1 de novembro de 2011

VITIVINICULTURA NO SUL DE SANTA CATARINA

O sul do Estado de Santa Catarina desponta para a vitivinicultura. Entretanto, ainda aquém do seu real potencial, resultado do seu processo de colonização. Neste sentido, é dever da Universidade primar pelo desenvolvimento regional, respeitando, sobretudo, os valores atrelados à cultura e, por conseqüência, à agricultura familiar. 

Sendo assim, em 2006, iniciou-se um estudo para a implantação da vitivinicultura junto às comunidades vizinhas da região de Braço do Norte, sul do Estado Catarinense. Na ocasião, técnicos italianos, juntamente com engenheiros agrônomos da Unisul, visitaram propriedades, analisaram o solo e as características do plantio de cada proprietário.

A ação gerou um relatório que constatou inúmeros potenciais de melhoria e de otimização das plantações, desde variedades que poderiam ser introduzidas até a forma de condução dos parreirais.

Para iniciar os trabalhos de assistência às famílias, inicialmente os técnicos brasileiros foram à Itália e lá realizaram uma especialização que durou cerca de 45 dias, divididos em 3 etapas, onde puderam aprender desde as técnicas de produção de enxertos, até as características de cada cultivar e todo o sistema de poda, adubação, manutenção, colheita e, por fim, vinificação.

Além de compartilharem conteúdos e experiências, os técnicos retornaram para o Brasil com cerca de duas mil mudas de 20 diferentes variedades. A doação foi realizada pela Província de Treviso e do viveiro Rauchedo. As mudas de videira foram plantadas na UNISUL e em outros dois proprietários que se comprometeram em realizar o plantio e condução da coleção. Desta forma, iniciaram-se os primeiros trabalhos de pesquisa, e também as primeiras demonstrações de que uma mudança significativa era possível e necessária.

A formação de uma coleção experimental serve para orientar os agricultores que buscam uma melhoria de seu cultivo e ao mesmo tempo é fonte inesgotável de pesquisas e de demonstração de formas de manutenção dos parreirais.

No final de 2009, houve a primeira produção passível de vinificação. Assim, em parceria com a EPAGRI, foram engarrafados os primeiros vinhos, da variedade, que já pode demonstrar o seu potencial, sobretudo, de pesquisa aplicada e sustentável.

Este ano, a expectativa é aumentar a produção e, consequentemente, publicizar mais este relevante compromisso da universidade com as comunidades onde atua. [extraído do sítio da UNISUL]

*****
Unisul lança vinho próprio

Foi lançado nesta quarta-feira (21) o primeiro vinho elabora pela Unisul. O evento ocorreu na Unidade de Braço do Norte.

“Um vinho com tom amarelo, um pouco dourado. Diferente dos vinhos brancos que estão na nossa região. Não tão encorpado e nem tão leve. Uma variedade bem particular. É um vinho que tende a lembrar o araçá e a erva doce, sabor frutado. É bem forte na hora que a gente engole e bem leve na hora que sentimos. Deixa um sabor indescritível na boca”, foi assim que Estevan Arcari, Enólogo e representante da Epagri de Urussanga, descreveu o vinho produzido pela Unisul, elaborado a partir de uvas viníferas cortese. O evento, de degustação e apresentação do primeiro vinho produzido pela universidade, aconteceu nesta quarta-feira (21) na unidade de Braço do Norte.

Para o Reitor da Unisul, Ailton Nazareno Soares, esse foi mais um sonho conquistado. “Hoje é um dia onde eu venho com muita emoção me comunicar com vocês. Anos atrás, onde tudo começou, nós éramos uma instituição que só tinha um sonho: tornar tudo realidade. E hoje aqui, nós temos os resultados: uma primeira amostra de uma primeira etapa. A Unisul não vai ser uma produtora de vinho, o que queremos é nos tornar a melhor universidade de pesquisa da região”, retifica.

A Vitivinicultura faz parte do Projeto de Formação do Turismo Enogastronomico (ForTE). Hoje, o estudo da produção da uva até a produção do vinho é um dos principais focos do ForTE. As uvas são provenientes do vinhedo experimental da instituição e vinificado na vinícola experimental da Epagri de Urussanga. O evento simbolizou a conclusão de mais uma etapa do Projeto Vitivinicultura da Universidade.

De acordo com o Gerente da Unidade Universitária de Braço do Norte, Gilmar Plá, esse é um trabalho de cinco anos, de valor incalculável. “Nós passamos por muitas etapas para chegar até aqui. Fomos visitar a Itália, conhecer o instituto de vitivinicultura, que foi a nossa base. O projeto aumentou sua visibilidade, incorporando outras universidades junto a ele. E hoje estamos aqui. E é de extremo interesse que nosso projeto não fique nessa unidade, mas que ele abranja um patamar maior. Estamos orgulhosos e é difícil descrever a nossa gratificação”.

Durante o evento, o projeto foi apresentado para as autoridades e imprensa presente. Juliano Cesconeto, Agrônomo Pesquisador e um dos integrantes do projeto, foi o mentor da apresentação. Cesconeto explicou desde o processo de estudo na Itália até a produção do vinho e quando foi engarrafado. “Essa foi a nossa mudinha plantada, queremos dar continuidade a esse projeto e temos muitos objetivos em vista. Queremos obter muitas outras conquistas ainda”, completa.

Após a apresentação, o Reitor foi o primeiro a degustar o vinho da Unisul. O evento encerrou com a apreciação de todos e o orgulho de quem faz parte do projeto. Em seguida, foi oferecido um coquetel aos convidados.

Entenda o projeto - Começou em 2001 com ida de professores da Unisul para a Itália, vislumbrando a possibilidade de formar um Núcleo de Pesquisa e mais tarde um Instituto de Vitivinicultura na Universidade. Mas o projeto tomou força em 2006, com a ida novamente a Itália e a concretização de acordo de cooperação técnica com a região do Vêneto. A Unisul recebeu duas mil mudas e a oportunidade de levar técnicos para treinamento na região e receber técnicos anualmente para acompanhamento. 

Dentre as cultivares, que ainda hoje estão sendo testadas na Unisul de Braço do Norte e em produtores parceiros em Tubarão e Urussangua, há vinte variedades. A cortese, por ter um hábito mais precoce, já teve uma produção suficiente para o vinho, que foi lançado nessa quarta. Segundo Juliano Cesconeto, Engenheiro Agrônomo responsável Técnico pelo Projeto, além da cortese, outros tipos também estão sendo avaliados para ver o potencial tanto de adaptação a campo, como para produção de vinhos de espécies européias (produção de vinhos finos).

O intuito do projeto é ver a capacidade de produção dessas variedades na região, possibilitando aos agricultores mais uma opção de atividade rentável para pequenas propriedades. “Outras quatro variedades, num total de 400 plantas, estarão sendo implantadas ainda em 2009 para aumentar as opções de cultivo na região”, explica Juliano. [artigo de Wanderlei Salvador, extraído do sítio O Barriga Verde]