10 de setembro de 2013

AUMENTO DE DIAGNÓSTICO DE DEPRESSÃO GERA ALERTA SOBRE REMÉDIOS - Roni Caryn Rabin

Precisão é baixa em consultórios em geral, levando a falsos-positivos.

Identificar a depressão é um grande desafio para os médicos

Ao longo das últimas duas décadas, o uso de antidepressivos disparou. Atualmente, um em cada dez norte-americanos toma medicação antidepressiva; entre as mulheres na faixa dos 40 e 50 anos, o número é de um a cada quatro.

Os especialistas citam vários motivos para isso. A depressão é comum, e as dificuldades econômicas nos tornaram ainda mais estressados e angustiados. Há propagandas que promovem antidepressivos na televisão, e eles geralmente são cobertos pelos planos de seguros de saúde, mesmo que estes limitem os tratamentos psicoterápicos. Porém, um estudo recente sugere outra explicação: que a depressão está sendo diagnosticada em excesso, em uma escala extraordinária.

O estudo, publicado em abril no periódico “Psychotherapy and Psychosomatics”, revelou que quase dois terços de uma amostra de mais de 5.000 pacientes que tinham recebido diagnóstico de depressão nos últimos 12 meses não satisfaziam os critérios de classificação de um episódio depressivo grave, tal como descrito pela bíblia dos psiquiatras, o “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais”.

A pesquisa não foi a primeira a descobrir que os pacientes frequentemente recebem diagnósticos “falsos-positivos” de depressão. Várias análises anteriores relataram que a precisão diagnóstica é baixa em consultórios de clínica geral, em grande parte porque a depressão grave é bastante rara nesse contexto.

Os idosos mostraram maior propensão para receber esse diagnóstico, revelou o estudo mais recente. Seis dos sete pacientes de 65 anos ou mais que receberam diagnóstico de depressão não se encaixam nos critérios. Pacientes com nível de instrução mais alto e aqueles com problemas de saúde se mostraram menos propensos a receber um diagnóstico impreciso.

Contínuo. A maioria dos indivíduos diagnosticados com depressão, com ou sem motivo, recebeu medicação, disse o principal autor do estudo, Ramin Mojtabai, professor associado da Escola Johns Hopkins Bloomberg de Saúde Pública.

A maioria das pessoas continua a tomar os medicamentos – que podem ter vários efeitos colaterais – por pelo menos dois anos. Alguns os tomam por pelo menos uma década.

“Não se trata apenas de os médicos estarem prescrevendo mais. A população tem pedido mais medicamentos. Sentimentos de tristeza, o estresse da vida diária e problemas de relacionamento podem causar sentimentos de perturbação ou tristeza que podem ser passageiros e não durar muito tempo”, relata.

Por outro lado, no ano passado, a Faculdade Holandesa de Médicos de Clínica Geral recomendou que seus membros prescrevessem antidepressivos só em casos graves e, em vez disso, oferecer tratamento psicológico e outras formas de apoio na vida cotidiana. Autoridades observaram que os sintomas depressivos podem ser uma reação normal, passageira, de decepção ou perda.

* Originalmente publicado no The New York Times.

Extraído do sítio O Tempo

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