2 de novembro de 2012

DOIS VOLUMES REÚNEM A POESIA DE VASCO GRAÇA MOURA DE 1962 a 2012


A poesia de Vasco Graça Moura, de 1962 a 2010, é agora reunida em dois volumes, de cerca de 600 páginas cada, que serão apresentados no dia 22 de novembro, em Lisboa.

A sessão de apresentação está prevista para as 19:00, na FNAC do Colombo, disse à Lusa fonte da editora.

Em declarações à Lusa, Vasco Graça Moura, lembrou que, "no trabalho de preparação destes volumes, ao ler certos poemas, pareceu-me, a dado passo, estar a ouvir uma outra voz que afinal era a minha, mas numa outra altura”.

Para o poeta é “uma experiência que acontece quando se tem uma certa extensão de obra escrita”.

“Quando os revisitamos [os poemas], se têm condições para resistir ao tempo, dá-nos a sensação de termos dito de facto o que queríamos dizer”, afirmou o poeta.

Vasco Graça Moura disse à Lusa que resistiu à possibilidade de fazer qualquer alteração aos textos já publicados.

“Estão, tal e qual foram publicados, sem alterações ou quaisquer intervenções ou complementos”, destacou.

O primeiro volume reúne a poesia publicada entre 1962 e 1997, abrindo com “modo mudando”. O segundo volume vai de 1997 a 2010, iniciando o livro com “poemas com pessoas”.

Vasco Graça Moura, atual presidente do conselho de administração do Centro Cultural de Belém, foi já distinguido com o Prémio de Poesia do Pen Clube, em 1994, e, no ano seguinte, com o Prémio Pessoa.

Em 1998 ganhou o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores. Em 2007 recebeu o Prémio Max Jacob para Poesia Estrangeira e, em 2008, o Prémio Tradição do ministério da Cultura italiano pelas traduções de Dante e de Petrarca.

Vários poemas seus têm sido interpretados por nomes como Mariza, Carlos do Carmo e Cristina Branco, entre outros.

Em declarações à Lusa, o autor, com vasta obra publicada nas áreas da ficção narrativa e ensaio, afirmou-se “preocupado com o futuro das letras”.

“Encaro com muita preocupação o futuro das letras, sobretudo em língua portuguesa, dadas as deficientes condições dos programas escolares, embora seja de reconhecer que o atual ministro [da Educação] está a fazer um esforço notável para ultrapassar esta situação, mas é uma questão que se arrasta há décadas e é preocupante o que pode vir a acontecer”.
Em relação ao mercado do livro, o autor de “Enigma de Zulmira” afirmou que “a preponderância das novas tecnologias na indústria do livro, nomeadamente do livro eletrónico, pode ocasionar um certo retrocesso no consumo da literatura em benefício de outros consumos de material escrito que não tem a ver com a literatura”.

“A crise do livro e do mercado do livreiro atinge outros setores e tem consequências dramáticas nos consumos culturais”, rematou o escritor.

Em mãos, Vasco Graça Moura afirmou que tem “um ensaio sobre identidade cultural europeia”, que está a terminar. Também na sua secretária está “o coligir de um volume de ensaios que se encontravam dispersos, e que deve sair em princípios do próximo ano”.

O autor de “Meu amor era de noite” está ainda a preparar “umas conferências que vai apresentar a convite do Collège de France e uma intervenção na Universidade de Salamanca”, em Espanha.

Extraído do sítio Jornal da Madeira.pt

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