6 de fevereiro de 2013

AS VEIAS ABERTAS DE EDUARDO GALEANO - Pedro de La Hoz


O uruguaio Eduardo Galeano recebeu a notícia de sua proclamação como Prêmio ALBA das Letras correspondente a 2012, poucos dias depois de ter lançado, no Chile, seu mais recente livro Os filhos dos dias e de publicar o artigo A demonização de Chávez, em cujo primeiro parágrafo escreve: “Hugo Chávez é um demônio. Por que? Porque alfabetizou dois milhões de venezuelanos que não sabiam ler nem escrever, apesar que morarem num país que tem a riqueza natural mais importante do mundo, que é o petróleo”.

Tais circunstâncias retratam o homem melhor que uma detalhada biografia ou uma relação de seus trabalhos literários. Antes e depois de ter escrito As veias abertas da América Latina, Galeano fez causa comum com as realidades, os sonhos e as esperanças do continente, que vão desde a reescrita da história até a mais imaginativa fabulação. Nessa tarefa foi explícito: “Sou um escritor que gostaria de contribuir ao resgate da memória sequestrada da América toda mas, sobretudo, da América Latina, terra desprezada e entranhável”.

Quando da aludida publicação de seu livro no Chile, respondeu a um jornalista; “A história da América Latina é a história do despojo dos recursos naturais, e nisso não errou As veias..., já que é um livro que descreve muito bem o processo de esvaziamento. Temos que saber cuidar os recursos naturais. Não temos que entregar a natureza às fauces abertas do sistema de poder que engole tudo o que se aproxima. O sistema capitalista come tudo o que encontra. Inclui uma ideologia, uma moral, uma concepção da vida e das coisas que é perigosa para o gênero humano e para o planeta que habitamos”.

Essas palavras poderiam ser ditas em quaisquer dos espaços da 3a.Conferência Internacional Pelo Equilíbrio do Mundo, onde se divulgou a notícia do Prêmio para Galeano, enquanto corresponderem com o ideal martiano e a agenda que reafirma a vigência de seu pensamento.

Os Prêmios ALBA em suas duas vertentes, as Artes e as Letras, promovidos pelo Fundo Cultural da Aliança Bolivariana dos Povos da Nossa América e que reconhecem extraordinárias trajetórias intelectuais e criativas vitais para os povos da região, foram entregues ao arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer e ao escritor uruguaio Mario Benedetti em 2007; ao cineasta boliviano Jorge Sanjinés e ao poeta cubano Roberto Fernández Retamar em 2009; ao trovador cubano Silvio Rodríguez e ao escritor venezuelano Luis Britto García, em 2010.

Extraído do sítio Granma

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