Herta Muller, Nobel de 2009. Foto de Miguel Nunes/ ASF |
Herta Muller, escritora, poetisa e ensaísta alemã, Nobel da literatura em 2009, está em Lisboa, Portugal. Convidada pela editora D. Quixote, aproveita a oportunidade para promover e lançar o mais recente livro, «Já então a raposa era o caçador».
Este é um romance que, tal como a maioria das obras que escreveu, se baseia nas experiências vivenciadas no período em que viveu na Roménia e lidou de perto com a ditadura de Ceausescu.
Mas não só de livros fala Muller. Gosta de abordar os temas da atualidade com a sensibilidade necessária, mas dura no discurso quando é preciso. Sempre com uma pitada de bom humor. Ora estando a Nobel em Lisboa, A BOLA aproveitou a rara oportunidade para trocar algumas ideias e experiências com a escritora nesta viagem à capital portuguesa. E até ficamos a saber que o primeiro dia não correu como esperado.
«Não vinha a Portugal há alguns anos. Ainda não tive a oportunidade de ver muita coisa. Olhe almocei no centro da cidade e roubaram-me a mala. Não foi uma experiência boa, mas não confundo os portugueses com profissionais do roubo», começou por dizer Herta Muller que, mesmo perante o insólito, relatou o episódio com um sorriso. É essa a imagem de marca. Sofreu demasiado na infância para agora perder tempo com «aborrecimentos».
A escritora alemã está a par das dificuldades que Portugal atravessa, mas não se atreve a emitir opinião sobre o caos financeiro e social do nosso país.
«Não sou perita em questões financeiras e não tenho um remédio milagroso que acabe com a crise. Não sei qual é a solução. Sei, sim, que os problemas da Europa não são financeiros, mas sim culturais», afirmou, dando um exemplo da realidade que foi obrigada a conviver quando decidiu sair da Roménia.
«Nasci na Roménia, mas esse já não é o meu país. Sempre critiquei o que achava estar mal e as minhas palavras nunca foram bem aceites. Os emigrantes são mal tratados. Perdi toda a confiança na Roménia», afirmou, garantindo que o prémio Nobel não alterou em nada as suas posições.
«Não mudei enquanto pessoa. Sou a mesma. Tenho as minhas opiniões e análises que jamais mudarei. Olhe, o que alterou na minha vida foi apenas o número de conferências e apresentações em que agora participo», afirmou, sorrindo enquanto espreitava a paisagem da Lisboa antiga com o Tejo em pano de fundo
E quem desejar saber mais da obra e vida de Herta, nada melhor que visitar a Biblioteca Municipal Camões, no Largo do Calhariz, em Lisboa.
Extraído do sítio A Bola
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