6 de setembro de 2012

SÃO LUIS DO MARANHÃO: 400 ANOS DE HISTÓRIA - Heloísa Cestari


Oito de setembro de 1612. Os nobres Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière, e François de Rasilly, senhor de Rasilly e Aunelles, aportam no litoral nordestino e fundam a cidade de São Luís, em homenagem ao rei Luís 13. Nascia a única capital brasileira de pais franceses. Mas o domínio deles durou pouco. Três anos depois, a cidade voltou às mãos dos portugueses, que se encarregaram de deixar sua marca indelével no traçado original, de autoria do engenheiro Francisco Frias de Mesquita, e nos azulejos que revestem as fachadas do centro histórico. Passados 400 anos, muitas construções continuam ali, como testemunhas da mistura única de influências francesas, lusitanas, holandesas, indígenas e até jamaicanas na cultura maranhense. E é em meio a esse cadinho de tradições que o município assopra as velinhas sábado, ao som do `rei` Roberto Carlos.

A programação teve início no dia 1, com shows de Gilberto Gil e Tribo de Jah, e prossegue até o fim do mês, embalada por nomes do quilate de Ivete Sangalo, Rita Ribeiro, Alcione, Zeca Pagodinho, da Orquestra Sinfônica Brasileira e da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano (confira datas e horários no quadro ao lado). Todas as apresentações serão realizadas na Lagoa da Jansen, com entrada gratuita.

Já entre outubro e dezembro o destaque da calendário cultural ficará por conta das apresentações de artistas maranhenses em palcos montados no centro histórico de São Luís. A agenda é composta ainda pela 7ª Semana Maranhense de Dança, com espetáculo do Balé Bolshoi (Rússia), que tem como integrante a bailarina maranhense Bruna Gaglianone; o Prêmio Literário IV Centenário de São Luís e a Virada Gospel, entre outras atrações.

E as celebrações do quarto centenário não se resumirão apenas à agenda de shows desenvolvida pelo governo do Maranhão em parceria com o Convention & Visitors Bureau. Até o fim do ano, várfias obras de revitalização deverão ser entregues para anunciar novos tempos sem perder o semblante antigo que tanto atrai turistas ao centro histórico, ainda bastante deteriorado pelo descaso do poder público.

A lista de abrange ainda a entrega da primeira etapa da Via Expressa, do Jaracati ao Cohafuma, interligada à Avenida Jerônimo de Albuquerque; a abertura da Avenida Quarto Centenário, de 3,8 quilômetros; a recuperação do Estádio Castelão e a reinauguração da Biblioteca Pública Benedito Leite. Localizado no Centro, o prédio passou por reforma completa, ganhando instalações modernas, totalmente climatizadas, acessibilidade para pessoas com deficiência e acervo ampliado.

"Teremos uma agenda intensa de entrega de obras, que vão melhorar a vida da população", declarou a governadora Roseana Sarney. Para o ministro do Turismo, Gastão Vieira, acompanhar os 400 anos de São Luís é motivo de orgulho: "Tenho certeza de que a festa vai alegrar a cidade, atrair turistas e movimentar a economia".

COPA - O ministro adianta também que várias outras melhorias começaram a ser implementadas neste ano com vistas à Copa de 2014. Entre elas, destaca-se a restauração da antiga Fábrica de Tecidos Santa Amélia, do século 19. Tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o prédio será adaptado para abrigar cursos de Hotelaria e Turismo da Universidade Federal do Maranhão. O Museu de Gastronomia Maranhense, por sua vez, ocupará um sobrado do século 19, com 990 metros quadrados de área, localizado no centro histórico de São Luís.

A jornalista viajou a convite do Skal Brasil

SHOWS

Quinta (5): 20h - Orquestra Sinfônica Brasileira, com a participação de Turíbio Santos e de 20 artistas maranhenses, entre músicos, arranjadores, percussionista e orquestrador; 22h - Papete

Sábado (8): 19h - Roberto Carlos

Dia 15: 19h - Fabricia; 20h - Bicho Terra; 21h - Ivete Sangalo; 23h - Pepê Jr.

Dia 22: 19h - Rita Ribeiro; 22h - Zezé di Camargo e Luciano

Dia 29: 19h - Sindicato do Samba e Puxadores de Escolas de Samba; 20h30 - Alcione; 22h - Zeca Pagodinho

* Todas as apresentações serão realizadas na Lagoa da Jansen, com entrada gratuita.


VIAGEM AO PASSADO

Fundada por franceses, invadida por holandeses e transformada em poesia pelos portugueses a reboque da forte influência das tradições indígenas e africanas, São Luís apresenta cultura popular tão singular quanto seus Lençóis. Declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) em 1997, a cidade encanta o turista que passeia por seu centro histórico com o charme de suas fontes, escadarias e casarões azulejados em meio aos 3.500 prédios dos séculos 17 a 19.

A melhor forma de explorar os museus, lojinhas de artesanato e construções seculares da capital é a pé.


Comece a viagem ao passado maranhense com uma visita ao Teatro Arthur Azevedo, o segundo mais antigo do País. Erguido por comerciantes portugueses em 1817 seguindo o estilo plateia italiana, em forma de ferradura, o edifício recebia divas no século 19, mas ficou em ruínas a partir da década de 1960 até 1991, quando se iniciou a restauração que lhe conferiu novamente o esplendor dos tempos do ciclo do algodão. Observe os lustres de cristal, os camarins no alto e os detalhes neoclássicos em metais nobres. Se não puder assistir a um espetáculo, opte pelas visitas guiadas de terça a sexta, das 15h às 17.

Depois, siga até a Igreja Matriz da Sé, construída por jesuítas em 1690 e adaptada ao estilo neoclássico em 1922, na Praça Dom Pedro II. Observe o altar-mor talhado em ouro - relíquia barroca - e o retábulo, tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Pertinho dali, fica o Palácio dos Leões, uma das poucas construções herdadas dos franceses, que a construíram logo após a fundação da cidade, há exatos 400 anos, com o nome de Fort Saint Louis. Hoje o casarão abriga a sede do governo do Maranhão. É lá que a governadora Roseana Sarney (PMDB) despacha, decide os rumos do Estado e... mora. As alas residencial e administrativa, claro, são fechadas ao público, mas é possível vislumbrar como os nobres viviam naquela época fazendo uma visita guiada pelo segundo andar do palácio. A área - aberta de quarta a domingo, das 14h às 17h - abriga 1.300 objetos de arte, muitos deles trazidos da Europa, entre cristais, prataria portuguesa, porcelanas, tapetes franceses, telas de artistas renomados e gravuras do jornalista Arthur Azevedo. O passeio é gratuito, mas é preciso guardar a máquina fotográfica (é proibido tirar fotos do interior) e usar proteção de pés para não riscar nem sujar o piso.

Saindo de lá, é quase inevitável dar mais alguns passos à direita para conferir o belíssimo pôr do sol atrás do mar, a partir do antigo forte. Dá até vontade de torcer para que a noite demore a chegar.

Extraído do sítio Diário do Grande ABC

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