2 de novembro de 2012

(BOA) LITERATURA EM PORTUGUÊS COM SOTAQUE - Cláudia Fernandes

“INSCRIÇÃO PARA UM PORTÃO DE CEMITÉRIO 
Na mesma pedra se encontram, 
Conforme o povo traduz, 
Quando se nasce - uma estrela, 
Quando se morre - uma cruz. 
Mas quantos que aqui repousam 
Hão-de emendar-nos assim: 
"Ponham-me a cruz no princípio... 
E a luz da estrela no fim!" – Mário Quintana


Hoje estas linhas vão para alguém que me fez repensar a esperança. Cá, deste lado do Atlântico pouco ou nada se ouve falar dele. Nós, tugas, e a mania de que a boa literatura em língua portuguesa é nossa. Mas do outro lado, também existem génios. E hoje foi falar de um deles. Quem é que já ouviu falar de Mário Quintana e da sua brilhante definição – poema – de esperança? (“Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano/Vive uma louca chamada Esperança/E ela pensa que quando todas as sirenas/Todas as buzinas/Todos os reco-recos tocarem/Atira-se/E/— ó delicioso vôo!/Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,/Outra vez criança.../E em torno dela indagará o povo:/— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?/E ela lhes dirá/ (É preciso dizer-lhes tudo de novo!) /Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:/— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...”- Esperança, Mário Quintana). Se calhar os planos curriculares da disciplina de português só teria a ganhar se também focassem um pouquinho do bom que se faz lá fora. Não estou com isto, entenda-se, a criticar o facto de se estudar Eça, Camões, Garrett, Pessoa, etc. Nada disso. Apenas se deveria conhecer as correntes literárias das nossas línguas e, ainda, os grandes nomes da Literatura em língua portuguesa. Porque é um desperdício este Mário Quintana ficar no “anonimato” para grande parte dos portugueses.

Assim, e dando uma pequena biografia sobre ele, Mário Quintana nasceu a 30 de Julho de 1906 em Alegrete, no Brasil. Motivos de saúde fizeram-no abandonar o colégio militar. Trabalhou numa livraria, numa farmácia e numa redacção de um jornal. As suas primeiras obras foram traduções. Em 1940, publica “A rua dos cataventos”, o seu primeiro livro. A partir daqui não parou. Felizmente para a área cultural e, mais propriamente para a Literatura. 

O escritor faleceu em 1994, deixando uma vasta obra para a história. E ficam também frases geniais como a
que se segue:

“A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda”.

Extraído do sítio PT Jornal

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