27 de setembro de 2013

PEQUENAS LIVRARIAS DE MOSCOU E SÃO PETERSBURGO APOSTAM NA QUALIDADE - Aliona Tverítina

Ponto de encontro de interessados em literatura, muitas dessas livrarias colaboram com editoras pequenas, cuja produção não se encontra nas grandes redes comerciais.

Livrarias funcionam ao mesmo tempo como clubes, salas de conferências e pontos de encontro de interessados em literatura Foto: PhotoXPress
Poucos metros quadrados, conceitos interessantes, muitos eventos culturais –as livrarias da nova geração deixaram de ser só lojas comerciais e se converteram em espaços de comunicação: são ao mesmo tempo clubes, salas de conferências e pontos de encontro de interessados em livros.

Atmosfera e variedade são condicionados aqui pelo gosto dos proprietários. Na maioria das vezes elas não vendem best-sellers –a preferência recai sobre livros menos lucrativos, mas de maior valor estético ou científico. Muitas dessas livrarias colaboram com editoras pequenas, cuja produção não se encontra nas grandes redes comerciais.

Ainda há uma década, os frequentadores deste tipo de estabelecimento eram, na sua maioria, boêmios e representantes da elite intelectual; hoje em dia, os seus visitantes pertencem aos mais variados círculos.

Promotoras do gênero são as populares livrarias moscovitas Projeto O.G.I. (1999-2012) e Falanster (funciona desde 2002), cuja influência se nota nas novas lojas. 

Novos serviços

A decoração da cadeia livreira moscovita Magic Bookroom –pequena, mas notável–, criada em 2009, manifesta a ligação óbvia com os livros de Lewis Carrol.

“Queríamos –e conseguimos, ao meu ver– criar um espaço livreiro informal, sem esnobismo e pomposidade, que fosse um nó cultural, para podermos falar sobre tudo aquilo de que nos falam os livros: ciências, artes, ofícios criativos e outras coisas”, contou à Gazeta Russa Chachi Martínova, cofundadora da cadeia e conhecida editora da capital.

A Magic Bookroom explora a área de entretenimento: além dos encontros com autores, palestras e workshops, aqui são organizados “dodo-jogos”, inspirados pelos contos de Carrol, bem como sessões de leituras.

A minúscula livraria Khodassevitch (inaugurada em 2012, xodacevich.ru) também propõe aos visitantes serviços interessantes. Aqui pode-se encontrar alfarrábios, remexer caixas com livros baratíssimos ou gratuitos e usar a loja como biblioteca: as assinaturas de dois meses, seis meses e um ano permitem o empréstimo de qualquer livro pelo prazo de até dez dias por apenas por 250 rublos (cerca de US$ 8) por mês.

“O preço médio de um livro novo é 400 rublos (cerca de US$ 12); durante um mês, é bem possível ler uns cinco livros –a vantagem do empréstimo é evidente”, considera Stas Gaivorónski, proprietário da loja.

Outro serviço da loja, o “Detetive Livreiro”, ajuda o leitor a garimpar as edições mais raras que existem no mercado. Segundo Gaivorónski, se um livro for difícil de encontrar, os custos do serviço rondam entre 1.000 rublos e 1.500 rublos (cerca de US$ 31 a US$ 46).

Entretenimento, busca livreira e um café acolhedor fazem parte da loja-clube Guiperion (hyperionbook.ru), que tem um clube irmão em Munique –o centro cultural russo GOROD, em que reina o mesmo clima. Neste ano letivo, Guiperion e GOROD planejam lançar um projeto conjunto na área de turismo educacional.

São Petersburgo

Em São Petersburgo, a primeira livraria de nova geração chama-se Poriadok slov (Ordem de Palavras, wordorder.ru), aberta em janeiro de 2010. Nas suas prateleiras pode-se encontrar muitos livros de não-ficção de boa qualidade. Em cartaz estão palestras e sessões de cinema, onde convidam-se realizadores e escritores intelectuais de renome.

Em 2011, num pátio ao lado da praça Dvortsóvaia, abriu as portas a livraria Vse svobódni (Todos Livres, vse-svobodny.com), com o ambiente de “biblioteca familiar petersburguesa”, como a denominam os criadores, Artiom Faustov e Liubov Beliátskaia.

“Fomos inspirados pela experiência da livraria Falanster”, conta Faustov. “Baseamo-nos nos mesmos princípios: primeiro, os livros não devem ser caros; segundo, nada de livros de mau gosto, nem que sejam muito procurados; terceiro, especialização em literatura e ciências humanas, que têm a ver conosco; quarto, independência.” Num anexo agradável, um seção de discos de vinil e uma sala de chá.

Em 2013, Artiom e Liubov abriram mais uma loja –a Mi (Nós, bookstore.org), em espaço outrora ocupado pela Casa de Livros Militares, uma das livrarias mais antigas de São Petersburgo. Segundo Faustov, “é a loja mais popular, baseada em livros infantis e de divulgação científica”.

A Casa de Livros Militares não conseguiu adaptar-se aos novos tempos e cedeu as suas instalações aos novos projetos. Entretanto, outra livraria de cadeia ainda sovética –Podpisníe izdánia (Edições por Assinatura)– transformou-se que nem o Fénix, pássaro mitológico que renasce das suas próprias cinzas. Atualmente, está entre os espaços livreiros mais interessantes de São Petersburgo.

“Mudamos os interiores por completo e triplicamos nossa oferta” relata Mikhail Ivanov, coproprietário da loja. “Focamos nos livros intelectuais e infantis, com edições em línguas estrangeiras, álbuns extravagantes de artes, design e moda.”

Há também uma cafeteria no local, e os discos de vinil proporcionam música de fundo e podem ser colocados por quem quiser.

Ultimamente, as livrarias da rede fizeram uma promoção especial: ofereceram livros de urbanismo e business a funcionários de várias entidades públicas.

“Queremos atrair a atenção deles para experiências inovadoras”, comenta Ivanov.

Novos pontos

Além dos projetos acima referidos, há muitos outros que se destacam: Tchitálka (Sala de Leitura, em gíria estudantil), Lávotchka détskikh knig (Lojinha de Livros Infantis), Tsiolkóvski, em Moscou; Svoí knigui (Livros Seus) e Books&More, em S. Petersburgo.

Extraído do sítio Gazeta Russa

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