11 de fevereiro de 2012

QUEM MORRE? - Martha Medeiros

Aenne Biermann - Paris, 1929

Morre lentamente 
quem se transforma em escravo do hábito, 
repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca 
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece. 

Morre lentamente 
quem faz da televisão o seu guru. 

Morre lentamente 
quem evita uma paixão, 
quem prefere o negro sobre o branco 
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, 
justamente as que resgatam o brilho dos olhos, 
sorrisos dos bocejos, 
corações aos tropeços e sentimentos. 

Morre lentamente 
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, 
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, 
quem não se permite pelo menos uma vez na vida, 
fugir dos conselhos sensatos. 

Morre lentamente 
quem não viaja, 
quem não lê, 
quem não ouve música, 
quem não encontra graça em si mesmo. 

Morre lentamente 
quem destrói o seu amor-próprio, 
quem não se deixa ajudar. 

Morre lentamente, 
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte 
ou da chuva incessante. 

Morre lentamente, 
quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, 
não pergunta sobre um assunto que desconhece 
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe. 

Evitemos a morte em doses suaves, 
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior 
que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos 
um estágio esplêndido de felicidade. 

Extraído do sítio Poeta Morto do Sapo 

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