Nós sempre interpretávamos os sons dos Estados Unidos como uma chuva de erres. Se assim foi na infância, impressionante é ver a repetição desses rairróis em jovens brasileiros, que, primeiro, tocam roque, segundo, pensam que assim se tornam estrangeiros, terceiro, pior, se acham universais pela negação do Brasil.

Na verdade, esse erro deslumbrado não é exclusividade das bandas de roque do brasil, assim mesmo, brazil em bezinho, para melhor ficar à altura do que pensam. Mais de um escritor brasileiro, Millôr Fernandes inclusive, já acreditou que se escrevesse em inglês seria mais conhecido e reconhecido o seu talento. Mas assim pensava sem abdicar do modo de ser e de sentir, escrevendo em bom português, criador e criativo. Que diferença dos gritos sem nexo de jovens que cantam de lugar não sabido para lugar nenhum. 

Há pouco, Jack Endino postou no seu Face o que o Google me traduz desta maneira:

“I posted emotionally, and my point was not obvious. Eu postei emocionalmente, e meu ponto não era óbvia. OK. OK. This is not only about Brazil, now. Isto não é só sobre o Brasil, agora. I know it`s rock and roll, there are no rules. É claro, você é livre para cantar em uma língua, que nem todos em seu próprio país pode entender. BUT if you are not good with that language, then NOBODY can understand you... Mas se você não é bom com essa língua, então ninguém pode te entender ... you are singing to NOBODY! você está cantando para NINGUÉM! How can this be smart for a band`s career? Como isso pode ser inteligente para a carreira de uma banda? A maioria das bandas têm problemas suficientes, apenas ser reconhecido em sua própria cidade... you hope to have success outside your country... você espera ter sucesso fora de seu país. do not forget that you are competing with a million bands who are native-speakers, and they already live there, and play there, and you do not. Não se esqueça que você está competindo com um milhão de bandas que falam a língua nativa, e eles já vivem lá, e tocam lá, e você não”.

É claro, o parágrafo acima não é português. Mas pelo espírito das frases é mais inglês que o das bandas de rock do Brasil. Notem, nem vem ao caso lembrar que o valor da arte se dá em qualquer língua, até mesmo nas mais bárbaras. Que se fosse pelo inglês – perdoem por favor este óbvio – Dostoiévski não teria ultrapassado as fronteiras da Rússia. Mas para o caso e nível de nossas bandas de rock, prefiro o exemplo mais simples e imediato da profunda música de Teló, aquele que, de se eu te pego em se eu te pego, virou vírus em todo o mundo. 

Creio que com o exemplo de Michel Teló chegamos à conclusão de que se pode ser idiota em qualquer língua. E para encerrar, lembro que em matéria de brasileiro que virou famoso ao falar inglês, quem fala melhor é o Joel Santana. Aliás, a seu modo Joel é o maior poliglota, daquele gênero de poliglota universal. Ele fala mal todas as línguas. Luquete (Veja o vídeo)

Extraído do sítio Direto da Redação

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