13 de fevereiro de 2013

BRASILEIROS COMPRAM TERRAS PARA PRODUZIR VINHO NA ARGENTINA - Marcia Carmo

As terras em Mendoza, no oeste da Argentina, são conhecidas pelo bom vinho

O desejo de produzir seu próprio vinho levou um grupo de brasileiros a comprar terras em um dos centros de produção da bebida na Argentina, aproveitando as vantagens oferecidas por uma vinícola local.

Há menos de um ano, a vinícola O. Fournier, da província de Mendoza (oeste do país), colocou a venda um total de 158 hectares (cerca de 1,6 milhão de metros quadrados) em terrenos para pequenos produtores.

De acordo com o dono da vinícola, o espanhol José Manuel Ortega, dos 22 terrenos à venda, 18 foram comprados por brasileiros.

Segundo ele, o perfil desses empreendedores brasileiros é de pessoas de "alto poder aquisitivo, discreto” e interessadas “em produzir e colher o vinho com a família". Em alguns casos, disse Ortega, esta produção seria com "objetivo empresarial" e, em outros, "por prazer".

Parceria

O empresário espanhol ressalta que as regalias que ofereceu aos compradores tornaram o negócio mais atraente aos brasileiros e demais interessados em se tornarem vinicultores.

O comprador das terras ganha o direito de produzir seu próprio vinho com as uvas que colher. Porém, as uvas que superarem sua meta de produção são usadas para pagar pela infraestrutura que a O. Fournier oferece a ele.

"Nós entramos com tratores, barris e outros itens da produção e da manutenção porque o objetivo é que os amantes dos vinhos tenham o produto com seu gosto e sem precisar gastar milhões de dólares na contratação de pessoal e material", afirmou Ortega.

Segundo ele, o processo entre a plantação e a colheita dura dois anos e cinco meses, e a previsão é que os primeiros vinhos fiquem prontos em 2014.
Prazer em família

Segundo dados do governo local, os brasileiros estão entre os principais turistas estrangeiros em Mendoza, considerado o epicentro das vinícolas na Argentina.

Muitos dos investidores brasileiros estiveram ali de férias antes de decidirem entrar no negócio de vinhos no país vizinho, disse um dos clientes de Ortega.

Brasileiros foram atraídos pelas vantagens de comprar as terras na Argentina

O empresário Christian Burgos disse que decidiu comprar a terra pelo prazer de produzir o próprio vinho e compartilhar a experiência com a família.

"Para todo mundo que gosta de vinho chega um momento em que se quer produzir seu próprio vinho. No ano passado, já escolhi a uva e fizemos a plantação e vou fazer a colheita e a produção com a família", disse Burgos à BBC Brasil.

Ele contou que conheceu a proposta em uma viagem a Mendoza e que, com a mulher, também apaixonada por vinhos, decidiu fazer o investimento.

"Ter uma vinícola como negócio significa abandonar meus negócios, o que não está nos meus planos. Mas me atraiu a possibilidade de comprar esta participação e fazer um vinho com meu gosto que vou tomar com a família e levar de presentes para os amigos e parentes no Brasil."

"Meu plano é simples, vender as uvas para a própria vinícola para custear a manutenção da propriedade e vou produzir o vinho para presentear meus amigos e família no Brasil", reiterou. A uva símbolo de Mendoza é a Malbec, que será também a base do vinho pessoal do empresário brasileiro.

Segundo ele, a produção, em seu terreno, será em torno de três mil garrafas por ano e de "alta qualidade". Pelos seus cálculos, em setembro de 2014, ele e a mulher estarão "tomando o primeiro copo" do vinho particular.
Azeite

O interesse de brasileiros por investimentos em Mendoza não é novo. A novidade é a atração por fabricar o vinho ao seu sabor e medida.

Em 2008, o site Winesur informou que empresários brasileiros, italianos e argentinos formaram uma sociedade para produzir vinhos e azeites voltados para a comercialização local e internacional.

Entretanto, a Bodegas de Argentina (Câmara empresarial que reúne as produtoras de vinho e suas indústrias no país) informou que, das 265 vinícolas instaladas nas oito províncias produtoras de vinhos do país, apenas uma é de sócios brasileiros - a Finca Don Otaviano, em Mendoza.

Nos últimos anos, o vinho – e, em menor escala, o azeite – passaram a ocupar novos espaços na economia argentina.

Em Buenos Aires e em Mendoza, por exemplo, surgiram hotéis temáticos que incluem cursos da bebida e adega própria para os hóspedes nos quartos.

Na Argentina, o vinho, além de ser uma atração turística, é tema de debates, de concursos internacionais de especialistas.

"O vinho atrai consumidores e especialistas masculinos e femininos porque ele toca a nossa própria sensibilidade", disse a socióloga argentina María Josefina Cerutti, com especialização em vinícolas.

Extraído do sítio BBC Brasil

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