12 de agosto de 2012

IMPRESSIONISMO E MODERNIDADE - José Henrique Fabre Rolim

Paris sempre foi considerada uma cidade especial pelo seu charme, pela história, pelo patrimônio cultural com seus museus e centros culturais e por tantas outras características que encantam a todos, uma das mais fotografadas e filmadas, a cidade-luz representa um ícone enraizado no imaginário.

O século XIX representou um momento magistral para a capital francesa, um “joie de vivre” que se instalou com a “belle époque” e a boêmia de geniais artistas, escritores e poetas que contribuíram para a concretização de uma modernidade latente que influenciou a criação artística nos quatro cantos do mundo.

A mostra “Impressionismo: Paris e a Modernidade – Obras-Primas do acervo do Museu D’Orsay”, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (Rua Álvares Penteado, 112, Centro) que reúne 85 pinturas provenientes de uma das instituições museológicas das mais expressivas, uma oportunidade rara para observar um período revolucionário na mágica passagem do século XIX para o século XX. Artistas como Auguste Renoir, Vincent Van Gogh, Paul Cezanne, Claude Monet, Paul Gauguin, Edgar Degas, Édouard Manet, contribuíram sensivelmente para a transformação do panorama cultural e artístico.

As obras ocupam todas as salas do CCBB, inclusive o quarto andar destinado anteriormente aos escritórios da instituição e o subsolo proporcionando uma visão notável de parte significativa da história da pintura no século XIX.

Telas como “O Tocador de Pífaro”, de Édouard Manet, um dos ícones do Museu d’Orsay, como “A Estação Saint-Lazare” (1877, de Claude Monet, e “O Salão de Dança em Arles”, (1888), de Van Gogh são obras memoráveis que, ao lado de “Les Alyscamps” (1888), de Paul Gauguin, exaltam a magistral representação de um movimento artístico marcado pelo alto empenho de suas revoluções cromáticas. O impressionismo enaltecia o dinamismo de cenas de uma época, intensamente estudada e analisada pela singularidade de uma poética vibrante e atraente.

O Museu d’Orsay reúne um acervo que destaca a modernidade pictórica enfocando a agilidade de obras memoráveis que transformaram a arte resultando no fluxo renovador das cores espelhando a luminosidade da natureza ou dos recantos perdidos das cidades. A primeira conquista desta nova geração de pintores, nascidos entre 1835 a 1840, tem como base a espontaneidade de pinceladas sensíveis surgidas na luminosidade natural (“plein air”). As formas e as distâncias são sugeridas, conectadas com a vibração e os contrastes das cores, no desenvolvimento de um tema sempre envolto numa atmosfera luminosa com as mutações inerentes à instantaneidade das cenas.

Os pintores impressionistas na trilha de Courbet escolhiam seus temas na realidade contemporânea, trabalhando sobre o enfoque da cena como faziam os pintores de Barbizon e certos paisagistas ingleses, se envolvendo intensamente no estudo da pintura ao ar livre, fazendo da luminosidade o elemento essencial e dinâmico da obra, eliminando as tintas sombrias e terrenas para utilizar cores puras. Pintores de uma natureza mutante, de uma vida, em certo sentido, feliz, vinculada na particularidade do instante, cada momento é único. 

Eram indiferentes à pesquisa dos clássicos por uma beleza ideal e pela essência eterna das coisas. Se Édouard Manet tem um papel fundamental na gênese desse movimento, Claude Monet, por outro lado, é estritamente impressionista: sua tela “Impressão, sol levante”, que foi exposta em 1874, deu à crítica a oportunidade de forjar pejorativamente a denominação oficial dessa escola que mudou a percepção da pintura.

A atual mostra segue um percurso por temas como a “Vida Parisiense e Seus Atores” com retratos e autorretratos de pintores como Paul Cezanne além de personagens da vida parisiense. 

No segmento “Paris: A Cidade Moderna” o espectador apreciará famosas paisagens da cidade enquanto no segmento “Fugir da Cidade”, se destacam cenas dos arredores do centro urbano como Gauguin atraído pela Bretanha, antes de se aventurar pelo Tahiti. A exuberância da natureza na delicadeza das telas de Monet em captar com pinceladas ágeis seu famoso jardim com o lago das ninfeias emociona o observador, transmitindo um prazer inimaginável. 

Certas obras são um verdadeiro delírio, como a pintura “Moças ao piano” (1892), de Renoir, além, é claro, da tela de Edgar Degas “Dançarinas subindo uma escada”, um primor na execução e no enfoque da cena. Cada sala revela surpresas que encantam revelando uma visão de um mundo perdido no tempo.

Histórico

O Museu d’Orsay, em Paris, inaugurado em 1986 pelo presidente François Mitterand, instalado na Gare D’Orsay, antiga estação ferroviária de 1900, localizada na margem esquerda do Sena, reúne obras dos anos 1848 a 1914 abrangendo desde o final do romantismo passando pelo academismo, realismo, impressionismo, pós–impressionismo, simbolismo e o movimento dos nabis, profetas de uma nova expressão pictórica concebida no rastro de Gauguin, um acervo dos mais preciosos que ilustra fases revolucionárias da arte.


Extraído do sítio Panorama Brasil

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